Análise | Grounded

Grounded é um jogo de sobrevivência feito por um estúdio bastante focado em RPG, a Obsidian Entertainment. Após a compra do estúdio a Obsidian trabalhou simultaneamente em projetos menores e maiores, sendo que Grounded era um desses menores e sequer era algo do tipo que o estúdio já estava acostumado a trabalhar.

O jogo foi feito por um time bem pequeno, principalmente se compararmos com o crescimento do estúdio após pertencerem ao Xbox. Mas focando no conteúdo do jogo, ele trás uma proposta bem interessante e que conseguiu chamar a atenção de muitos. Confira logo abaixo um pouco do porquê disso.

Vale mencionar que minha percepção sobre o jogo é baseada em uma atualização após o lançamento do jogo que ocorreu em 2022, contendo novos conteúdos e melhorias de qualidade de vida (QoL).

Muitas vezes os jogos de sobrevivência sequer tem uma história sendo contada, pois decidem focar principalmente nas mecânicas que ele está proposto a entregar. No entanto, Grounded acaba entregando uma história para os jogadores que começam a jogá-lo, mas ela acaba sendo bem simples em todos os sentidos.

Em resumo o jogo aborda o encolhimento repentino de crianças em um jardim, sem explicar o motivo por trás disso. Por fim os jogadores assumem o controle dessas crianças, presenciando um matagal gigantesco com vários insetos gigantes e as vezes menores que os personagens. O objetivo central é focado em entender o que aconteceu e tentar buscar uma solução para o encolhimento.

Apesar da base da história ser simples (e bem boba), o jogo introduz novos personagens para complementar essa campanha, sendo que alguns deles são divertidos e outros bem misteriosos. Além disso, o jogo não explica a história apenas por cinemáticas ou conversas com personagens, mas também através de textos, áudios gravados e a própria ambientação do jogo.

Focando na forma de contar a hitória pela "ambientação do jogo", se pensarmos bem, antes das crianças encolherem existiam pessoas e insetos modificando aquele jardim constantemente. E por conta disso eles incluiram diversos detalhes muito legais e que batem com que o que os outros meios de contar a história relatam. Citando como exemplo um spoiler nada grave:

A soma disso tudo meio que transforma uma história boba em algo mais interessante de acompanhar, mas principalmente por conta dos detalhes com a ambientação se encaixarem perfeitamente aos acontecimentos contados.

Agora levando em conta que o estúdio no geral tem um foco maior em RPG, eles até conseguiram surpreender ao trabalharem em um outro gênero. Grounded trás mecânicas bem habituais de outros jogos de sobrevivência como construir, se alimentar, fabricar itens e explorar. Mas ele também trás os seus diferenciais além de se passar no quintal de uma casa.

Abordando primeiramente a parte de fabricação de itens e construção, ela até se assemelha bastante a outros jogos. Os jogadores criam itens para conseguir progredir no jogo, seja para ficarem mais fortes ou para conseguirem novos itens. Já na parte de construções é basicamente a mesma ideia, porque o jogador consegue criar construções melhores e mais elaboradas confore progride no jogo e descobre novos recursos. No geral o jogo tem bastante recursos para se trabalhar por muitas horas, e que são bem bacanas.

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A necessidade de alimentação também é um recurso mais básico no jogo. Os jogadores podem suprir essas necessidades caçando insetos e os esquetando na fogueira, ou preparando refeições conforme avançam no jogo.

Agora falando das partes mais interessantes e de destaque do jogo, vou começar pela lista de mutações. As mutações no geral são usadas para dar benefícios aos personagens, como resistência a um tipo de dano, força com determinada arma, maior fôlego, velocidade de corrida, etc. Essas mutações são adquiridas ao realizar determinadas atividades, mas o jogo não explica quais são elas. Ao descobrir uma mutação, o jogador tem a possibilidade de escolher usá-la para benefício próprio e que as vezes pode ser usada de forma bem específica, como auxiliar a derrotar um inimigo que possui ataque venenoso através da resistência a veneno.

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Além dos benefícios das mutações, o jogo também distribui mais de 70 dentes de leite e mais de 40 dentes dourados pelo mapa. Os jogadores encontram esses dentinhos nos lugares mais absurdos possíveis, mas sempre é possível de obtê-los. Quando obtido, o jogador consegue melhorar certos aspectos do personagem, como aumentar a vida, vigor, redução da fome/sede etc.

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Outra parte que beneficia os jogadores são as pedras de evolução. Elas basicamente são usadas para evoluir os equipamentos de combate dos personagens, deixando-os mais fortes e em alguns casos atribuindo vantagens únicas.

E como explicado acima na parte de mutações, pedras de evolução e dentes, em ambos os casos é necessário bastante dedicação do jogador para explorar e descobrir novidades. Esse é outro ponto fantástico desse jogo, pois a exploração não se limita a apenas na parte visível do chão do jardim, mas existem túneis de insetos, áreas extremamente altas e esconderijos que sequer são vistos se não prestar muita atenção.

É bem interessante a sensação de recompensa que o jogo entrega ao explorar a grande maioria dos lugares. Geralmente o local terá desafios de "labirinto" e vários inimigos para lidar, mas como recompensa você descobre novos itens, conquista os benfícios citados anteriormente para ficar mais forte e tem a possibilidade de "liberar" novas áreas.

Em jogos de mundo aberto vemos as vezes um direcionamento muito grande para onde se deve ir, basicamente segurando a mão do jogador até o destino. Em Grounded isso é um pouco diferente, apesar de que o jogo entrega sim os pontos chaves para prosseguir na história. O diferencial dele é que, apesar de ter o ponto marcado no mapa, não é simplesmente seguir em linha reta e cumprir o objetivo. O jogo coloca vários "bloqueios" entre você e o objetivo, como por exemplo o destino final estar muito alto ou escondido. E a parte interessante e diverta é que ele não te explica como chegar lá, restando ao jogador explorar a área em volta e muitas vezes tendo que entrar em buracos, saltar plataformas ou criar construções para atingir o objetivo final.

Grounded também possui alguns desafios, seja em laboratórios ou distribuídos pelo mapa. Esses desafios não apenas testam a habilidade motora mas também a capacidade do jogador em criar recursos que o ajudem no desafio, seja criando poções, alimentos ou modificando os equipamentos.

Outra mecânica muito bacana e que tinha visto sendo mais usada em RPG's é a resistência e fraqueza de inimigos a determinados "elementos". Em Grounded os inimigos podem ter resistência ou fraqueza a Sal, Pimenta, Azedo e Fresco, além de fraqueza aos tipos de armas (cortante, perfurante etc). Isso dá uma dinâmica muito boa ao jogo e força o jogador a se adaptar, principalmente quando é um inseto mais forte e ele é resistente a tudo que o jogador tem disponível.

Ainda sobre o combate, ele é até simples mas funciona bem para sua proposta. O jogo pode ser resumido a usar uma arma, as vezes escudo, e lutar contra insetos. Porém o jogo possui uma mecânica de parry para dar mais dinâmica, já que quando o jogador consegue ter um bom tempo de resposta para executar essa ação ele é recompensado por isso. Um exemplo disso é que nem o personagem e nem o escudo sofrem dano quando é acertado um parry, além de ter chance de atordoar o inimigo.

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Tem pessoas que também montam "builds" no jogo por conta dos atributos que cada armadura e arma possuem. Ele não chega a ser um RPG em sua personalização, mas é possível maximizar certos aspectos dependendo da criatividade do jogador, como por exemplo:

1. Build que recupera muita vida ao dar parry perfeito;
2. Build que é focado em dano de veneno;
3. Build tank;
4. Build que maximiza o dano a distânica;

Sobre as lutas contra chefes insetos, infelizmente ele só possuía 2 deles disponíveis antes da última grande atualização. A luta contra eles e até o processo para conseguir iniciar o combate são sensacionais, além de que esses 2 chefes abrem mais um leque de opções para equipamentos.

O jogo em certas partes força um pouco a mecânica de plataforma para atingir determinadas partes do mapa. O problema é que vários deles são bem frustrantes por conta de o personagem facilmente quicar caso suba em uma superfície "errada", levando as vezes o jogador a cair de todo o percurso. Fazer isso usando a câmera em primeira pessoa (FPP) também não é muito agradável, mas não chega a ser um problema muito grave. O maior problema mesmo são as superfícies que te jogam de um lado para o outro sem chance de controle. O jogo trouxe melhorias para isso na última atualização em certos locais que realmente eram mais complicados, mas os outros que são mais simples de fazer a pessoa terá que realmente acostumar com essa mecânica.

Se tratando das músicas apresentadas pelo jogo, a grande maioria delas se encaixa perfeitamente com a ambientação. E as vezes cada momento específico de exploração ou combate possuem sua temática própria.

Mas uma parte negativa é que boa parte das músicas de combate são genéricas, ou seja, é a mesma para diversos insetos encontrados. Então acaba meio que sendo muito satisfatório e frustrante ao mesmo tempo, já que acaba existindo a comparação de uma música excelente para o combate de um inseto específico e com outros que possuem a música genérica.

Já na parte de som do ambiente, tudo parece muito bem pensado. O jogador consegue entender pelo som quais insetos estão ali perto, ou quando será o ataque de um inimigo etc. Sem contar que, apesar de o jogo ter uma temática bem infantil, o jogo consegue passar uma sensação meio sombria, principalmente quando um inimigo novo e gigante "grita" sem você notar a presença dele.

Os visuais são até bacanas para o jogo e bem condizentes quando abordados como um todo. Nada distoa. Porém algumas partes poderiam ser melhor trabalhadas, principalmente se tratando de um jogo da plataforma Xbox. No jardim conseguimos encontrar tanto insetos e artes bem feitas quanto um chão e personagens com textura mal feita. Apesar de no geral ser bem bacana de ver, ao passar por certos locais acabamos encontrando um pouco desses defeitos.

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Grounded veio com uma proposta que todos entenderam ser uma inspiração do "Querida, encolhi as crianças" ou algo do tipo. Porém ele consegue trazer diversos outros destaques dentro de si, deixando a parte de um "jardim gigante" apenas como algo que ajude a chamar a atenção.

O jogo também possui leves bugs além dos problemas mencionados, mas nada extremamente grave. Um deles mais recorrente é que os insetos, dependendo da superfície, acabam ficando presos. E outro é que a grama que o inseto moveu pode te jogar para longe e te matar. Com exceção disso não encontrei nenhum outro problema.

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E para encerrar, Grounded acaba sendo focado em pessoas que gostam mais do estilo sobrevivência ou tem muito interesse em exploração, porque muitas vezes os jogadores terão que passar um tempo coletando recurso, criando itens e também fazendo tentativas de matar um inseto forte até conseguirem. Mas de qualquer forma o jogo entrega uma experiência muito legal e bem recompensadora com as novas descobertas.

Disponível nas plataformas: PC e Xbox

Possui legendas e dublagem em português: apenas legendas