Empresas faturam alto com app com internet gratuita para clientes

#Notícia Publicado por Mponto, em .

Para aumentar as vendas, as empresas estão oferecendo até... internet de graça. Tal qual a estratégia usada pelos provedores populares no fim dos anos 1990, que ofereciam conexão gratuita, sites de varejo, bancos, redes de beleza e até um distribuidor de gás decidiram bancar o custo de acesso de seus clientes pelo celular. E a prática parece estar dando certo. Em alguns casos, o volume de negócios aumentou até 40% só com a ajuda do incentivo extra. Estudo da empresa de tecnologia Qualcomm aponta que a internet 0800 tem potencial para movimentar por ano no Brasil cerca de 1 milhão de gigabytes. Ou seja, espaço suficiente para armazenar um bilhão de minutos de música.

NetShoes, Mercado Livre, Privalia, Bradesco, Natura, Santander, entre outros, decidiram investir nessa estratégia após constatarem que a maior parte dos brasileiros não usa a internet de forma continuada, já que dependem de rede sem fio (Wi-Fi) para navegar pela web. Mas, para ter esse acesso grátis, o cliente deve baixar o aplicativo dessas empresas no celular. Assim, todos os dados consumidos dentro desse ambiente não serão descontados da franquia dos planos pós-pagos ou dos créditos pré-pagos, pois essas companhias pagam diretamente às teles.

Oren Pinsky, diretor da Qualcomm para América Latina, explica que, apesar de o Brasil contar com quase 243 milhões de linhas celulares em uso, cerca de 67% desse total são de linhas pré-pagas, que não usam a internet com a mesma frequência que os clientes pós-pagos. E é esse público que está na mira, principalmente.

"Já há 20 aplicativos que apostaram em navegação grátis no país, e esse número deve aumentar quatro vezes neste ano. Essas empresas fazem um acordo com as teles e pagam pelos dados consumidos por seus clientes dentro dessas plataformas", afirma Pinsky, lembrando que cada tele tende a ganhar mais de R$ 10 milhões neste primeiro momento com o novo arranjo.

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Entre os varejistas, a aposta é crescente. A NetShoes, loja on-line de artigos esportivos, investiu no consumo patrocinado (com clientes de todas as teles) ao perceber que o celular se tornou a primeira porta de entrada dos consumidores no site. Andre Petenussi, diretor de TI da Netshoes, destaca que, com a iniciativa, diz, a fatia do celular no acesso total passou de 10% para 46% entre 2014 e 2016. "Essa alta foi puxada pela internet de graça", disse.

No Mercado Livre, afirma Daniel Ferian de Aguiar, gerente Sênior de Marketing, em cinco meses, o volume de dados trafegados no site cresceu 40% desde que a companhia fez acordo com TIM e Vivo. Nos aplicativos da Natura, mais de 180 mil pessoas já usaram a navegação gratuita desde fevereiro.

Os bancos também estão atentos ao movimento. O Santander, que acabou de lançar o serviço, pretende ampliar de 6,9 milhões para 8,7 milhões o total de clientes digitais. O Itaú estuda o assunto. O Bradesco passou a oferecer a comodidade há três anos "e passou de três milhões de clientes onlines para dez milhões de 2014 a março deste ano", diz Rubia Steiner, gerente de Canais Digitais do Bradesco.

Linhas. O Brasil conta hoje com quase 243 milhões de linhas celulares em uso. E cerca de 67% desse total são de linhas pré-pagas, que não usam a internet com a mesma frequência que os clientes pós-pagos

TRÊS VANTAGENS:

  1. Possibilita o acesso em qualquer lugar, a qualquer hora, sem depender de wi-fi ou internet móvel;
  2. Empresas ganham movimentação, pois atingem um público que não estava conectado;
  3. Também é atrativo para clientes que contratam franquias móveis, pois é um custo a menos.

Neutralidade da rede estaria ameaçada

O uso de internet gratuita, como a oferecida por bancos e varejo online, reacendeu o debate sobre a neutralidade da rede. Para advogados, o assunto é muito polêmico. Para eles, há quem defenda que oferecer dados de graça não significa priorizar o acesso a um determinado grupo de usuários. Para outros, o acesso sem custo já configura uma discriminação. "Todos têm de ser tratados da mesma forma. O assunto hoje conta com dois entendimentos", destaca Daniel Pitanga, do Siqueira Castro Advogados.

Para o advogado Luiz Felipe di Sessa, do Souza Cescon, o Marco Civil da Internet não deixa claro se a não cobrança de internet fere a neutralidade. "As empresas dizem que não estão privilegiando o acesso. Mas há quem defenda que oferecer algo de graça já seria uma diferenciação. Claro que essa prática beneficia o consumidor, mas pode induzi-lo", afirma Sessa.

Já Oren Pinsky, diretor da Qualcomm para América Latina, afirma que a neutralidade de rede não é ferida, pois não há diferenciação de usuário. Ele diz que o consumidor só tem acesso à internet grátis dentro de um aplicativo se tiver pelo menos R$ 0,01 de crédito. "Se o cliente estiver zerado, a internet grátis não funciona", explica.

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