A relação entre as Pessoas, Redes Sociais e Mídia ao abordarem o assunto de jogos

Com a maior facilidade de acessar a internet hoje em dia, as pessoas conseguem interagir com as outras com maior frequência, dedicar tempo com certos tipos de conteúdo e até mesmo obter informações de forma mais rápida (praticamente instantânea). Isso pode e provavelmente acaba influenciando as pessoas a terem um senso em comum e até a tomar certas decisões imediatas.

Um exemplo disso é o caso das séries que são lançadas em plataformas de streaming, como Netflix, HBO MAX e Disney+. Muitas pessoas assinam esses serviços e aguardam ansiosamente pelo episódio que irá lançar no dia, simplesmente para poderem estar atualizadas em relação ao conteúdo que todos irão comentar por pouco tempo. Claro que a pessoa pode estar realmente ansiosa para ver uma série que gosta muito, mas em boa parte dos casos o imediatismo pode refletir na vontade da pessoa conseguir acompanhar o "hype" do conteúdo.

No caso dos jogos não é muito diferente, onde as pessoas de uma comunidade e sites sempre buscam comentar sobre as novidades e criar uma emoção em volta disso. E isso está longe de ser errado ou algo do tipo, mas por algum motivo acaba criando a ilusão de que "todo mundo" está sempre jogando as novidades e possui todos os jogos.

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O caso do PlayStation 5 e Xbox Series X|S talvez possa ser considerado um exemplo disso, onde mesmo as pessoas já tendo um videogame anterior, não existindo tantos jogos assim para os novos videogames e ainda estar com falta de estoque por conta da pandemia, as pessoas tentaram de todas as formas conseguirem um dispositivo, independente da dificuldade de adquiri-lo e se o videogame já teria um jogo que gostasse. Então existe um certo impulso para as pessoas tentarem buscar pela versão mais nova, mesmo não sendo entusiasta ou sequer tendo algum jogo especial para ela e que está apenas naquele dispositivo. E as redes sociais contribuem para dar essa impressão de que a pessoa é a única que ainda não possui o videogame mais novo, dependendo é claro de onde essa pessoa frequentar.

Isso inclusive pode motivar as pessoas a se sentirem obrigadas a terem todos os videogames para jogar todos os jogos disponíveis, independente se ela vai ter tempo, dinheiro ou ânimo para isso. E quando digo todos os consoles não significa que ela não possa comprá-los para jogar os jogos que ela gosta de cada plataforma, mas pode se tornar um problema quando o direcionamento de jogos dela e a escolha da plataforma se baseia no que a comunidade sites recomendam e dizem ser "obrigatórios". A chance de se frustrar ou se forçar a gostar desses jogos direcionados pode acabar acontecendo.

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Um outro ponto que é relacionado ao imediatismo (quando ligado ao hype e não a preferência pessoal) é a vontade de ter o jogo no lançamento, mas esse é um ponto mais complicado de abordar. É difícil existir alguma mudança nessa parte não apenas por conta do público que mantém esse padrão de consumo, mas também porque as empresas que criam grandes jogos dependem do retorno financeiro imediato desse hype. Então por exemplo, mesmo que Elden Ring não fosse feito para todos os jogadores, parte do público abraçou pelo hype e a empresa foi beneficiada nisso.

A percepção se um jogo é bom ou ruim também pode acabar sendo influenciada baseado no que a mídia ou redes sociais dizem. Pode até existir um consenso de que faltou qualidade em determinado jogo, mas podem existir pessoas que se divirtam com o jogo por conta de certas mecânicas implementadas e que atendam aquela expectativa pessoal. Por conta disso as pessoas podem acabar evitando certos jogos "queimados", ou até mesmo não jogarem jogos menores/alternativos porque existem muitos jogos grandes que estão sendo mais comentados pelo público.

É interessante pensar que, até mesmo para jogos que ainda não foram lançados, o público consegue se mobilizar para hypar ou criticar freneticamente o jogo, e dificilmente mudando a opinião mesmo se após o lançamento o jogo surpreender (positivamente ou negativamente). Em certos casos as pessoas podem até acertar que um jogo foi "decepcionante" para o que esperava do hype, mas ao mesmo tempo criaram emoções com Cyberpunk 2077 que já se demonstrava suspeito nas suas divulgações antes do lançamento. É claro que as pessoas podem decidir gostar do que quiserem (inclusive desse exemplo de Cyberpunk 2077), mas parece um pouco problemático quando isso gira totalmente em torno do hype da comunidade.

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E por último mas não menos importante, também existe a parte da comunidade gamer que sempre acompanha as novidades e acaba criticando os jogadores que se dedicam muito tempo (ou até permanentemente) a um jogo apenas. Para boa parte dessas pessoas chega a ser muito estranho (para não dizer absurdo em alguns casos) a pessoa não ter jogado os últimos jogos do momento ou ao menos ter jogado os "maiores" jogos que o público e mídia definiram como maiores. Se parar para pensar bem, a pessoa que está dedicada a um único jogo por bastante tempo muito provavelmente está garantindo sua diversão com algo que ela gosta muito, não vendo necessidade em arriscar com outros jogos que podem decepcioná-la ou surpreendê-la. A pessoa pode até perder a sensação de novas experiências (o que varia de bom ou ruim dependendo da pessoa), mas ao menos ela se garante na diversão e que é função para a qual o videogame e os jogos foram criados.

E para concluir, só gostaria de mencionar que isso é uma perspectiva pessoal de como essa interação entre as pessoas e mídia funciona. É claro que existem as pessoas que realmente se divertem acompanhando as últimas novidades e se sentem motivadas pessoalmente para isso, o que é bem legal. Mas o importante no fim das contas é acompanhar o que prefere, seja de imediato ou não, e entender as suas limitações, seja financeira, gosto pessoal ou tempo disponível, porque a ilusão que as redes sociais trazem de ter que possuir todos os videogames novos e ter os principais jogos pode não ser tão divertido assim.