Jogos tradicionais e GaaS

Jogos tradicionais e GaaS

Diferentes pontos de vista para um mesma forma de entretenimento
#Artigos Publicado por Sr Ori, em

O modelo tradicional de jogos já está há um bom tempo ativo, seguindo um padrão bem consolidado e que grande parte dos jogadores já estão acostumados a conviver. Esse padrão se trata da venda única do jogo, ou seja, a empresa que o produziu lucra através dos jogadores comprando a cópia do jogo.

Nesse modelo a maior parte do rendimento financeiro vem das primeiras semanas desde que o jogo lançou, reduzindo consideravelmente o número de unidades vendidas ao longo do tempo. Até por conta disso existem as promoções para tentar vender mais cópias após o pico inicial de vendas.

Outro modelo que está sendo bastante comercializado hoje em dia é o Game as a Service, ou como alguns conhecem, GaaS. Esse modelo de negócio trabalha com o desenvolvimento de jogos como se fosse um serviço, ou seja, não lucra exatamente com vendas de cópias únicas. Seu foco está nas microtransações e que podem ser abordadas de diversas formas, mas todas elas visando prender a atenção do jogador por um longo período de tempo juntamente com seu dinheiro.

Basicamente são duas formas diferentes de monetizar em cima do entretenimento das pessoas e que estão sendo amplamente usadas hoje em dia. Muitos podem considerar um dos modelos um tanto quanto chato ou mercenário, mas é interessante abordar o ponto de vista dos dois e vendo o que eles trazem de bom para os jogadores. Pensando nisso, irei descrever alguns pontos baseado no que experimentei de jogos de ambos os modelos, além é claro de também poder exemplificar com as opiniões de pessoas próximas a mim nessa questão.

Jogos Tradicionais

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Esse modelo de jogos, como já mencionado, lucra através da quantidade de unidades vendidas. Por conta disso, o jogo não deve entregar apenas um marketing que convença o público, mas também tem que trazer uma experiência satisfatória e completa ao jogador.

Geralmente as pessoas que vi procurarem por jogos desse modelo tradicional é porque querem ter uma experiência completa de jogo. Alguns deduzem que essa "experiência completa" signifique necessariamente que o outro modelo (GaaS) entrega conteúdos incompletos, mas na verdade o que quero dizer é que essas pessoas buscam por um jogo que possua início, meio e fim. Muitos estão dispostos a apenas iniciar e terminar um jogo, e finalmente partir para um próximo que seja diferente do que estava jogando anteriormente. Dá para entender o lado das pessoas com essa preferência de não quererem permanecer jogando "para sempre" o mesmo jogo.

Um outro ponto de vista que vi bastante e se encaixa mais em relação as pessoas muito atarefadas/ocupadas no dia a dia, é que os jogos do modelo tradicional podem seguir o ritmo do jogador. Independente se a pessoa irá demorar um ano inteiro para terminar o jogo, ela terá a mesma experiência dos outros que terminaram antes o mesmo jogo. Esse modelo tradicional de certa forma é mais amigável para esse público.

Já os jogos que possuem como principal abordagem a história, provavelmente também terão maior qualidade e imersão quando vinculados ao modelo tradicional, porque o conteúdo virá completo (não terá conteúdo adicionado futuramente) e na maioria das vezes envolve apenas um jogador. Existem diversos jogos atuais que possuem tal foco, como God of War, AI The Somnium Files, Lost Judgment, Red Dead Redemption 2 e vários outros, que inclusive ficam marcados na memória de muitos jogadores por conseguirem entregar uma ótima história, design e desenvolvimento de personagens. Então para aqueles que gostam ou tem o foco total nesse tipo de conteúdo, é praticamente certo que irão preferir esse modelo.

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Vale lembrar que, apesar de muitos vincularem jogos multijogador ao modelo GaaS, não necessariamente eles são a mesma coisa. Jogos que não prendem o jogador por um longo período com seu conteúdo e não possuem algum tipo de microtransação podem ser considerados apenas multijogador comum, como por exemplo It Takes Two, Unravel 2 e os antigos Bomberman.

Pensando no lado extremo desse público que não gosta do formato de jogos GaaS, já vi casos em que eles tem a percepção desse modelo como forma de ganhar dinheiro fácil com conteúdo incompleto e forçar multijogador. Como eu acompanho vários jogos que monetizam dessa forma, percebo que nem sempre essa "regra" criada se encaixa, já que o GaaS além de ter que fazer sucesso de início com seu conteúdo base, ele também tem que se manter relevante ao longo do tempo. Não necessariamente esse modelo é mais fácil de lidar, apesar dele ser bem mais rentável quando consegue dar certo e provavelmente acaba dando essa impressão (ainda mais pela quantidade de empresas abraçando essa metodologia).

Jogos GaaS

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Esse modelo é um tanto controverso por não se limitar a um tipo de microtransação e pode ser extremamente predatório, mas dentre as opções disponíveis temos microtransações (cosméticos e itens), assinatura de serviço, Season Pass e Blockchain. Cada um desses é uma forma das empresas monetizarem e os jogadores acabam tendo que decidir por conta própria se é prejudicial ou não.

Mas focando no que esse público de jogos GaaS geralmente prefere, pelo que vejo e também por experiência própria, uma boa parte é por conta da interação e experiência multijogador longínqua, trazendo sempre novidades para os amigos ou outros jogadores se sentirem motivados a jogarem juntos, seja de forma cooperativa ou competitiva. Apesar desse conteúdo parecer um pouco com o que citei no tradicional, a parte do conteúdo novo e eventos sendo adicionados periodicamente fazem toda a diferença, tornando-se realmente um evento que muitos jogadores esperam ansiosamente para jogar. Citando Splatoon 3 como exemplo, a Nintendo avisou que teria uma Splatfest (evento dentro do jogo) com a temática do Pokémon Scarlet e Violet, o que motivou os jogadores a entrarem no jogo nos dias do evento.

Para alguns pode parecer estranho, mas para as pessoas que gostam desse modelo é bem normal passar jogando o mesmo jogo por anos, ao lado de conteúdos novos que são lançados periodicamente. As pessoas que conheço e que preferem essa forma de jogar geralmente não querem sair daquela experiência que já é familiar, talvez até por conta do tempo gasto para aprender mecânicas e sempre ter que acompanhar a evolução do jogo. Não necessariamente elas se sentem obrigadas a continuar no jogo por conta disso, mas é do próprio interesse delas.

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Em questão das microtransações, os jogadores desse modelo gostam e muitas vezes preferem gastar uma quantia de dinheiro com conteúdo do jogo que joga diariamente, ao invés de procurarem gastar com outros tipos de novas experiências. Já que a pessoa gasta boa parte do tempo se divertindo com aquilo, provavelmente ela irá gastar em algo complementar em algum momento e irá ficar satisfeita com isso.

Assim como o modelo tradicional, os jogadores de GaaS também possuem seu pensamento extremo. Já conversei com certas pessoas que se incomodavam com o jogo ter um início, meio e fim, e não viam diversão naquilo. Para elas se não tiver algum conteúdo pós-jogo, eventos periódicos ou multiplayer, não vale o tempo gasto. Então eles acabam se privando de novas experiências para se manter naquilo que já conhecem ou irão jogar por mais tempo com outras pessoas.

Concluindo

A parte interessante e que muitos não entendem é que em ambos os casos é possível ter momentos marcantes, cada um com a sua proposta. Em um jogo tradicional esse momento pode ser uma história, personagens, exploração mais densa ou uma luta contra um chefe. Em jogos GaaS a parte marcante pode ser uma interação especial com algumas pessoas, ter melhorado suas mecânicas para competir com outros jogadores ou eventos dentro do jogo que serão lembrados para sempre. Então não necessariamente está errada a preferência de cada um, porque a proposta é bem variada e a pessoa busca aquilo que a chama atenção, podendo inclusive gostar de ambos os estilos.

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Jogos incompletos e quebrados existem em ambos os modelos de negócio, assim como os bons jogos. O que podemos fazer é esperar algo de qualidade e criativo vindo das empresas, além é claro de selecionar bem o que jogamos, sempre buscando a diversão.

Obs: Apenas relembrado que o que foi descrito acima é apenas uma visão pessoal do que experienciei ao lado de outras pessoas que também gostam de jogar, mesmo que sejam gostos diferentes. Então a realidade pode não ser exatamente essa, mas pode ser algo para ao menos se refletir.

Sr Ori
Sr Ori #luhckaz100

Fã de yakuza e jogos que trazem experiências criativas e diferentes das que já tive.

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