Fifa 14 - Preview

#Prévia Publicado por LusoGamer, em .

O produtor de FIFA Nick Channon está à minha frente e está a fazer o que parece ser uma estranha dança interpretativa com um futebol falso. Ele está a tentar explicar como FIFA 14 vai melhorar em relação a FIFA 13, mas porque isto é apenas evento de revelação, nós não podemos ver assim tanto do jogo. Ali está o Nick, que tem um aspeto semelhante ao Gary da comédia Men Behaving Badly, aos encontrões com um defesa invisível e a fazer remates imaginários. Ele até aponta para o chão e diz "imaginem que isto é a bola."

É tudo muito estranho.

Mas tem de ser, porque, francamente, não existe muito para ser visto aqui. O primeiro olhar sobre FIFA 14 consiste em vários diapositivos, algumas demos tecnológicas e montagens com imagens reais que pelo menos dez membros do público brincaram sobre se seriam da próxima geração.

Dito isto, não existe falta de entusiasmo e nenhuma parte dele é utilizado para nos dizer - na cara e sem utilizar termos dúbios - que não haverá qualquer comentário nas versões para a próxima geração do jogo. O que eu queria mesmo ver era como as novas funcionalidades online da PlayStation 4 afetariam FIFA, um jogo a tornar-se cada vez mais dedicado à comunidade. (Um pequeno aparte, a EA mostrou um gráfico de informação sobre onde e como eles querem que vocês interajam com FIFA no futuro. Colocando-o desta forma: querem-no visível em todo o lado, a toda a hora, em todos os dispositivos desde o vosso telemóvel até às vossas fotos de casamento. Provavelmente.)

Eu queria ver como podia partilhar golos com os meus amigos clicando apenas num botão, convidar jogadores para me ajudarem a bater o Barcelona. Que me mostrassem como um novo motor de jogo podia erradicar as falhas cada vez mais notórias que FIFA tem actualmente, incluindo, mas não estando limitado ao facto que fazer os jogadores mudar de direcção parecer que estamos controlar um pequeno barco.

Basicamente, a EA apareceu e disse directamente "olhem, nós não podemos falar sobre isso, por isso não perguntem, já viram o acordo de não divulgação que nós assinamos? Meu Deus - fala de MATAR FAMILIAS, PESSOAS." É uma admissão subentendida de que eles sabem aquilo em que estamos interessados. Aquilo em que os jogadores estão interessados. Aquilo em que eles próprios estão interessados. E ainda assim, nós fazemos uma dança figurativa de fazer de conta que não existe. Por outro lado, Nick Channon continua a fazer o que parece mesmo uma dança. A não ser que ele mesmo seja uma projeção da tecnologia holograma da próxima geração, a situação não podia ser mais bizarra.

Não me entendam mal. As novas mecânicas de remate parecem boas. Antes, os jogadores passariam automaticamente para posições pré-determinadas assim que rematavam, resultando em golos repetitivos: eles pareciam sempre iguais. Agora, existe maior variedade nas animações dos remates e maior feedback sobre o porquê do Ronaldo ter caído quando estava a preparar-se para um remate fácil. Alterações nas físicas da bola também significam que agora podem fazer passes em desmarcação com efeitos extraordinários e fazer diferentes tipos de remates: remates enrolados ao meu estilo, remates sem deixar a bola cair típicos do Ronaldo, entre outros.

As alterações no jogo defensivo e alterações que tem como base o ímpeto dos jogadores também são bem-vindas - agora a bola não rola sempre à mesma velocidade, os ângulos dos sprints são mais pequenos (movimentos mais precisos, essencialmente) e os bloqueios serão mais fáceis e mais eficientes. Estas alterações devem modificar o ritmo ataque-contra-ataque do jogo - sobretudo em jogos online.

A promessa de melhor inteligência artificial - agora a inteligência artificial "pensa" durante um período de tempo mais longo, impedindo-a de marcar o homem errado - é sempre bem-vinda, mesmo que eu já a tenha ouvido muitas vezes anteriormente e nunca a ter visto concretizar-se. (Bem, os jogadores de futebol são estúpidos (lol) por isso suponho que posso deixar passar isso).

Apesar das novas funcionalidades parecerem interessantes, o gesticular, o bombardeamento de informação e o facto que todas as funcionalidades têm de ter um UmNomeTotalmenteRadical(TM), existe muito pouco que me impeça, e provavelmente a todos os outros, de olhar para o relógio e desejar que fosse esta mesma hora daqui a um ano.

Porque o elefante na sala é que esta não é a versão do FIFA em que estou mesmo interessado e, aos olhos da EA, nenhuma outra pessoa está. Não no sentido que ninguém a comprará ou jogará: este jogo venderá na mesma mais cópias que todos os jogos da Square juntos.

Mas continuará a ser um jogo Xbox 360 e PS3 (e PC, o que levanta questões interessante: será a versão PC uma versão da próxima geração?): um título de transição, com novas funcionalidades implementadas num motor de jogo que começa a ceder, em vez de algo novo e, atrevo-me mesmo a dizer, entusiasmante.

Esta é uma posição em que muitos produtores se encontram neste momento. Estando lá sentado, foi difícil não sentir que a revelação de FIFA mostrou bem a charada que é esperar pela próxima geração e que o silêncio de certas produtoras é ensurdecedor. Não interessa o quão bom, ou interessante, o vosso jogo é, os jogadores sabem que outra coisa está a chegar, como essa outra coisa é chamada e quando essa outra coisa será lançada. E sentado aqui, a ouvir sobre o novo FIFA - um jogo que eu anseio todos os anos - Eu sinto que ainda preferia estar a ouvir sobre aquela coisa - ou pelo menos as versões para aquelas plataformas - do que disto. A EA provavelmente também.

Ainda assim, não podia, como é óbvio, com o produtor de FIFA Sebastian Enrique a dizer-me durante uma entrevista que "é-me dito o mesmo que vos é dito a vocês" sobre FIFA 14. O que poderia parecer inexplicável, mas essa é a dança do momento. No entanto, o problema é que apesar da EA ter de agir como se não soubesse nada sobre o seu próximo jogo, todos os outros sabem que está a chegar. E numa indústria que pode muitas vezes pensar "novo = melhor", essa não é uma grande situação para se estar. Para a EA ou para quem quer que seja.

Ainda assim. Existe sempre o próximo ano.

LusoGamer
LusoGamer
, Mem Martins, Lisboa, Portugal
Publicações em Destaque