Terra do Sol Nascente - Ascenção do Nintendo 3DS

#Artigo Publicado por inuyasha302, em .

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Muito se tem falado sobre como a Nintendo 3DS imprime dinheiro e como é um sucesso no Japão. Tal é inegável mas nem sempre assim foi pois houve uma altura em que também a mais recente portátil Nintendo enfrentou sérios problemas. Por vezes é fácil esquecer o passado mas quanto mais se olha para o futuro mais pertinente parece relembrar o que passou. Atualmente temos novas consolas a chegar ao mercado e é com alguma curiosidade que penso nos desafios que terão que enfrentar. Nomeadamente sobre como vão os consumidores reagir à sua chegada e se existem lições a aprender nos lançamentos que já ocorreram. Quanto mais olhamos para o que aconteceu no passado mais percebemos que são verdadeiramente os jogos que fazem a diferença, mas existe toda uma conjuntura de fatores intervenientes.

Mas voltando ao tema principal, se a 3DS é passados dois anos um caso de sucesso, foram precisas medidas para lá chegar. Desde então alguns aclamam a Nintendo por ter sabido reagir às vontades dos mercados mas outros acreditam que foram feitas apostas ou riscos calculados. Terá sido humildade da Nintendo ou simplesmente uma jogada para a qual teve o luxo do dinheiro e do tempo? Há dois anos atrás a guerra começava e nada era tão certo quanto se pensou e muitas surpresas surgiram.

Continuidade na família Nintendo

A Nintendo 3DS entrava num mercado no qual a DS da própria Nintendo se gladiava com a PSP da Sony nas vendas de consolas e jogos. Logo, à partida, estava a entrar num mercado cujas atenções sobre si eram imensas e a aceitação pelo tipo de produto não tem rival no mundo.

A Nintendo sabia que tinha um número recorde de portáteis DS vendidas em todo o mundo e ao permitir uma continuidade com a nova 3DS assegurou que o público poderia transitar sem problemas. Esta pode ter sido uma das medidas mais importantes tomadas pela Nintendo.

Mesmo que o jogador não fosse comprar jogos poderia vender a sua DS para comprar a 3DS, manter toda a sua biblioteca de jogos e comprar novos para as duas plataformas.

Houve uma continuidade inteligente e até lucrativa pois ao aumentar o número de portáteis DS usadas no mercado, aumentava assim o possível número de jogadores com DS para comprar mais jogos. Poderá ter sido um gesto de incalculável preciosidade.

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Tinhamos que colocar.

Enquanto caminhamos a rápido passo para uma nova "guerra" no entretenimento caseiro, a mais recente foi/está a ser feita por portáteis. Quer isto dizer que temos a PlayStation Vita da Sony do outro lado que procura o seu espaço e o seu momento. As coisas não têm sido fáceis para a Sony e rapidamente percebemos que existe, ou existiu, muito em comum com as duas. Talvez tenha existido quase tudo em comum à exceção de uma coisa muito importante, a postura de cada uma das suas fabricantes. A relação entre companhia e consumidor é altamente importante na transmissão de confiança e fiabilidade.

Será que ao olharmos para a jornada Japonesa inicial da Nintendo 3DS teremos respostas para como solucionar uma crise? Será que são os jogos ou o preço do sistema que ditam o ritmo de vendas? Para tentarmos descobrir uma qualquer espécie de relação entre picos de interesse e picos de vendas, partimos para uma análise a números e estatísticas para encontrar uma resposta que nos possa mostrar como os tão importantes seis meses foram geridos pela Nintendo e Sony.

Antes de recuarmos no tempo para encontrar os números, convém referir que o mercado Japonês foi usado para este artigo pois é o único que apresenta dados semanais oficiais. É também o mercado que mais portáteis vende e que tradicionalmente serve como plataforma de lançamento para estes sistemas. Nas plataformas caseiras a realidade transformou-se mas no entretenimento portátil o Japão ainda continua a ditar as andanças. Vamos então recuar no tempo.

Estamos a 26 de Fevereiro de 2011 , dia em que a Nintendo lançou a Nintendo 3DS no Japão. Como alguns se devem lembrar, tivemos filas e falta de consolas, portanto estava preparado o palco para mais um estrondoso sucesso Nintendo. Nintendogs + Cats, Professor Layton and the Mask of Miracle e Super Street Fighter IV 3D Edition foram os principais destaques do lançamento. A jornada de Layton foi o jogo que mais vendeu, com 117.589 unidades, mas no geral a nova portátil tomou conta da tabela dos jogos mais vendidos.

Olhar para a primeira tabela de vendas após o lançamento da Nintendo 3DS revela alguns factos interessantes que exemplificam bem o panorama Japonês: 11 dos 20 jogos mais vendidos pertencem a portáteis e 6 deles à Nintendo 3DS. Foram vendidas 374.764 consolas Nintendo 3DS e pelo menos 316.006 jogos para esta plataforma. O público aderiu à nova portátil da Nintendo e tudo parecia risonho. Foi um estrondoso fim de semana para a companhia de Quioto.

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Primeiro mês de vendas da Nintendo 3DS no Japão:

Semana de 26/02 a 27/02 - 374,764

Semana de 28/02 a 06/03 - 209,463

Semana de 07/03 a 13/03 - 96,463

Semana de 14/03 a 20/03 - 61,394

Primeiro mês de vendas da Vita no Japão:

Semana de 17/12 a 18/12 - 321.407

Semana de 19/12 a 25/02 - 72.479

Semana de 26/12 a 01/01 - 42.648

Semana de 02/01 a 08/01 - 42.915

Quer isto dizer, assim muito simplificado, que em Fevereiro e Março de 2011 a Nintendo 3DS conseguiu vender no Japão tanto quanto 742,084 unidades contra 479.449 unidades da PlayStation Vita em Dezembro desse mesmo ano. Uma diferença de 262.635 unidades entre as duas portáteis a favorecer a da Nintendo. A explicação não pode ser o preço dos sistemas já que foram lançados com valores similares mas também não podem ser os jogos pois ambas foram lançadas com produtos que não satisfizeram em pleno (apesar de acompanhadas por séries de renome).

Professor Layton na sua jornada em 3D foi o título que mais cativou os Japoneses e provavelmente o efeito 3D sem óculos deu à portátil um ímpeto bem-vindo. Podemos ainda acreditar que o lançamento em Fevereiro, tradicionalmente mais parado, favoreceu a Nintendo. Já a Sony lançou a Vita na época mais movimentada do ano e isso serviu como um pau de dois bicos. Por um lado sabia que as pessoas tinham mais dinheiro para gastar em novidades tecnológicas mas pelo outro esse dinheiro provavelmente foi para outros sistemas com mais jogos, mais baratos e sem compras adicionais forçadas (já falaremos disto em maior detalhe).

Na semana de lançamento da 3DS no Japão, quem reinava nas tabelas de jogos mais vendidos eram dois jogos PSP: Phantasy Star Portable 2 Infinity e SD Gundam G Generation World, o primeiro foi acimada das 200.000 unidades vendidas. Tal continuou nas semanas seguintes em que jogos como Dissidia: 012 (Duodecim) Final Fantasy para a PSP vendiam mais que os jogos da 3DS. Num país claramente liderado pelas portáteis, esta era uma clara mensagem que os jogos não estavam a convencer.

Sabemos ainda que no primeiro mês à venda, a Nintendo 3DS conseguiu vender pelo menos 402.244 jogos, mas este número não consegue ser muito preciso devido à falta de alguns dados nalgumas semanas. Sobre a PlayStation Vita o caso fica mais complicado e simplesmente não conseguimos estabelecer uma comparação. Isto porque a Media Create só cobre os vinte jogos mais vendidos, tabela onde nenhum jogo da Vita conseguiu entrar. No entanto aconteceu exatamente o mesmo que na 3DS, mas aqui foi a 3DS com o seu Mario Kart 7 a causar estragos na estreia da Sony.

Então, analisado o mês de lançamento e antes de passarmos já para potenciais causas e explicações para estes resultados tão divergentes que partilham pontos tão similares, vamos olhar para os números dos primeiros seis meses. O interesse aqui é escolher um período sensível e tentar perceber se as companhias reagiram e se sim qual a eficácia das suas medidas. Também porque pode ajudar-nos a ter uma ideia ainda melhor de como as companhias responderam a esses lançamentos abaixo do desejado e tentar descortinar se é o preço da plataforma ou se são os jogos que têm mais peso.

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Vendas da Nintendo 3DS ao longo dos primeiros 6 meses:

Primeiro mês - 742.084

Segundo mês - 154.851

Terceiro mês - 122.974

Quarto mês - 122.417

Quinto mês - 131.639

Sexto mês- 322.263

Vendas da PlayStation Vita ao longo dos primeiros 6 meses:

Primeiro mês - 479.449

Segundo mês - 69.663

Terceiro mês - 47.475

Quarto mês - 39.588

Quinto mês - 35.570

Sexto mês - 68.982

No total temos tanto quanto 1.596.288 unidades vendidas em seis meses no Japão para a Nintendo 3DS enquanto no mesmo tempo a PlayStation Vita conseguiu 740.727, ou seja, vendeu praticamente metade do que a portátil de Quioto vendeu no mesmo tempo. A questão aqui é, se enfrentaram desafios tão similares e surgiram com características tão similares, o que explica a diferença nos valores e no interesse dos jogadores? O que aconteceu para diferenciar os valores e as separar? É mais do que esperado que quando um novo sistema chega ao mercado este enfrente uma mão cheia de outros sistemas de preço inferior, maior número de jogos, e uma base instalada de jogadores largamente superior.

O fator novidade e o avanço tecnológico apenas podem fazer um tanto por si só. Com o tempo o sistema pode crescer mas como tentam as fabricantes construir os seus impérios a curto prazo e passar a mensagem que uma plataforma merece ser comprada? O Japão é o perfeito exemplo de respostas diferentes que encontram reações diferentes e atualmente tudo vai muito mais além do que a simples relação preço e qualidade. Existem outros fatores tão ou mais importantes que o preço e são as máquinas existentes que ditam parcialmente como serão recebidas as novas. Pode até existir uma certa canibalização entre as próprias.

A filosofia de Quioto:

Depois do pico inicial do primeiro mês, as vendas baixaram drasticamente mas dentro de níveis esperados. A sensação que a consola ia registando interesse razoável era sentida mas ainda assim o preço desde logo foi um entrave. Considerado excessivo para os padrões a que a Nintendo habituou os seus consumidores, a Nintendo 3DS era vista como cara. A ideia de um sistema "sem jogos" foi frequentemente atirada à portátil mas afinal quantos de nós têm €59/€118 para gastar em novidades todos os meses? Num mercado tão vibrante quanto o Japonês, Professor Layton para a 3DS manteve-se entre os cinco mais vendidos por várias semanas confirmando interesse pela esperada familiaridade com a série.

Olhando para a 3DS a palavra "familiaridade" parece ser fulcral. Quando a 3DS chegou, a DS vendia a valores fantásticos e tinha uma forte concorrência da PSP. Ao permitir que o jogador pudesse vender a sua DS para comprar a 3DS continuando a jogar todos os seus jogos e ainda comprar novos para dois sistemas ao mesmo tempo, a Nintendo assegurou uma continuidade nas suas portáteis. O consumidor comprava a 3DS pela novidade, pelos jogos em 3D mas ainda jogava todos os que tinha e comprava o mais recente Dragon Quest Monsters ou Pokémon Black/White 2, por exemplo, que podia na mesma jogar na nova consola.

Mas num mercado onde as portáteis têm um sucesso sem rival em qualquer outra parte do mundo, porque não se tornou a 3DS desde logo líder de mercado? Muitos argumentam, novamente, que o preço elevado foi responsável, afastou muitos potenciais consumidores, mas a falta de séries de peso da Nintendo também contribuiu imenso. Mario e Link estiveram ausentes do lançamento e apesar de podermos jogar Layton e Street Fighter em 3D e todos os nossos jogos DS, o preço não justificava essa proposta de entretenimento, não sem um ícone Nintendo. Eis que chega Ocarina of Time 3D e os primeiros bundles com jogos, a Nintendo ganha um desejado pico nas vendas.

Ocarina of Time 3D provou que a Nintendo precisava dos seus mais aclamados nomes e ao mesmo tempo ficou provado que o preço era sim excessivo mas que os seus advogados não eram tão fortes quanto se desejava. A defesa do preço do sistema estava a cargo dos jogos e as séries que imprimiam dinheiro ainda estavam a ser lançadas na anterior. A Nintendo decidiu então que não podia continuar com promessas para o futuro e precisava de resultados no momento.

Assim fica explicado o extraordinário pico registado no sexto mês. Mais do dobro do mês anterior e mais do que o quarto e quinto mês em conjunto. O corte no preço juntamente com novos jogos tornou a 3DS numa proposta muito mais aliciante. Não só levou o sistema para valores mais amigáveis e familiares dos adeptos Nintendo, como assegurou que estavam a comprar uma portátil que tinha o melhor dos dois mundos, os anteriores e os mais recentes jogos numa só. De um momento para o outro a Nintendo resolveu os problemas da portátil e a ideia que não tinha jogos desapareceu, mesmo sendo um corte no preço.

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A futura lista de lançamentos tornou-se irresistível (a ideia de esperar mais uns meses para comprar a 3DS+Kid Icarus passou para a ideia de comprar agora para jogar Ocarina of Time enquanto se espera por Revelations) e desde o sexto mês em diante a Nintendo tem desfrutado de um sucesso inacreditável com a Nintendo 3DS. O momento de viragem parece mesmo ter sido Agosto de 2011 quando o corte no preço permitiu uma reentrada fulminante. Terá sido humildade da Nintendo em reconhecer que a sua proposta não era suficientemente convincente ou justa para o consumidor? Ou será que a Nintendo correu realmente um risco calculado quando colocou a portátil a preço premium?

Isso são possibilidades sem resposta concreta mas o que é certo é que o sistema chegou como caro, com poucos jogos a cativar, sem as suas séries de referência e com estúdios externos a desenvolver para a anterior que era vendida num preço bem abaixo da mais recente. A postura Nintendo de apostar em experiências portáteis únicas recompensou mas somente quando o preço foi reduzido. Mas a pergunta permanece: é o preço do sistema ou os jogos que ditam o interesse?

"Ocarina of Time 3D provou que a Nintendo precisava dos seus mais aclamados nomes"

A melhor resposta será, provavelmente, uma simbiose dos dois fatores mas existem outros fatores a ter em conta. A experiência 3DS conquistou inicialmente muitos devido à ideia de continuidade e ligação entre o anterior e o novo sistema, mas o preço considerado excessivo aliado a um ritmo fraco de títulos que motivam a compra tornou insustentável a continuação dessa postura. Num mercado reinado pela DS, seria de esperar que a sucessora se tornasse na mais vendida e assim foi, a 3DS agora reina no Japão e recebe os títulos portáteis que mais vendem mas foi preciso um esforço da Nintendo para convencer jogadores e estúdios a se unirem na consola. Nenhum fator solitário poderá ditar o sucesso de um sistema, a Nintendo provou isso, que é o valor de todos os fatores em conjunto que determinam tal desenlace.

A firmeza de Tóquio:

A PSP é um estrondoso sucesso, isso é inegável. Pode não ser líder mundial e pode não vender o mesmo que a DS mas é impossível negar que a PSP é bem sucedida. Se tivermos em conta que é a primeira portátil da Sony e que conta com líderes de vendas então ainda mais temos para admirar. Penso que esta foi a principal responsável pela prestação fraca da Vita no Japão que nem ao longo de seis meses conseguiu arrebitar. Isto e uma postura, filosofia se preferirem, completamente diferente daquela apresentada pela Nintendo.

Quando a PlayStation Vita chegou ao Japão não tinha só Mario Kart 7 a acelerar nas tabelas de vendas e a levar a Nintendo para um estrondoso Natal com a sua 3DS como também tinha a PSP a vender números incríveis. Logo, podemos dizer que a PSP canibalizou as vendas da Vita. A questão será porquê? A resposta poderá estar na postura completamente diferente da Sony e em alguns crassos erros na sua postura. Mais surpreendente poderá ser a teimosia (será?) da companhia em apresentar soluções para os problemas que estão mais do que identificados.

Enquanto a Nintendo apostou numa continuidade entre a DS e a 3DS, jogada mais do que inteligente e até para muitos um dado adquirido e impensável de outra forma, a Sony apostou quase num rompimento que por muitas razões tecnológicas possam ser dadas, representa na mesma um duro erro para as suas intenções. Quando dizemos ao jogador que terá que manter a sua atual portátil e que terá alguma dificuldade, ou total incapacidade, para aceder à sua atual coleção de jogos, isso tornasse num desafio e risco demasiado incerto para ser levado a cabo. A Sony seguiu na mesma.

A resposta foi dura e isso vê-se nas vendas desoladoras que refletem um sistema com dificuldades. Podemos ver que essa ausência de verdadeira retro-compatibilidade custou à Sony imensas vendas no lançamento, afinal de contas para quê dar quase o dobro por uma portátil quando a que temos corre os grandes sucessos do momento? Depois temos a ausência de jogos que verdadeiramente cativem o público alvo e Uncharted provou ser incapaz de ser o que Layton foi para a 3DS, um motivador inicial de vendas. Assim temos o preço do sistema e os jogos a colaborar em conjunto para impedir o sucesso dos próprios.

Vários jogos PSP estavam entre os jogos mais vendidos no Japão quando a Vita chegou e a impossibilidade de os jogar na nova máquina fez com que o preço fosse demasiado alto para investirem nela. Em cima disto temos a reforçada aposta da Sony no digital e os cartões proprietários elevaram o preço do "pacote completo" para valores insuportáveis, algo perto dos €440 caso fosse comprado o modelo WiFi. Apenas os mais dedicados e mais adeptos da Sony foram capazes de tal. O valor estava demasiado alto para o que é aceitável pelas massas e praticamente o dobro do valor pedido pela Nintendo 3DS na altura.

"Vários jogos PSP estavam entre os jogos mais vendidos no Japão quando a Vita chegou."

Existem fatores como a funcionalidade do sistema, a retro-compatibilidade, a qualidade dos jogos, a sua promoção e explicação perante o público menos informado que podem ditar o sucesso desse mesmo sistema e isto sem a momento algum pesar o fator concorrência. Especialmente quando pode vir da própria companhia. Com um sistema considerado caro, foram jogos como Gravity Rush e Persona 4: Golden que nos deram os picos que vemos nas tabelas, provando que o valor do sistema pode ser "perdoado" se houver motivação, na forma de exclusivos principalmente.

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No entanto as vendas continuaram desanimadoras para a Sony e mesmo passados os seis meses nada foi feito para reverter a situação, apenas um ritmo morno de lançamentos sonantes. Será que a Sony simplesmente não pode baixar o preço da sua portátil para não agravar as perdas que o departamento tem sofrido ou será que as vendas da Vita, por mais baixas que sejam, já vão justificando o investimento? O certo é que apenas esporadicamente sentimos o peso do preço da vita+cartão+jogo ser ultrapassado por um lançamento de peso. Ocasionais lufadas de ar fresco que lutaram conta o preço e muitas delas na forma de clones de Monster Hunter como Ragnarok Odyssey.

A Vita parece ser o perfeito exemplo de um sistema cuja conjuntura dos seus fatores se torna insustentável para ser suportada pelos seus consumidores. A incompatibilidade com a PSP, o preço, a ausência de jogos únicos e até exclusivos, e a aparente passividade da Sony podem ser demasiado duros. No entanto, ser a segunda no mercado das portáteis poderá ser o suficiente para a Sony mas olhando para estes dados é fácil perceber porque a Vita está onde está e vai muito mais além que o preço, ou que os jogos diga-se. Longe de ser uma consola sem jogos, porque os tem e com qualidade, apenas o ritmo de lançamentos e a ausência de títulos que a consagrem definitivamente impediram o seu sucesso. Não só nos primeiros seis meses como nos seguintes.

Será o futuro tão incerto? - O próximo grande embate

Antes de terminar gostaria ainda de olhar para o futuro, para a próxima grande batalha que se irá travar dentro de um par de meses. Agora a luta será nas salas de estar entre a PlayStation 4 e a Xbox One, da Sony e Microsoft respetivamente. Apesar do enquadramento aqui ser diferente, existem na mesma pontos que podem ser avaliados e medidos em antecipação. Não propriamente para futurologia mas mais para tentar ter uma ideia do que podem estas duas companhias e os seus consumidores esperarem. Não só no Japão mas como em todo o mundo e até em Portugal mais especificamente.

Mesmo perante a uma conjuntura económica tão ou mais severa que 2005/2007, as novas consolas chegam com preços a rondar os €399/€499, a Xbox One é a mais cara, o que à partida poderá afastar muitos potenciais interessados. Aqui nada de anormal, a aceitação inicial deverá ficar pelos dedicados e adeptos de tecnologia de ponta antes do preço se tornar psicologicamente aceitável pela grande maioria. Até isso acontecer podemos estar a falar de seis/oito meses durante os quais as novas plataformas caseiras terão que se tornar convidativas aos consumidores com jogos para serem apetecíveis, sem precisarem de medidas adicionais.

Podemos enumerar imensos pontos para distanciar esta nova luta daquela que se travou nos lançamentos das portáteis mas no entanto inevitavelmente iremos dar ao mesmo. A Microsoft tem uma consola mais cara, o dobro da anterior que ainda tem uma prestação vibrante no mercado mundial, tem alguns exclusivos de peso como Forza 5 ou Killer Instinct, mas a sua atual Xbox 360 irá passar por um Natal repleto de títulos AAA que vendem consolas na qual as principais séries como Call of Duty e Assassin's Creed continuam a ser lançadas. Sem mencionar nas grandes estreias como Watch Dogs.

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Tendo em conta o lançamento restrito a 13 países, somente os mais ferrenhos se vão dar ao trabalho de importar a consola de outros países para a ter no Natal. O consumidor que pertence às massas poderá nem sequer estar familiarizado com o sistema, com a forma como funciona e nem sequer saberá se a pode ou não comprar ainda, só com forte promoção nas lojas e outros meios. Além disso estamos perante valores a rondar os €568, similar ao valor da PlayStation 3 + jogo em 2007, cenário nada ideal.

A PlayStation 4 parte com a vantagem do preço de €399, sem a PSEye enquanto a One inclui o Kinect 2.0, e com o ímpeto de várias novas propriedades intelectuais como é tradição na Sony. Tal como na Xbox One, combina as principais séries multi-plataformas com exclusivos internos de renome, como Killzone, mas ainda assim estará em valores premium e nos dias de hoje será talvez mais pertinente dizer que a Sony não compete contra a Microsoft mas sim contra a crise para convencer na noção de investir tamanho valor numa consola em 2013. Pelo menos aqui em Portugal onde a Xbox One não será lançada.

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Onde está o corte de preço?

Podemos ter aqui uma espantosa vantagem para a Sony sem esta ter ação direta pois estará a competir sem concorrência direta, em Portugal e muitos mais países. Mas para as duas fica uma interessante questão: tendo em conta como a 3DS perdia para as PSP/DS mais baratas, e como a Vita perdia para as PSP/3DS/DS mais baratas, mesmo sendo menos poderosas, como poderá a Sony e a Microsoft justificar uma nova consola que custa o dobro de uma já existente e munida de uma biblioteca de aclamados jogos, que não irá correr o título sensação deste Natal de seu nome GTA V, que não tem retro-compatibilidade tão simplificada quanto inserir o disco que já temos, na qual grande parte dos títulos ainda existem nas atuais máquinas e cujo apoio apesar de garantido não deverá arrancar em pleno pelo menos até daqui a um ano?

A Nintendo respondeu às vendas fracas com um corte no preço passados seis meses, algo que ainda não aplicou na sua débil Nintendo Wii U, a Sony continuou tal como estava, ou seja, a ver as vendas da PlayStation Vita subirem e descerem consoante iam sendo lançados exclusivos. Muitos contra-argumentos podem ser dados aqui e dizer que a Sony tem uma vantagem de €100 sobre a rival, está sozinha e que pode dar-se ao luxo de experimentar com o mercado mas atualmente as consolas existentes ainda vibram imenso e as máquinas das próprias companhias podem ser os seus maiores rivais. Sobre a Wii U a Nintendo ataca as vendas fracas com fortes lançamentos mas o corte no preço parece inevitável quando chegarem as duas novas consolas.

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