Análise | Dragon Age: The Veilguard
Após anos sem um novo título, a expectativa com Dragon Age: The Veilguard era sem dúvidas grande, prometendo ser o grande retorno da BioWare aos RPGs de fantasia single-player.
Será que a espera valeu a espera?
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Para quem acompanha a série desde o começo, sabe que cada jogo serve como porta de entrada, apresentando um elenco totalmente novo de personagens. Dragon Age: The Veilguard não é diferente, mas aqui a história está muito mais ligada ao seu antecessor, dando continuação direta aos eventos de Inquisition, com Solas colocando seus planos em ação.
Tevinter, a área em que o jogo se passa, é um local há muito mencionado na série, mas que só agora os fãs estão visitando pela primeira vez. E após muita expectativa, a BioWare sem dúvidas fez um ótimo trabalho na representação.
Os cenários do jogo são em grande parte muito bem trabalhados. Seja uma cidade movida a base de magia, florestas exuberantes ou locais destruídos pela Podridão, o estúdio caprichou na ambientação.
Tudo isso é movido graças ao poder da Frostbite, engine própria da EA. Os visuais são bastante bonitos, e embora possa demorar um pouco para se acostumar com o visual mais animado, ele certamente possui seu charme.
Ao contrário do Inquisition, com Veilguard a equipe adotou uma abordagem mais linear. Isso permitiu que os cenários fossem melhor trabalhados e repleto de detalhes, mas ainda assim trazem um nível interessante de exploração. Há muita lore para encontrar em cada região, permitindo aos jogadores que desejarem se aprofundar na história deste mundo.
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Se tratando de conteúdo opcional, o jogo faz um bom trabalho. Há algumas missões secundárias mais simples, mas também algumas mais bem trabalhadas que conseguem trazer mais peso para o mundo, apresentando lore novas ou introduzindo personagens interessantes, sem contar alguns combates bastante empolgantes.
O foco da equipe era permitir que o jogador pudesse ser quem quisesse em Veilguard e trouxe muitas ferramentas para que isso fosse possível. O criador de personagens abrange um bom leque de opções e a escolha de facção acabou sendo mais importante do que eu esperava.
A facção escolhida no início traz diversos benefícios, como causar mais dano a um tipo de inimigo específico ou melhores preços nas lojas, mas o destaque fica para a hora dos diálogos. Cada facção possui opções únicas de diálogos e em uma quantidade bem maior do que o esperado, dando bastante originalidade a cada personagem.
O início da campanha pode ser lento, mas a história consegue aos poucos encontrar seu caminho e traz momentos realmente interessantes. Focado em ser uma grande aventura épica, Veilguard consegue trazer momentos bastante grandiosos, especialmente na reta final do jogo.
A narrativa principal aborda muitos temas já anteriormente mencionados. É possível ver que durante os jogos anteriores houve muita preparação para este momento e o resultado foi no geral positivo.
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Como já dissemos, a história pode demorar a engrenar, mas assim que a party toda é montada, a narrativa começa a se desenvolve melhor. As quests principais são interessantes e a lore apresentada sobre esse universo é bastante surpreendente.
Ainda assim, como todo jogo da BioWare, o destaque fica para os companheiros de equipe. Veilguard traz um elenco bastante variado, cada um com suas próprias motivações e interesses.
O jogo torna agradável passar o tempo com seus companheiros e instiga os jogadores a buscar isso. Além de carismáticos em grande parte, eles ainda possuem um desenvolvimento bastante interessante. É fácil se sentir realmente como em um grupo de amigos ao jogar Veilguard.
Uma das maiores mudanças que o jogo trouxe para a franquia foi o seu combate. Embora Inquisition já deu um passo para um foco maior na ação, aqui a BioWare deu o salto completo.
Como era esperado, Veilguard não consegue apresentar o mesmo nível de estratégia que nos títulos anteriores, especialmente pelo fato de agora não termos total controle da equipe. No entanto, ele compensa em parte com um combate dinâmico e uma ótima sinergia entre a equipe.
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Cada companheiro possui 3 skills para usar, as quais liberam conforme você vai avançando em seus relacionamentos. O brilho do combate é a forma com que cada uma das skills podem ser combinadas, tanto com o protagonista quanto entre os próprios companheiros, formando combos extremamente poderosos.
Jogar de classe corpo a corpo também é bastante satisfatório. Tendo terminado como guerreiro, a sensação de esquivar dos golpes ou dar um parry tornam o combate incrivelmente dinâmico, especialmente nas maiores dificuldades, e tudo é bastante responsivo.
Infelizmente o jogo peca na quantidade de inimigos. Embora tenha diversos chefes realmente divertidos de enfrentar, até mesmo em conteúdos secundários, os inimigos padrões do jogo acabam se repetindo muito constantemente. Após a metade do jogo, não senti grandes novidades em relação aos inimigos padrões.
Embora talvez seja injusto criticar o jogo por algo que nunca prometeu, a falta de consequências baseadas nos títulos anteriores não deixa de ser um pouco decepcionante. Mesmo que pequenas, a série sempre trouxe pequenas alterações com base nas nossas antigas decisões realizadas.
É compreensível essa decisão, por o jogo se passar em um continente totalmente novo e ser uma porta de entrada para uma nova geração, ainda assim deixa aquele gostinho de algo faltando na série.
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Por falar nos jogos anteriores, era nítido que a cada título a BioWare se afastava mais do original e com Veilguard é a culminação dessa decisão. Aqui o tom é muito mais leve do que qualquer outro jogo da série.
Embora um tom mais leve não seja propriamente um problema, isso tirou diluiu um pouco um dos melhores aspectos da franquia: a interação com os companheiros. Não existe muito atrito entre o protagonista e os membros da equipe.
Enquanto nos títulos anteriores era possível um companheiro deixar a equipe ou até mesmo trair o jogador por desentendimento, aqui tudo parece ter menos conflito entre os membros. O clima mais animado e alegre dos momentos em equipe às vezes também pode entrar em contraste com a narrativa principal, a qual apresenta o fim do mundo chegando.
Conclusão
Dragon Age: The Veilguard pode não ser a visão que todos os fãs tinham do futuro da franquia, mas certamente possui suas próprias qualidades, apostando forte naquilo que a BioWare sempre fez de melhor, com um bom elenco de personagens e uma aventura onde você realmente consegue se imergir.
A nova etapa da franquia certamente tem seus deslizes, especialmente se tratando de ritmo e tom narrativo, além de algumas repetições. Ainda assim, é um jogo competente naquilo que busca entregar.
- Combate responsivo e com boa sinergia entre a equipe
- Elenco de personagem carismático
- Bom desenvolvimento dos personagens
- Bela ambientação e cenários
- Narrativa principal explora conceitos interessantes da lore
- Boa variedade de exploração e side-quests
- Tom do jogo nem sempre se encaixa bem com a narrativa
- Baixa variedade de inimigos
- Falta de impacto dos jogos anteriores