Conto: O Malfeitor da Ilha das Batatas

#Descontração Publicado por Docpeixe, em .

Boa tarde pessoal, estou trabalhando na criação de uma história. Estou postando a primeira parte dela.

Se puderem dar um feedback, agradeço!

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Prólogo

Voltorus encarou o inimigo à sua frente, sem temer por um segundo, o bravo guerreiro segurou firme sua espada e se preparou para a batalha decisiva. Ao seu lado, seu companheiro parecia um pouco aterrorizado com a aparência assustadora do oponente.

- Não se preocupe! - Esbravejou o guerreiro Voltorus. - Enquanto eu possuir estes punhos, nenhum mal prevalecerá nestas terras!

E neste momento você já deve estar pensando: Mas que droga é essa?. Sim, meu caro leitor, estou falando de você mesmo. Afinal, quem é Voltorus? Quem fala dessa maneira tão absurda? E ainda, o que está acontecendo? Pois caso não tenha percebido ainda, essa é uma daquelas histórias que se inicia contando o fim e depois retorna para o início. Confesso que penso que a pessoa que inventou este estilo de contar histórias foi genial. Mas sinceramente, todo mundo utiliza isso atualmente... então nossa história já começa com um grande clichê. Porém, eu sou apenas o narrador, qualquer reclamação que você tiver, e terá, entre em contato com o escritor. Como você vai fazer isso? Não faço ideia. Agora é hora de voltarmos ao inicio da história...

Me desculpe por isso.

A história se passa na terra de Lionam, na ilha Zalpotus, durante a estação de Xumos de gelo no ano de 530. Os Xumos de gelo são criaturas gigantescas que vivem no noroeste do continente norte, no reino de Tacindra, em geleiras tão frias que você espirraria só de pensar em ir até lá. A estação mais fria do ano foi nomeada em referencia a estas criaturas do gelo. Apesar de ser a estação mais fria do ano, em Zalpotus o frio não é tão intenso. Se você ouvir a sua avó e vestir aquele casaquinho antes de sair de casa, com certeza você não passará frio.

Zalpotus está localizada exatamente no centro de Lionam, e quando digo exatamente no centro é exatamente no centro mesmo. Ela não fica nem mais ao norte, nem mais ao sul. Ela não está no oriente, tão pouco no ocidente. Ela está no centro. E esse fato na verdade é muito importante, pois por estar exatamente no centro, ela acaba tendo um clima único. E graças a esse clima, a ilha Zalpotus é o único lugar no mundo onde é possível plantar as valiosíssimas batatas reais. Agora você deve estar pensando enquanto boceja: Mas o que isso tem de especial? Pois eu lhe digo meu caro leitor, isso tem tudo de especial. As batatas reais são atualmente o terceiro alimento mais valioso do mundo, de acordo com a pesquisa dos especialistas em alimentação da cidade de Quintus. As batatas estão atrás apenas dos bifes de Zetouro e do arroz de Quintus. É um pouco estranho o alimento mais valioso pertencer a cidade que avalia o valor dos alimentos, não acha? Quando questionados sobre isso, os especialistas em alimentação da cidade de Quintus sempre respondem que mudarão o valor do arroz de Quintus se alguém conseguir fazer um arroz melhor para eles provarem. Coincidência ou não, todos os especialistas em alimentação da cidade de Quintus dizem ser alérgicos a arroz e portanto não poderão provar nenhum arroz. Uma pena.

O valor das batatas não está relacionado ao sabor, e sim a sua raridade. Elas podem ser cultivadas apenas em um clima específico, que ao redor do mundo está presente apenas na primeira semana antes de Xumos de gelo. Porém em Zalpotus, está presente o ano inteiro. Pois é justamente por conta das batatas reais que a ilha Zalpotus prosperou a ponto de se tornar uma das mais ricas do mundo. A exportação de batatas é a fonte de renda número um da ilha. Parte disso se dá pela exportação de batatas ser a única fonte de renda da ilha. Na ilha Zalpotus os cidadãos trabalham apenas para cultivar batatas reais, qualquer outro tipo de trabalho é considerado ilegal. Então, se um Zalpotense decide fabricar espadas, ele será considerado um criminoso. Todo o comércio de Zalpotus funciona da seguinte maneira: não compre nada, não venda nada, não lucre nada. Então você me pergunta: Mas então como os comerciantes sustentam suas famílias? E eu lhe respondo, trabalhando no cultivo de batatas. Pelo que você já notou, a palavra batata será repetida várias vezes nessa história, então caso não goste dela, acostume-se ou desista de ler. O rei da ilha lucra muito com a venda das batatas - olha elas ai de novo - e parte do dinheiro é usado para comprar mantimentos que são doados ao povo que trabalha para o cultivo das mesmas. Roupas, camas, armas... enfim, tudo que não for batata, é comprado pelo reino e doado aos cidadãos. Obviamente a maior parte do dinheiro permanece com o reino. Isso porque como qualquer pessoa sabe, o rei merece ser mais rico que seu povo pelo simples fato de ter nascido na família real. Algo que faz total sentido, se pararmos para analisar.

A rotina da ilha era praticamente a mesma o ano inteiro. Pela manhã, mulheres, homens e crianças trabalhavam no cultivo das batatas reais. Pela tarde também. E pela noite dormiam. Essa rotina é muito entediante, não concorda? Pois para quebrar o tédio, aos finais de semana o rei permitia aos cidadãos um dia para festejarem. Apenas festejarem. Bebiam, comiam e cantavam. Essas festas faziam com que os cidadãos jamais reclamassem de passar o resto da semana trabalhando, sem sequer poder ver o dinheiro que o reino ganhava com a venda das batatas. Quando pensavam em reclamar, os Zalpotenses lembravam daquele dia de festa. E então decidiam que do jeito que estava, não estava bom, mas pelo menos podiam fazer festa uma vez na semana. Então pra que mudar? Por esse tipo de atitude que os Zalpotenses eram considerados pelo resto do mundo um povo de nível de inteligência questionável. Que é uma maneira educada de chamar alguém de burro. Na verdade apenas os Zalpotenses se chamavam de Zalpotenses, o resto do mundo os chamava de povo das batatas. Mas eles não se importavam de terem sua cultura resumida a apenas isso. Afinal eles eram bons em plantar batatas, e podiam fazer festa uma vez na semana. Então, pra que mudar?

Entretanto, há pouco mais de um ano, quando o antigo rei morreu, seu filho mais velho chamado Batata Terceiro.... brincadeira, eu achei que seria engraçado fazer uma piada com o nome do rei, por ser uma ilha que só vive de batatas, entendeu? Mas falando sério agora, seu nome era Hector Cryan. Hector assumiu o trono e decidiu que estava na hora de mudar um pouco as coisas. Diferente de seus irmãos mais novos que estavam satisfeitos da forma que as coisas aconteciam, Hector achava que o povo era injustiçado, e que eles deviam poder trabalhar no que quisessem e serem pagos por isso. Pois foi com essa atitude em mente que Hector teve uma brilhante ideia. Ele ateou fogo nas plantações e no vilarejo da ilha, entrou em um barco, fugiu e nunca mais foi visto. Não preciso dizer que sua ideia não deu muito certo. E naquela noite os Zalpotenses correram muito para tentar salvar suas coisas, as plantações e até mesmo suas famílias. Pouco mais de vinte pessoas acabaram morrendo no incidente. Entre elas, estava a família do gerente das plantações, o forte e inteligente Eustides Alamor.

Após ver sua família queimar viva e perder sua casa junto a tudo que possuía, Alamor surtou e jurou que iria se vingar não só de Hector, mas também de toda a família real. Após ter dito isso, Alamor não foi visto por mais de oito meses. Desde então, Alamor começou a atacar, não só o castelo, mas também o vilarejo. O vilarejo foi reconstruído após o incêndio, assim como as plantações de batatas reais. E por terem ajudado o rei a reconstruir tudo, os cidadãos passaram a ser alvos de Alamor. No último ataque, segundo as testemunhas do local, Alamor estava montando uma criatura alada, com rosto de serpente e que cuspia ácido pela boca. E não, não era um Dragão. Os ataques de Alamor à vila estão ficando cada vez mais constantes, e acredita-se que ele esteja escondido no lado montanhoso da ilha Zalpotus. Os soldados já foram enviados para fazer buscas naquele terreno, porém nunca encontraram nada. Alamor simplesmente aparece e desaparece do nada. Alguns cidadãos até acreditam que ele morreu no incêndio causado por Hector e que é seu fantasma que ataca a vila. A ilha Zalpotus está condenada.

Bom, meu querido e paciente leitor. Todas essas informações que lhe passei estavam presentes na carta que o rei Hélio, irmão de Hector, enviou para um dos tripulantes daquela embarcação gigantesca que estava finalmente, depois de vários dias, chegando em Zalpotus. Este tripulante é um famoso guerreiro, conhecido no norte de Lionam como o Decepador de Cabeças de Tundra, isso porque certa vez ele decepou as cabeças de algumas tundras. Tundras são monstros gigantescos, parecido com serpentes, que tem geralmente entre quinze ou vinte metros de comprimento. Elas possuem ferrões em sua cauda, e atacam de maneira semelhante a escorpiões. Isso nos mostra que decepar a cabeça de uma tundra não é nada fácil. O que torna o ato de decepar suas cabeças digno de ser lembrado, e até de dar apelido a uma pessoa que faça isso. O Decepador de Cabeças de Tundra, era popularmente conhecido como Voltorus, o Decepador. Voltorus é um ex membro dos conhecidos e venerados montadores de Trilions, considerados os heróis de Trionam e guardiões do continente norte, os Traiders. Os Traiders são os doze guerreiros mais habilidosos e poderosos do norte, eles são responsáveis pela guarda pessoal do conselho de Trionam, assim como pela proteção das fronteiras. Cristian Voltorus foi parte dos Traiders por quase oito anos, e saiu por motivos pessoais. Porém, ele não seguiu a tradição de escolher um substituto para seu lugar. Voltorus saiu em uma condição especial, mas jurou pela sua vida que escolheria seu substituto e passaria seu poder adiante. Atualmente ele trabalha com contratos de caça. Sejam animais, monstros ou bandidos, se a caçada tiver um potencial para uma grande aventura, Voltorus com certeza aceitará sem pestanejar. O tipo de pessoa que faz esse tipo de trabalho é conhecido como mercenário. Porém o ego forte de Voltorus faz com que ele se auto intitule de herói. E como ninguém é louco o bastante para argumentar com ele, deixe ele ser o que quiser. Junto a ele, naquela embarcação, estavam os marinheiros, que não tem muita importância para nossa história e por tanto serão ignorados, e também seus dois fiéis companheiros. O primeiro era o veloz e astuto arqueiro Navel Firedum. Navel era um membro da tribo Okalam, uma tribo de guerreiros que vive ao norte da cidade de Trionam. Navel era um dos poucos membros da tribo que se especializou em arco e flecha. Não, na verdade ele era o único e isso acabou o deixando mal visto entre os demais Okalams, pois a tribo prezava por armas grandes, como espadas e armaduras gigantescas. Mas Navel é aquele tipo de pessoa que sempre está certa, então não há argumentos que o façam mudar de ideia. Navel era famoso com sua habilidade no arco e justamente essa fama que fez com que Voltorus o convidasse para lhe acompanhar em suas aventuras. Navel concordou, com uma condição: que ele levasse todo o crédito e recompensa das aventuras. Voltorus franziu a testa, lançou um olhar de raiva quando ouviu isso e disse com voz de trovão:

- Só por cima do meu corpo apodrecido!

Navel retrucou: - Pois bem então... Deixo que fique com metade do crédito, pois te achei simpático.

Navel é aquele tipo de pessoa que fala muito. Apesar disso, nas primeiras aventuras ele se provou muito habilidoso e forte, tanto que Voltorus passou a lhe chamar de Imortal. Isso porque Navel sempre escapava da morte de maneiras quase impossíveis. Eu, acredito que um apelido mais de acordo com Navel seria "babaca sortudo''.

A segunda companheira de Voltorus era uma maga, formada na escola de magos de Grangis, Angelina Demônita. A escola de magos de Grangis era a maior e mais prestigiada do norte. Ficava localizada ao sul da cidade de Trionam, no reino de Illenium. Os magos formados em Grangis trabalhavam para reis, imperadores ou em bibliotecas de cidades grandes. Isso porque não existia uma escola para formar pessoas para trabalharem em bibliotecas de cidades grandes. E também porque cidades pequenas e vilarejos não possuíam bibliotecas. Angelina trabalhou em bibliotecas por cerca de três anos. O motivo disso é que reis e imperadores não consideravam as mulheres dignas o bastante para serem magas de seus reinos e impérios. Talvez, pensar dessa maneira foi o que levou a queda da maioria dos impérios e reinos nos anos 700. Mas isso não faz parte da nossa história, é apenas uma observação. Pois foram nas bibliotecas, lendo documentos escritos pelos Antigos e livros de magia, que Angelina aprendeu muita coisa que não havia tido a oportunidade de aprender em Grangis. Os Antigos são um mistério pois sabe se muito pouco sobre eles. Seriam pessoas que viveram há séculos e usavam um idioma diferente. A maioria dos livros de magia está escrita nesse idioma. Inclusive o nome Lionam significa "terra livre" no idioma dos Antigos. Mas isso aqui não é aula de história, chega desse assunto.

Um dia, a cidade onde Angelina trabalhava foi atacada por uma horda de tundras. Ocorreu então uma feroz batalha contra as tundras. Dois homens, um arqueiro e um guerreiro, estavam lutando arduamente, porém depois de matarem treze tundras, estavam quase esgotados. As cinco tundras restantes tinha força suficiente para dilacerar os dois batalhadores. Foi então que Angelina lançou uma magia que aprendera na biblioteca: Tagimo de Vita. Essa magia transferia a energia vital do mago que a invocasse para os alvos que o invocador desejasse. Angelina fez com que Voltorus e Navel recuperassem suas forças e conseguissem derrotar as tundras restantes. Naquele dia, Voltorus convidou Angelina para se juntar a ele, desde então, os três trabalham e se aventuram juntos.

Como você pode ver, os heróis da nossa aventura são: um guerreiro, um arqueiro e um mago. Eu não quero criticar o escritor, até porque não tenho nada contra ele, mas esse grupo de "heróis'' parece bem clichê, não concorda? Mas fazer o que, vamos fingir que eu e você nunca vimos esse tipo de grupo em outro lugar e vamos seguir com a história.

Dependendo da resposta penso em postar a continuação outro dia.

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Luciano
Luciano #Docpeixe
, Giruá, Rio Grande do Sul, Brasil
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