Análise | Biomutant

Animais lutando Kung Fu é uma temática que já vem há muito tempo sendo explorada nas mídias. A editora Bandai Namco é a próxima a apostar nessa premissa, com a desenvolvedora novata Experiment 101 nos entregando Biomutant.

Muita antecipação vem se criando ao redor desse jogo, com o título chamando a atenção dos jogadores pela sua bela arte, combate promissor e um mundo aberto para se explorar, trazendo muito conteúdo.

Mas embora traga uma proposta interessante, será que o jogo consegue entregá-la de forma satisfatória?

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Em Biomutant, o mundo está à beira da destruição, com quatro seres gigantes e poderosos ameaçando acabar com a Árvore da Vida, a qual server como a base do mundo. Sua missão é derrotar essas criaturas e salvar a Árvore. Isso se você quiser é claro.

O mundo está dividido em diversas tribos com pensamentos diferentes. Enquanto um lado acredita que a Árvore da Vida precisa ser salva para que o mundo continue, outro afirma que o mundo precisa ser destruído para que a vida possa recomeçar do zero. Durante sua jornada, você terá que decidir qual lado irá tomar, se aliando às tribos que condizem com sua visão.

Durante o jogo você também terá diversas escolhas para fazer, seja ajudar um desconhecido ou proteger uma vila. Isso tudo mudará seu compasso moral, representado por uma espécie de "anjo" e "demônio" sobre seus ombros que estão em constante batalha para convencer você a seguir certo caminho.

Todas essas escolhas culminarão em um final condizente com o lado que você tomou durante a aventura.

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Com as tribos tendo pensamentos diferentes, elas estão em constante conflito. Em cada parte do mapa terá tribos disputando pelo controle da região, cabendo a você decidir quem sairá vencedora.

Ao se unir a uma tribo, você precisará ajudá-la a combater os rivais na região, atacando os acampamentos inimigos. As tribos do bem, que buscam salvar a Árvore da Vida, só desejam que todas as tribos possam viver em harmonia. Já as tribos com compasso moral inverso, preferem destruir seus rivais.

Quando você finalmente consegue derrotar a tribo rival, ela será destruída ou se juntará a você, dependendo com quem você decidiu se unir inicialmente. No entanto, o jogo não força você a seguir sempre o mesmo caminho. Só porque você decidiu se aliar a uma tribo do bem em uma região, não significa que precisará fazer o mesmo nas outras.

Cada tribo possui seu próprio líder, o qual vira um aliado para o seu personagem quando você se une a eles. Além disso, ao levar uma tribo à vitória, você será premiado com armas ou montarias especiais, cada uma com a marca da tribo.

Isso tudo dá uma maior profundidade ao jogo, parecendo um mundo realmente vivo, com seus personagens em constante conflitos tentando alcançar seus objetivos em relação ao que acreditam.

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Ao começar o jogo, sua primeira tarefa será criar o personagem que irá controlar durante o jogo. Embora o jogo não te dê controle total sobre a criação, ainda assim é possível fazer criaturas bem diferentes e características. Você cria seu personagem com base nos status. Um personagem mais inteligente terá uma cabeça maior, enquanto um mais forte terá um corpo mais musculoso.

Cada classe começa com equipamentos, habilidades e skills diferentes, embora isso não faça uma grande diferença ao longo do jogo. No entanto, há diversas habilidades para serem liberadas durante a aventura, as quais acabaram me surpreendendo, sendo bem divertidas de se usar.

Muitas das habilidades servem de grande ajuda durante os confrontos, seja causando grandes danos aos inimigos ou ajudando a esquivar dos ataques deles. No entanto, um dos pontos mais interessantes é que muitas das habilidades servem mais do que apenas para o combate, podendo ajudar na hora da exploração.

Um exemplo é a habilidade de criar um cogumelo embaixo do inimigo, arremessando ele para o ar. No entanto, você pode criar um cogumelo para você mesmo, te ajudando a chegar em locais mais altos. Isso tudo mostra como as habilidades foram bem pensadas pela desenvolvedora, se encaixado perfeitamente dentro da proposta do jogo.

Os status do personagem também possuem influência sobre o mundo e seus NPCs. Um personagem com carisma maior conseguirá convencer mais facilmente os outros a entregarem informações, enquanto uma inteligência maior permitirá que você tenha mais tentativas nos puzzles espalhados pelo mapa.

O enorme nível de variedade de equipamentos também estimula muito o jogador a sempre estar personalizando o seu personagem. O jogo conta com roupas simples e casuais, como calça jeans e blusas, até armaduras de samurai. Pessoalmente, passei muito tempo escolhendo um visual perfeito para o personagem e isso só me incentivava a explorar ainda mais o mapa atrás de equipamentos novos.

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Com uma proposta estilo Kung Fu, era esperado muito do seu combate. E em grande parte, ele consegue entregar algo divertido. O combate do jogo tem estilo, e os movimentos do personagem realmente passam uma sensação de lutador de artes marciais.

Embora inicialmente o combate possa parecer simples, pela falta de combos, ele vai progredindo conforme você avança no jogo. Novas habilidades dão maior profundidade ao jogo, e combos começam a ser liberados.

O combate é rápido e incentiva a estar sempre se movimentando, seja esquivando, pulando ou defendendo. Ao menos na maior dificuldade, descobri que ficar parado na frente do inimigo apenas atacando é a fórmula perfeita para a morte.

Ficar defendendo direto também não é uma possibilidade aqui, apenas defesas rápidas que servem como parry. Caso consiga defender na hora certa, inimigos leves serão arremessados para o ar onde você poderá realizar um combo, enquanto inimigos pesados são derrubados para que você possa montar neles.

O jogo também incentiva o uso constante de combos. Ao encadear três combos diferentes seguidos, seu personagem consegue entrar em um modo especial, onde seus ataques são muito mais rápidos e precisos.

Armas de longo alcance também são uma opção. Em Biomutant elas não são apenas armas secundárias, as armas de fogo são poderosas e o jogador pode escolher se focar apenas nelas caso deseje, com skills próprias para elas.

Tanto as armas corpo a corpo quanto as de longo alcance podem ser totalmente personalizadas ou até mesmo criadas do zero, permitindo que você escolha a lâmina, cano, empunhadura e muitos outros aspectos das armas.

Enfrentar as quatro grande feras do jogo também são um desafio interessante. Elas apresentam combates diversificados, onde você precisa completar missões para os NPCs para conseguir equipamentos ou veículos capazes de derrotar eles.

No geral, o combate é divertido, e você passará muito tempo se movimento, tudo é muito frenético e rápido, especialmente enfrentando as criaturas gigantes. No entanto, algo me incomodou um pouco durante o jogo.

Os ataques, tantos os dos seus personagem quanto o dos inimigos, parecem carecer de um certo peso, tudo é muito solto e leve. Várias vezes nem parecia que eu estava realmente conectado o ataque no inimigo.

Isso no começo foi um pouco incômodo, mas com o passar do tempo fui me acostumando, e o combate e as habilidades divertidos acabaram suprindo esse problema. Mas esse é um ponto que poderia ter sido melhor apresentado.

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Aqui entramos no grande trunfo do jogo. Para aqueles que amaram se perder no mundo de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Biomutant pode ser como um novo lar para esses jogadores.

Embora o começo do jogo seja mais linear, assim que o mundo se abre você poderá explorá-lo livremente. Há muita coisa para se encontrar aqui e é fácil se perder da missão principal da campanha.

Como todo jogo de mundo aberto, há diversos pontos em seu mapa, mostrando locais importantes. No entanto, às vezes sair um pouco desse trajeto para visitar locais não marcados pode ser interessante. Você pode acabar encontrado um vilarejo sendo atacado, duas tribos se enfrentando ou quem sabe alguma cidade destruída com tesouros te esperando.

Essas cidades destruídas podem não ter vida nelas, mas trazem muitas informações sobre o mundo. Nelas você poderá descobrir mais sobre esse universo, aprendendo como o mundo antigo funcionava e como a antiga civilização foi aos poucos se destruindo.

Você possui diversas montarias a sua disposição, podendo domesticar animais selvagens. Os veículos também são ferramentas importantes para se locomover pelo mundo, seja no chão ou na água, além de permitirem modificações para torná-los melhores.

Alguns caminhos estarão incialmente bloqueados durante sua aventura, exigindo algum item ou melhoria para um dos seus veículos. Isso adiciona um interessante toque de metroidvania para o jogo, incentivando ainda mais a exploração.

Quanto às missões, não espere nada muito complexo. No geral elas são simples, mandando você coletar algum item ou simplesmente acabar com um acampamento inimigo, tanto nas secundárias quanto nas principais.

O mundo conta com vários NPCs, e embora alguns possuam história bem interessantes, a forma como eles se expressam me incomodou um pouco. Talvez seja questão de gosto pessoal e não um problema real, mas o fato de nenhum dos diálogos serem conversas diretas entre os personagens, mas sim um narrador explicando o que acabou de ser dito.

Durante o jogo todo você só ouvirá praticamente uma única voz, a do narrador, a qual descreve tudo que acontece no jogo, desde os momentos mais calmos, enquanto caminha pelo mundo, até as conversas com os outros personagens.

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Biomutant é um jogo com uma premissa diferenciada, que busca entregar uma experiência livre e única, com um combate de artes marciais completo. E em grande parte, o jogo consegue acertar.

Seu mundo é vasto e gostoso de se explorar, escondendo muitos segredos e desbloqueáveis. Há muito o que se encontrar pelo mapa, seja equipamentos, missões ou segredos sobre o passado desse universo.

O combate é competente, trazendo uma boa variação de habilidades que em grande parte são úteis e divertidas de se usar. Um pouco mais de peso nos golpes traria uma sensação melhor, mas ainda assim não deixa de ser frenético e muitas vezes desafiador.

Caso venha esperando uma história ou estrutura de missões complexas, talvez possa sair um pouco decepcionado. No entanto, caso entre de cabeça querendo uma experiência de exploração em um mundo no qual você poderá se perder, então você terá uma experiência prazerosa com muitas horas de conteúdo pela frente.

Biomutant foi jogado na versão de PC com chave concedida pela editora.