Análise | Tunic

Análise | Tunic

The Legend of Zelda + Dark Souls = Talvez o melhor indie de 2022!
#Games Publicado por Sr Ori, em

Tunic é um jogo de ação e aventura com visão isométrica (câmera vista de cima para baixo) e que lembra bastante The Legend of Zelda e Dark Souls em algumas de suas mecânicas e design de mapa. Feito por única pessoa, o jogo conseguiu trazer uma experiência bem interessante para os jogadores e de certa forma com uma dificuldade um pouco elevada, o que é bem legal para pessoas que gostam da dificuldade no combate e resolver quebra-cabeças complicados. Confira um resumo abaixo sobre o jogo, levantando seus pontos positivos e negativos.

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História

A história do Tunic é extremamente simples e quase secundária. Basicamente uma raposa acorda em uma ilha que não conhece e começa a explorá-la. Após encontrar um portão dourado, ela recebe uma visão de uma criatura que está aprisionada e parece precisar de ajuda, mas sem explicar de cara o porquê disso. A partir daí, apenas explorando o mapa e o compreendendo, diversos pontos da história são contados.

Essas pontos da história são contados majoritariamente através do que é mostrado no mapa, ou seja, sem cinemáticas e legendas para explicar qualquer coisa. Isso de forma alguma é algo negativo porque é possível entender o contexto com a exploração no jogo e a história não é complexa para existir a necessidade de outros elementos para explicá-la. O guia (que irei explicar mais afundo em seguida) também ajuda a compreender um pouco mais do contexto da história.

Um ponto interessante e que acredito que todos pensam ao ver o design desse jogo é que ele é algo "fofo", tanto na história quanto nos gráficos e mecânicas. Porém, conforme o jogador progride no jogo, a história fica bem bizarra e obscura, pois o jogador começa a descobrir o que está por trás de tudo que acontece na ilha. Essas descobertas foram uma surpresa bem positiva.

Exploração

O que falta de história o jogo compensa na jogabilidade, tanto que tenho que dividir os tópicos em exploraçãoe combate. Focando na parte de exploração do jogo, ela é praticamente fundamental se o jogador quiser obter bônus que o ajude nas batalhas e também para solucionar quebra-cabeças. Se a pessoa não gostar de buscar por tesouros e respostas percorrendo o mapa diversas vezes, talvez esse jogo não seja feito para o gosto dela.

Mas aprofundando mais nessa mecânica, logo no início o jogo não te dá nenhum item, nem mesmo para combate. O próprio jogador tem que tomar a iniciativa de procurar por seus recursos, sejam eles quais forem e onde estiverem. O jogo também não ajuda com descrição de itens (se quiser saber o que ele faz, teste...), não possui um mapa de fácil acesso e não te mostra para onde ir. Ele deixa como responsabilidade para o jogador descobrir o que fazer e como fazer, o que é bem diferente e mais interessante do que a indústria de jogos tem feito com boa parte de seus títulos.

No entanto, o jogo não te deixa totalmente cego na questão do que fazer e como fazer. Conforme o jogador explora o mapa ele irá encontrar alguns pedaços de papéis que são partes de um guia geral do jogo, como se fosse uma enciclopédia. As páginas desse guia mostram muitas das coisas que são possíveis de serem feitas, ajuda na solução de alguns quebra-cabeças, mostra os mapas, contextualiza a história e explica alguns itens. A pessoa que jogar esse jogo e não utilizar a internet para pesquisar soluções, irá utilizar esse guia como se a vida dele dependesse disso, porque realmente possui muitas informações importantes.

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Porém o guia não é tão fácil de compreender logo de cara, o que também acaba dificultando o jogo no geral. Apesar do Tunic possuir suporte a centenas de línguas, boa parte das descrições do jogo são feitas em uma língua desconhecida, inclusive supostas instruções do guia. Então o jogador facilmente irá passar um tempo pensando "o que aquela imagem está querendo dizer para eu fazer?", porque as imagens e algumas palavras traduzidas serão o ponto chave para descobertas futuras. Então o jogador terá que observar imagens e pequenos textos e assimilar com coisas que ele viu pelo mapa, fazendo assim algumas tentativas até conseguir solucionar o problema. Apenas uma observação de que o jogador pode fazer tudo desde o início sem a necessidade de procurar páginas do guia, o que limita o jogador é ter o conhecimento para fazê-lo.

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Outra parte interessante da exploração é que em alguns momentos o jogador irá encontrar atalhos para algumas áreas e que são abertas desde o início, não necessitando de habilidades específicas. Porém, geralmente eles só serão encontrados após percorrer um longo caminho. Esses atalhos são escondidos pela posição da câmera (isométrica), mas alguns chegam a ser tão absurdos que é possível ver a raposa andando longas distâncias atrás de um terreno (montanha, construções, solo etc). Eles são tão bem escondidos e estranhos que só existem duas formas de encontrá-los, ou o jogador passa pelo maior caminho e volta pelo atalho, ou ele anda o jogo inteiro esbarrando em paredes e estruturas em volta. Isso, quando descoberto, acaba sendo uma mistura de surpresa e raiva pois poderia ter economizado tempo e recursos, mas de certa forma é uma experiência bem interessante e divertida.

Também semelhante a alguns jogos, diversas áreas só podem ser acessadas caso a raposa tenha um item específico em mãos, e é claro que esse item é obtido em alguma parte escondida do mapa. Cada item não serve apenas para dar acesso em mais áreas do mapa, mas também podem ser usados para combate caso o jogador queira. Além desses itens que são fixos existem os que são consumíveis, que podem ser encontrados ou comprados, e as passivas que o jogador pode escolher como quiser, mas apenas caso ele as ache espalhadas pelo mapa.

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Combate

Focando agora na parte do combate, ele é até bem simples e desafiador assim como em outros jogos. Em Tunic a raposa possui 3 atributos, o HP que é a vida da personagem, MP para utilizar algumas magias de seus itens e o SP que a permite defender e rolar. Baseado nesses atributos, a raposa terá que conciliar ataques, defesa e esquiva de forma que consiga derrotar os inimigos sem ser derrotada antes. O jogo permite que o jogador utilize 3 slots para armas ou consumíveis à vontade, além ter poções de cura que não ocupam espaços.

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Diferente de alguns jogos que apenas bater importa porque os inimigos são sacos de pancadas, nem todos os monstros encontrados no mundo de Tunic são dessa forma. Após alguns ataques eles irão contra-atacar ou logo de cara vão defender a sua tentativa de ataque, sendo necessário muitas vezes descobrir como quebrar a guarda desses inimigos. Além disso, a esquiva e defesa são extremamente importantes para o jogo, principalmente aprender a conciliar qual das duas será melhor utilizada em cada situação e também a utilizar no tempo certo.

Falando em inimigos, o jogo possui uma variedade bem legal de monstros e que mudam conforme a área em que o jogador está. Cada um deles possui uma dificuldade, habilidades e forma de combater diferente, e morrer diversas vezes para alguns pode parecer necessário até que o jogador aprenda a lidar facilmente com eles.

Outro recurso para combate e que está bastante ligado a exploração são as moedas que são encontradas em alguns tesouros ou derrotando monstros. Essas moedas são algo um pouco semelhante a franquia Dark Souls, onde ela é importante para conseguir alguns itens consumíveis e evoluir a personagem. Ao ser derrotado em algum combate, a raposa volta no último ponto salvo e deixa sua alma no local da morte com algumas moedas perdidas, mas que pode ser recuperada caso o jogador volte lá e a busque sem morrer no caminho.

E é claro que o jogo teria chefes para derrotar, sendo as vezes bem difíceis até pegar o jeito de combatê-lo. Apesar de eles terem um conjunto de ataques definidos, muitas vezes só é possível evitar o ataque esquivando na hora certa e, caso o ataque acerte, a raposa perde bastante vida. A repetição no caso desses monstros maiores é algo que o jogador terá que passar de qualquer forma, mas acaba sendo uma batalha bem épica por causa do tamanho dos inimigos e o peso de seus ataques. Entretanto, senti que os itens mágicos não foram muito úteis em algumas batalhas contra esses chefes (principalmente no último), pois parecia que faltava uma variedade maior para deixar mais dinâmico o combate. Mas no geral, os chefes e seu crescimento gradual na dificuldade os tornam bem memoráveis a cada vitória, sendo lembrados por conta de seus ataques, design e dificuldade.

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Audiovisual

As músicas tocadas em Tunic não são tão memoráveis ao ponto de parar em áreas do jogo para apreciar, mas elas conseguem transmitir uma boa noção de como é o lugar em que a raposa está se metendo.

Por outro lado, os sons que o jogo reproduz como utilização da espada, ataques de chefes, som da morte e diversos outros que são ouvidos durante a jornada são muito característicos e memoráveis. Isso muda totalmente o jogo, dando peso a combates, mortes, vitórias e descobertas.

O visual do jogo é bem simples mas consegue ser bem bonito em todos os lugares do mapa em que percorri. Tanto o visual estático quanto os das partículas e movimentação são muito bem trabalhados.

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Alguns monstros também, dependendo da área, passam uma sensação de que se ele te acertar você vai certamente morrer. O peso que eles coloram no design desses monstros e no ambiente em que eles ficam também foram muito bem feitos.

Considerações finais

Como eu disse anteriormente, o jogador que quiser tentar jogar Tunic terá que gostar ou ao menos ter paciência para o combate muitas vezes punitivo e quebra-cabeças complicados, passando alguns bons momentos tentando repetidas vezes até conseguir. Porém, para os que gostam, acaba sendo um experiência muito bacana e memorável, principalmente nas recompensas em derrotar chefes e descobrir segredos pelo mapa.

A liberdade e falta de um direcionamento (mapas e pontos para seguir) considero um ponto muito positivo e um destaque para o jogo, pois te incentiva a explorar mesmo que talvez você esbarre em um caminho sem saída. Aí assim que você descobre algo novo, você lembra de tantas áreas que passou e que provavelmente agora estarão abertas por conta dessa descoberta. Vale realmente a pena para que está disposto a jogar algo em que descoberta é um fator importantíssimo do jogo.

Tunic certamente já é e continuará sendo um dos grandes indies lançados de 2022, sendo destaque por suas mecânicas, dificuldade e exploração que o fizeram funcionar tão bem.

Disponível nas plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S e PC.

9.0
Nota
Se você gosta de desafios e exploração profunda, Tunic é para você!
Prós
  1. Forma de contar a história
  2. O jogador que faz as descobertas
  3. Peso do combate
  4. Dificuldade dos quebra-cabeças
  5. Atalhos no mapa
  6. Variedade de inimigos
  7. Chefes memoráveis
  8. Sons de ações e do ambiente
  9. Visuais bem trabalhados
Contras
  1. Língua desconhecida do jogo
  2. Faltou variedade de itens mágicos
Sr Ori
Sr Ori #luhckaz100

Fã de yakuza e jogos que trazem experiências criativas e diferentes das que já tive.

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