Espião Chinês recrutava informantes americanos através do LinkedIn

Espião Chinês recrutava informantes americanos através do LinkedIn

Ele disse em tribunal americano, que procurava pessoas "insatisfeitas com o trabalho" e em "dificuldade financeira"
#Tecnologia Publicado por Allan Kardec, em

Um homem natural de Cingapura, Jun Wei Yeo, se declarou culpado em um tribunal americano e confessou ser um "agente ilegal de uma potência estrangeira" (China). Jun foi acusado de espionar americanos para obter informações sigilosas e privilegiadas.

Jun foi recrutado em 2015 por um grupo de pessoas que afirmavam trabalhar em um think tank chinês e que lhe disseram que gostariam de contratá-lo para que escrevesse "análises políticas". Mais tarde, eles especificariam do que o trabalho na verdade se tratava: a coleta de informações sigilosas e privilegiadas.

Rapidamente Jun Wei trabalhando para agentes da inteligência chinesa e, ainda assim, deliberadamente manteve contato com eles, conforme consta em seu depoimento. Durante algum tempo, sua área de "pesquisa" foram os países do sudeste asiático, até que lhe pediram que voltasse suas atenções ao governo americano.

De acordo com os documentos divulgados pela Justiça americana, o então estudante de PhD se encontrou com as pessoas que o haviam recrutado em dezenas de locais diferentes na China. Em uma das reuniões, ele foi incumbido de obter informações sobre o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, sobre inteligência artificial e sobre a guerra comercial entre as duas potências.

O ex-secretário permanente do Ministério de Relações Exteriores de Cingapura Bilahari Kausikan disse não ter dúvida de que "Dickson sabia que estava trabalhando para o serviço de inteligência da China". Segundo ele, Jun era um "instrumento involuntário".

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LinkedIn

O LinkedIn, a rede social para relações profissionais foi um dos instrumentos utilizado poe Jun, que abordava seus alvos através da rede, já que ex-funcionários do governo, do Exército e empreiteiros costumam compartilhar uma parte relevante de seu trabalho na busca por novas oportunidades profissionais. Isso acaba sendo um prato cheio para agentes de inteligência de outros países.

Isso ocorre pois a plataforma é uma das poucas ocidentais que opera com informações do tipo, que não são bloqueados na China.

Em 2018, o diretor do Centro Nacional de Contrainteligência e Segurança dos Estados Unidos, William Evanina, alertou que a plataforma vinha sendo usada pelo país asiático para recrutar espiões.

Kevin Mallory, um ex-agente da CIA condenado a 20 anos de prisão no último mês de maio após vazar documentos militares secretos a um agente chinês, foi abordado pelo LinkedIn. Em 2017, um agente da inteligência alemã afirmou que agentes chineses haviam usado a rede social para entrar em contato com pelo menos 10 mil alvos potenciais na Alemanha.

Jun Wei pagava a alguns dos seus contatos na rede para que escrevessem relatórios para sua empresa de consultoria, batizada com o mesmo nome de uma companhia renomada no mercado. Uma vez em suas mãos, as informações eram então enviadas a seus contatos chineses.

Uma das pessoas que ele contatou trabalhava no programa da Força Aérea americana para construção do caça F-35 — e admitiu que vinha passando por problemas financeiros. Outra era um oficial do Exército que trabalhava no Pentágono, a quem o espião pagou pelo menos US$ 2 mil (cerca de R$ 10,5 mil) para escrever um relatório sobre como a retirada de tropas americanas do Afeganistão impactaria a China.

Jun Wei acabava sendo ajudado nas buscas pelo próprio algoritmo do LinkedIn, que lhe sugeria contatos semelhantes aos perfis que ele visitava. Conforme os documentos judiciais, o espião era aconselhado a procurar por profissionais de estivessem "insatisfeitos com o trabalho" ou "em dificuldade financeira".

O uso do LinkedIn é uma ousadia, mas não chega a ser uma surpresa, diz Matthew Brazil, coautor de Chinese Communist Espionage: An Intelligence Primer ("Espionagem Comunista Chinesa: uma Cartilha sobre Inteligência", em tradução livre).

"Acho que agentes de vários países provavelmente usam a plataforma para procurar fontes de informação", ele afirma. "Porque é de interesse de todo mundo que está no LinkedIn compartilhar dados sobre a carreira — e isso acaba sendo uma ferramenta valiosa."

Jun não parece, entretanto, ter conseguido ir tão longe quanto seus recrutadores esperavam. Em novembro de 2019, ele viajou aos EUA com instruções para que convertesse um oficial do Exército em uma "fonte permanente de informação", de acordo com seu depoimento. Ele foi preso, entretanto, antes que pudesse entrar em contato com o alvo.

Allan Kardec
Allan Kardec #okardec

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