Rise of Legends - Jogaço

#Prévia Publicado por Sasha stankievicz, em .

A mesma fórmula mas com duas de mão de Robbialac. Depois do sucesso de Rise of Nations, a Big Huge Games fez aquilo que todos esperavam: uma sequela. De seu nome Rise of Legends, este segundo capítulo da franchise é fruto de um extenso exercício de imaginação, capaz de nos trazer três raças distintas de praticamente tudo o que já se viu.

Rise of Legends é um jogo de estratégia em tempo real (ETR), assente no estranho mundo de Aio, onde magia e tecnologia convivem de forma antagónica e em permanente confronto. Neste mundo coexistem três raças: os Vinci, inventores; os Alin, adeptos do misticismo; e os estranhos Cuotl, bizarros e misteriosos.

A campanha a solo coloca nas nossas mãos os destinos de Giacomo, um jovem inventor Vinci, irmão do Lorde Petruzzo de Miama. Ao contrário do que possam pensar, a campanha serve apenas como aperitivo, apesar de contar uma estória que mesmo não sendo particularmente interessante ou original, tem um embrulho muito chamativo.

Mesmo estando dividida em três actos, apenas podemos controlar os Vinci, fugindo um bocado da norma imposta pelos padrões de Starcraft, em que cada "acto" corresponderia a uma das facções. Se por um lado isto pode ser desapontante para uns, o certo é que permite que a estória seja bem contada. Fosse ela mais rendilhada e despojada de tantos clichés e seria um dos pontos fortes do jogo. A campanha está dividida em duas fases fulcrais: preparação e ataque. Na fase de preparação temos acesso a um mapa da região, estilo Total War, dividido por províncias e com a informação sobre os benefícios em conquistá-las. Nesta fase temos quatro parâmetros a gerir, sendo eles o exército inicial, os bairros, a pesquisa e os poderes dos heróis.

Os heróis são parte omnipresente em Rise of Legends. Virtualmente imortais, pois mesmo após a sua destruição podem ser de novo invocados, têm à sua disposição um conjunto de habilidades capazes de desequilibrar as batalhas. Certas províncias oferecem pontos para melhorarmos essas habilidades ou adquirir outras.

Estas províncias têm uma capital, onde podemos construir diferentes bairros (comerciais, militares e industriais), influenciando o nosso acesso a esses recursos. Por exemplo, uma província sem um bairro militar está aberta ao saque, enquanto que uma sem um bairro comercial não produz riqueza.

Os pontos de pesquisa permitem disponibilizar mais unidades e melhoramentos na fase de ataque e, por último, queda-se a gestão do exército com que iniciamos cada ataque. Passada esta fase e escolhida a província a atacar, passamos para um típico jogo de estratégia em tempo real, repleto de mecânicas ortodoxas, por vezes em demasia. A construção e gestão dos bairros e várias cidadelas é um dos pontos fortes da estratégia em Rise of Legends. Conseguindo ligar economia, exército e pesquisa de uma forma sólida, esta mecânica obriga-nos a tomar constantemente opções na fase inicial do jogo, se bem que passado algum tempo na missão se torne inconsequente.

O único recurso passível de ser recolhido directamente é o Timonium, um precioso mineral. Curiosamente, pouco ou nada influencia a nossa economia, pois ela está intimamente ligada às trocas entre os bairros comerciais das diversas cidadelas em nosso controlo. No entanto, é indispensável para construir edifícios e recrutar unidades.

Rise of Legends conta ainda com uma mecânica expansionista. Traduzindo isto para que todos entendam, o jogo tem um sistema de fronteiras que influencia os combates. Unidades dentro das suas próprias fronteiras podem recuperar energias, enquanto os invasores a vão perdendo. Isto depende também de outros factores, mas não deixa de dar algo mais profundo aos combates.

E eles bem que precisam, porque entre uma I.A. bastante mentecapta e uma interface com poucas opções, o "tudo ao monte e fé em Deus" reina ferozmente. Salvam-se os poderes especiais, que dão um pouco de colorido à festa, ditando constantemente o vencedor quando são bem utilizados.

Mas, se no modo Quick Battle as batalhas avulso contra a I.A. já nos deixam com água na boca pelo facto de podermos controlar as outras duas facções, é no multijogador que encontramos toda a magia de Rise of Legends, com muitos tiques reminiscentes do maior sucesso de sempre da estratégia em tempo-real, StarCraft.

Entre as lutas implacáveis pelo controlo do Timonium, o que acaba por saltar mais à vista é o impressionante leque de unidades dos Alin e dos Cuotl. A variedade é muito boa e, mesmo faltando a profundidade estratégica de StarCraft, é difícil não cair na tentação de fazer um paralelo entre os Vinci, Alin e Cuotl, e os Terran, Protoss e Zerg.

A economia funciona de maneira diferente para cada uma das facções, sendo possível delinear algumas estratégias de destabilização, como por exemplo, controlar os céus para impedir os Vinci de fazerem trocas comerciais entre as várias cidadelas. Ã aqui que o National Power ganha outro valor e as Dominancies aparecem.

O National Power torna-se uma arma muito relevante e que terá de ser usada cirurgicamente, sempre que disponível. As Dominancies acrescentam algo mais à estratégia a adoptar, oferecendo bonificações ao jogador que estiver à frente nesse campo, por exemplo, o jogador que atacar mais minas e mineiros.

Obviamente, todas estas nuances tornam-no incomparável a StarCraft, encaixando-se mais na onda dos ETR modernos, ficando-se as comparações pela criatividade das várias facções. Resumindo tudo numa só frase: é no multijogador que se encontra a alma deste Rise of Legends.

Contudo, não é um jogo tão bom como o seu antecessor, cujo nome ainda ostenta. Se fizermos algum trabalho de "retroengenharia" vemos que não passa da mesma fórmula de Rise of Nations, mas com um conjunto de facções bem mais espectaculares e originais, fazendo lembrar um pouco o paralelismo entre WarCraft e StarCraft.

Rise of Legends, como temos vindo a dar a entender desde o início desta análise, faz um excelente trabalho em nos mostrar um mundo bizarro, cheio de seres e invenções, que nem se podem dizer imaginários, mas inimagináveis. Se a tecnologia dos Vinci, que coloca tudo o que Da Vinci pensou a funcionar na perfeição é bonita de se ver, o resto é simplesmente genial.

Num ambiente completamente inundado por jogos sobre a Segunda Guerra Mundial, o visual de Rise of Legends é uma tremenda lufada de ar fresco. Unidades gigantescas, carradas de ataques diferentes, esferas voadoras, homens-serpente, deuses, demónios e robôs, numa salada russa de belo efeito.

O ambiente sonoro também está em grande e melhor estaria não fossem alguns problemas aqui e ali, com unidades a despoletarem ataques curiosamente silenciosos. Ocasionalmente, também o grafismo sofre de alguns problemas de estabilidade, por vezes estragando a experiência de jogo.

Caso a Big Huge tivesse sido mais ousada, em particular na parte dos combates, que mereciam uma reformulação e também a própria I.A, Rise of Legends seria um jogo melhor. Se já jogaram Rise of Nations vão achar tudo muito familiar. Caso contrário, vão encontrar um dos melhores ETR dos últimos tempos.

Sasha stankievicz
Sasha stankievicz

El Matador

, PR/Curitiba
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