Você odiou, mas eles estavam certos: 11 vilões dos games incompreendidos

Por trás do caos, havia um plano com boas intenções

A vida inteira os heróis são exaltados como a única fonte de justiça, mas e quando os vilões fazem sentido? Muita das vezes, o ponto de vista deles revela críticas legítimas a sistemas corruptos, dilemas morais ou até soluções radicais para problemas reais de seus universos. OBS, o artigo inclui spoilers.

Suas motivações podem ser complexas, e, em alguns casos, suas ações têm uma lógica que desafia a visão tradicional de bem e mal. Esta lista reúne vilões dos games que, de alguma forma, estavam “certos” em suas intenções, mesmo que seus métodos fossem extremos.

Handsome Jack de Borderlands 2

Borderlands 2 — Handsome Jack

Handsome Jack chega a Pandora dizendo que, sob o comando da Hyperion, a lua de Atlas se tornaria um lugar mais organizado: ele prometia água potável, remédios, emprego e segurança. Em um planeta regido por senhores da guerra sanguinários e saqueadores, à primeira vista essa promessa de paz pela força até soa atraente.

O ponto em que a coisa desanda, e faz dele um vilão, é que Jack mesmo se coloca acima da lei: manipula a Angel, explora trabalhadores da Hyperion como peões descartáveis e manda matar qualquer um que ouse questioná‑lo. Ou seja, ele denunciava bem o problema (o caos e a ganância desenfreada), mas adotou métodos ainda piores para resolvê‑lo.

Saren Arterius de Mass Effect

Saren-Arterius vilões dos games

Desde o primeiro contato, Saren percebe que os Reapers representam uma ameaça existencial: espécies inteiras são apagadas ciclicamente. Enquanto muitos na cúpula do conselho preferem ignorar ou subestimar o perigo, ele defende uma postura proativa.

Embora suas intenções iniciais soem legítimas, ele acaba sendo controlado pelo próprio imenso aparato dos Reapers. Aí está o ponto em que sua solução radical se torna tragédia, ilustrando o perigo de confiar em forças que não podemos dominar.

Slave Knight Gael de Dark Souls 3

Gael

Embora não seja um vilão no sentido tradicional, sua trajetória revela motivações profundas que fazem sentido dentro do universo de Dark Souls. Gael parte em busca do “Dark Soul” final para oferecer pigmento negro à pintora, permitindo‑lhe criar uma obra que preservasse a memória da humanidade após o apocalipse. Sua causa é evitar o esquecimento total dos ciclos de fogo e trevas.

Ao longo da jornada, Gael se transforma num monstro sedento, mas isso é consequência direta de sua determinação em cumprir o juramento, mesmo que isso signifique destruir tudo em seu caminho. Gael devora povos inteiros, corrompe seu corpo e destrói territórios na caça ao fragmento final.

Joel Miller de The Last of Us

Joel

Ao longo da jornada, Joel perde a própria filha no início do surto e depois cria um laço profundo com Ellie. Sua escolha de salvá‑la a qualquer custo nasce desse amor, é a proteção de uma vida singular que para ele vale mais que um potencial cura para todos.

Um grupo pretende usar Ellie, sacrificando‑a para criar uma cura. Joel questiona se é justo tirar a vida de uma pessoa inocente (e querida) numa operação arriscada que nem garante sucesso. Ao invadir o hospital, ele aniquila os Vagalumes e impede a operação. É um massacre brutal que condena a humanidade a continuar vulnerável, mas, para Joel, salvar Ellie justifica a violência.

A Família Hackett de The Quarry

The-Quarry

Os Hackett tentam libertar Silas, um lobisomem, para acabar com uma maldição que afeta sua família. Suas ações, embora trágicas, visam proteger seus filhos e resolver um problema sobrenatural. Eles agem por amor e desespero, o que torna suas escolhas compreensíveis.

Os Hacketts não expõem falhas de sistemas maiores, não há denúncia de corporações, instituições religiosas ou governos, nem reflexão sobre poder e desigualdade. Eles simplesmente são vítimas de uma maldição ancestral e respondem com ritualismo macabro.

Bode Akuna de Star Wars Jedi: Survivor

Bode

Bode Akuna faz um acordo com o Império para proteger sua filha, Kata, em um universo opressivo. Sua traição é motivada pelo amor paternal, e ele acredita que é a única forma de garantir a segurança dela, mesmo que isso custe a vida de aliados.

O personagem tenta proteger Kata a todo custo, mas suas ações acabam causando mais dor do que proteção, tanto para ela quanto para os outros personagens do jogo. Bode Akuna exemplifica bem o vilão que estava certo porque seu objetivo sempre foi proteger sua querida filha.

Kessler de Infamous

Kessler

Ao contrário de Cole, que se guia pelo impulso do momento, Kessler enxerga a catástrofe do Beast chegando e sabe que só uma preparação rigorosa poderá salvá‑los. Ele treina Cole para entender seus poderes e resistir às consequências, mesmo que isso signifique manipulá‑lo emocionalmente.

Kessler sacrifica pessoas porque acredita que, sem uma atitude radical, o Beast aniquilará toda a população. Kessler acerta ao diagnosticar a urgência real do Beast e ao perceber que somente um Cole devidamente moldado teria chance contra ele. Seu erro não foi a visão do perigo, mas a forma implacável como tentou preparar o mundo para isso.

Edgar Ross de Red Dead Redemption

Edgar-Ross

Como agente do governo dos EUA, Edgar Ross vê o Velho Oeste como um território sem lei, entregue a foragidos e bandidos que aterrorizam civis. Sua missão de levar ordem e autoridade estadual às regiões mais afastadas reflete uma necessidade real: poucas pessoas iam até as fronteiras buscando justiça legítima.

Edgar Ross força John Marston a caçar sua antiga gangue para impor a lei no Velho Oeste. Embora seus métodos sejam manipuladores, ele busca trazer ordem. O que o coloca no papel de vilão são os meios que usa, e no fim, ele também se livra do membro final da gangue, o próprio protagonista.

Revolver Ocelot de Metal Gear Solid

Revolver-Ocelot

Ocelot compartilha da devoção de The Boss e Big Boss ao legado de soldados: ele sabe que muita coisa é manipulada por governos para seus próprios interesses. Ao vasculhar documentos, criar disfarces e até manter arquivos secretos, ele quer expor que a história oficial esconde crimes de guerra e traições.

Ocelot trabalha como agente triplo para libertar a humanidade do controle dos Patriots, usando manipulações complexas para alcançar seu objetivo de liberdade. O equívoco dele está em assumir que fins autoritários justificam meios autoritários: manipular aliados, forjar conspirações e sacrificar vidas inocentes para cimentar a ordem que ele considera necessária.

Haytham Kenway de Assassin’s Creed III

Haytham-Kenway

Como membro da Ordem dos Templários, Haytham enxerga as colônias americanas como um terreno caótico, dominado por conflitos entre colonos, índios e forças britânicas. Para ele, um governo forte, ainda que autoritário, garantiria segurança, infraestrutura e desenvolvimento econômico, evitando que a terra de oportunidades se tornasse um estábulo de bandeiras em disputa.

Sua aliança inicial com o governador britânico e seu envolvimento em tramas secretas o colocam em rota de colisão com Connor. Mesmo assim, muitas das instituições que ele ajudou a fortalecer serviriam futuramente de base para a prosperidade dos Estados Unidos. Haytham acerta ao identificar que uma nação saudável precisa de leis claras, tribunais independentes e infraestrutura eficaz.

Letho de The Witcher 2

Letho

Letho executa monarcas dos Reinos do Norte porque acredita que, sem reis inflacionando tensões e alianças instáveis, Nilfgaard teria menos razão para invadir. Em sua visão, remover líderes poderia até pavimentar um caminho para a paz. Sua estratégia é implacável: traição, disfarces e mortes brutais.

Letho assassina reis para reviver a Escola da Víbora, protegendo os bruxos. Sua lealdade aos seus aliados e sua visão de um futuro para sua ordem tornam suas ações compreensíveis. Ele mantém sua própria bússola moral, poupando quem considera honesto ou desinteressado em política.

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