Análise | Final Fantasy XVI

Análise | Final Fantasy XVI

Franquia principal retorna com uma jornada mais madura e épica.
#Análises Publicado por Vinicius, em

Final Fantasy é um das mais antigas e clássicas franquias de RPG nos video games e passou por diversas reformulações com o passar dos anos. Agora a Square Enix está dando o próximo grande passo da série com Final Fantasy XVI.

A empresa apostou forte no jogo, com um enorme marketing e uma equipe dos sonhos por trás desse novo título. Será que valeu a pena?

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Desde o primeiro momento Final Fantasy XVI já mostra que veio para ser diferente dos outros jogos da franquia e dá sentido para sua classificação +17. Esse é sem dúvidas o jogo mais violento já lançado em toda a série.

Sangue em excesso, golpes brutais e muito mais esperam os jogadores, e até mesmo a nudez aqui é menos contida. Personagens nus, embora com as genitálias escondidas, são cenas recorrentes.

Essa nova flertada da franquia com um conteúdo mais maduro não serve apenas para mostrar cenas chocantes, mas também para elevar sua própria trama. Fãs de Game of Thrones certamente irão se sentir em casa.

Final Fantasy XVI traz um extenso conflito político que vem acontecendo há décadas nesse universo, com diversas nações lutando arduamente para manter controle sobre os Cristais-Máter, poderosas fontes de magia.

Cada nação possui suas próprias motivações e personagens chaves, e esse conflito vai aos poucos se desenrolando durante a trama, criando uma teia complexa de acontecimentos e batalhas.

Muitos acontecimentos antigos, termos próprios dentro do universo e personagens importantes são mencionados constantemente, possuindo suas próprias histórias e backgrounds, e para não deixar o jogador perdido a Square Enix trouxe uma brilhante ideia: o Sumário Dinâmico.

Em praticamente qualquer momento durante o jogo, seja enquanto explora um mapa ou durante uma cutscene, você pode pressionar o touch pad do controle para ter acesso a um sumário em tempo real que mostra todos os personagens, locais e termos não só presentes na cena, como também recentemente mencionados. Essa função me ajudou em diversos momentos a não me perder na trama.

Final Fantasy XVI não só apresenta uma trama cheia de camadas, mas também sabe dosar bem cenas de ação e momentos mais tocantes. Outro aspecto muito puxado de Game of Thrones é que personagens importantes nem sempre estão a salvo na história.

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A maior maturidade do título também se estende para as sub-tramas, incluindo seu arco de romance. Os desenvolvedores tentaram evitar muito dos clichês de jogos do gênero, como protagonista com medo de mostrar os sentimentos ou exagerado a ponto de parecer bobo.

Mas é claro, esse ainda é um jogo da franquia Final Fantasy, então há certos aspectos que se mantiveram, como uma forte camada de fantasia e elementos clássicos do gênero JRPG acrescentando à história.

Falando nos personagens, Final Fantasy XVI traz um variado elenco de personagens. Clive, o protagonista, se mostra como uma pessoa séria e determinada, mas que consegue se abrir perto de seus amigos.

Acompanhar a jornada de Clive, desde sua adolescência até adulto, cria um laço muito forte com o personagem. Eu não estaria exagerando ao dizer que ele se tornou um dos meus protagonistas favoritas da franquia.

Final Fantasy XVI abandona o sistema padrão de party que sempre vimos na franquia, mas isso não significa que Clive não esteja cercado de personagens interessantes. No esconderijo, que serve como hub, há um forte elenco de personagens esperando Clive entre suas missões, cada um com suas histórias e background únicos.

Clive também geralmente costuma ser acompanhado de algum companheiro sempre que deixa o esconderijo, com um ciclo de personagens que variam dependendo das missões, o que significa que dificilmente estará sozinho enquanto explora o mundo.

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Um combate mais rápido, mas longe de um esmaga botão

Já faz alguns anos que a franquia Final Fantasy vem migrando para um combate de ação em tempo real, mas com Final Fantasy XVI a Square Enix finalmente decidiu mergulhar de vez e para isso trouxe nomes de peso, incluindo Ryota Suzuki, designer de Devil May Cry 5 e Dragon's Dogma.

Final Fantasy XVI traz um combate muito mais rápido e fluído que os jogos mais recentes da franquia, XV e VII Remake. Clive é mais responsivo no combate e combinações existem ao monte, com diversas mecânicas escondidas que se bem aproveitadas, podem causar grandes estragos.

O combate apresenta um botão de ataque corpo a corpo e outro para magia, onde alternar entre eles com o timming certo solta um feitiço mais mais poderoso. Segurar o botão também libera uma versão mais forte desses ataques.

Já o grande brilho do combate está em suas skills. Clive possui acesso aos poderes dos Eikons, nome dado às invocações nesse jogo, o que concede a ele diversas habilidades especiais. Conforme o jogo avança, novas skills são liberadas baseadas em outros elementos.

Cada skill possui funções extras, como o Cataclismo do Titã, uma habilidade que dá um golpe em área no chão. Segurar o botão e soltar no tempo certo aumenta a distância e dano, enquanto usar no ar causa faz Clive se descer rapidamente socando o chão causando um dano maior quanto mais alto estiver.

Essas pequenas diferenças em cada skill ajuda o jogador a adaptá-las melhor para cada situação, além de entregar oportunidades de criar combos. Um exemplo é usar a habilidade Ciclone Iníquo, na qual Clive se joga para cima junto do inimigo, e logo em seguida emendar com um Cataclismo do Titã para cair causando grande dano.

Outro elemento interessante é a Barra de Ímpeto, a qual funciona como a postura do inimigo. Cada habilidade possui um foco diferente, algumas voltadas para dar dano e outras para esvaziar a Barra de Ímpeto.

Ao enfrentar monstros mais fortes na campanha, se torna um jogo de combinar as melhores habilidades para tentar quebrar o mais rápido possível a Barra de Ímpeto do inimigo, o que então permite causar grandes danos.

Além disso, cada árvore de habilidade dos Eikons traz uma habilidade persistente única. A Fenix permite avançar rapidamente até os inimigos, enquanto Garuda puxa os adversários até você. Há muitas habilidades interessantes nas outras árvores, cada uma trazendo um foco diferente, seja na esquiva, defesa ou ofensiva.

O jogo permite carregar até três Eikons com você, sendo possível misturar habilidades de uma árvore de habilidade com outra. Toda essa combinação permite que os jogadores adotem diferentes estilos de combate, criando combos únicos.

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Combates épicos, seja pequeno ou grande

Se tem uma coisa que Final Fantasy XVI sabe fazer muito bem é ser épico. A história possui muitos momentos marcantes, acompanhados por uma excelente trilha sonora, que consegue deixar qualquer um empolgado.

Para aqueles que gostam de uma boa luta de chefe, o jogo é um forte concorrente como o melhor da franquia nesse quesito. As batalhas são divertidas de jogar e bonitas de se ver. Os combates ainda são pontuados com animações empolgantes entre Clive e o inimigo. Isso que estou falando apenas das lutas como Clive, porque quando entramos nas batalhas de Eikons, tudo toma uma proporção ainda maior.

Para Final Fantasy XVI a Square Enix trouxe um foco diferente para as clássicas invocações, eles agora são elementos chaves na história, com os personagens possuindo seus Eikons únicos. E o melhor de tudo: eles agora são totalmente controláveis durante os combates.

Isso significa que a quantidade de invocações controladas sofre uma redução e apenas em momentos específicos da história é possível usá-los, mas isso resultado em batalhas muito mais únicas, já que o Eikon possui seu próprio gameplay.

O resultado é simplesmente um espetáculo. Essas são batalhas de enorme escala, e cada uma tenta superar a anterior, entregando algo ainda mais grandioso. O combate com Eikon também vai evoluindo conforme o próprio Clive evolui, isso resulta em diferenças na própria jogabilidade da criatura, com o jogador sentido cada vez mais no controle.

Foi difícil conter a empolgação durante essas lutas e poucos jogos conseguiram trazer batalhas nessa mesma escala e com tanta adrenalina. Algumas batalhas são tão grandiosas que levei mais de 30 minutos para terminá-las, apresentando várias fases de combate.

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Um belo mundo aguardando para ser revelado

Enquanto Final Fantasy XV trouxe um mapa aberto e Final Fantasy VII Remake corredores mais lineares, Final Fantasy XVI buscou ser um meio termo entre os dois estilos. O jogo conta com diversos cenários semi-abertos para serem explorados, inclusive trazendo um Chocobo como montaria.

Essa escolha de dividir o jogo em várias microregiões foi um acerto por parte da equipe. Enquanto permite um certo nível de exploração, ainda consegue entregar uma boa variedade de cenários. Cada reino que Clive explora possui seus próprios biomas e estilo cultural.

Embora graficamente não seja o melhor que o PlayStation 5 tenha a oferecer, o jogo mais que compensa com uma excelente arte. Belos cenários com castelos ou enormes cristais ao fundo são visuais comuns.

Final Fantasy XVI também aposta em um novo estilo de missões secundárias. Os objetivos não costumam ser nada complexos, ainda mantendo aquele padrão de "me traga esses itens" ou "mate x criaturas". Ainda assim, o jogo traz algo interessante: as narrativas dessas missões.

A grande maioria das missões secundárias serve para expandir ainda mais esse universo, trazendo informações relevantes sobre diversos elementos ou apresentando o passado dos personagens, até mesmo os vendedores acabam ganhando mais profundidade com isso. Alguns fatos até mesmo importantes para a trama acabam sendo revelados durante essas missões.

Os principais companheiros ainda contam com missões secundárias divididas em várias etapas, com longas quests que vão se desenvolvendo conforme a campanha principal avança. Isso ajuda muito a criar um laço maior com a equipe de Clive.

Temos também o retorno das caçadas. No esconderijo de Clive, é possível pegar desafios no Quadro de Caçadas, as quais trazem inimigos únicos ou variações mais fortes de outas criaturas. É aqui que encontra-se os maiores desafios dos jogos, com algumas das batalhas até mesmo exigindo que eu retornasse posteriormente em nível maior.

Essas caçadas acabaram sendo muito divertidas de se fazer, trazendo batalhas que sempre exigiam mais do jogador, com inimigos mais agressivos. Essas caçadas também trazem materiais únicos para criar equipamentos mais fortes.

E obviamente não seria um Final Fantasy se não fosse acompanhado de uma ótima trilha sonora. Cada momento é realçado com belas melodias tocando, especialmente durante o combate, conforme a música vai se adaptando aos acontecimentos.

O jogo ainda traz muito conteúdo para se aproveitar. São diversas missões secundárias, caçadas e até mesmo um modo desafio onde você passa por diversos níveis tendo que enfrentar inimigos com um conjunto especifico de habilidades. Para completar a campanha e todas as missões secundárias levei um pouco mais de 70 horas.

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Alguns contratempos leves

Embora seja um excelente jogo, Final Fantasy XVI ainda traz alguns contratempos. Sua performance sem dúvidas acaba deixando a desejar em alguns pontos. Tendo jogado no Modo Gráfico não tive tantos problemas, mas o Modo Performance acabou apresentando algumas quedas em certas partes. Mapas mais abertos, especialmente quando cheio de inimigos, acabaram trazendo algumas quedas na performance.

Apesar das missões secundárias contaram com narrativas interessantes e fortes, como mencionado anteriormente, acabam entregando objetivos às vezes muito simples e rasos, caindo certas vezes na repetitividade.

Conclusão

Final Fantasy XVI sem dúvidas se tornou o meu título favorito da franquia nos últimos anos, entregando uma história forte e madura, com um elenco de personagens carismáticos e uma gameplay de ação que soube trazer uma excelente variedade. O nível de produção também é o maior até hoje já apresentado na franquia.

Me senti vibrando em diversos momentos chaves da campanha de tanta empolgação, com a equipe entregando um nível de espetáculo incrível. A sensação foi de voltar a época do PlayStation 2, no bom sentido, entrando em uma aventura fantasiosa e mágica.

9.5
favorite
Nota
Final Fantasy XVI entrega um combate em ação divertida e uma jornada épica, sendo o grande retorno da franquia.
Prós
  1. Combate dinâmico com diversas possibilidades
  2. Mundo belo e variado
  3. Apresenta algumas das melhores lutas de chefes da franquia
  4. Lutas com Eikon são um espetáculo
  5. História madura e complexa
Contras
  1. Performance não está 100%
  2. Missões secundárias com objetivos simples
Vinicius
Vinicius #VSDias55
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