Análise | Dragon Quest III HD-2D Remake
Recriar um jogo antigo para os dias atuais certamente não é uma tarefa fácil, especialmente para uma franquia tão amada quanto Dragon Quest. Com Dragon Quest III HD-2D Remake, a Square Enix buscou trazer a mesma experiência, mas com uma roupagem nova.
Desde o lançamento de Octopath Traveler, os jogos HD-2D da empresa caíram no gosto dos jogadores e os visuais tem sido utilizados em muitos projetos. E com Dragon Quest, o estilo gráfico casou perfeitamente bem.
Nesse estilo, Dragon Quest III HD-2D é sem dúvidas o trabalho mais belo da Square Enix. Cada cenário se destaca graças a suas cores saltitantes e o trabalho primoroso que a equipe fez com a iluminação. Embora a base visual seja a mesma do original, a roupagem nova conseguiu dar um visual muito mais moderno.
O destaque do título fica para o fato de conseguir adaptar a arte do original a esse novo estilo visual com maestria. A fusão do visual HD-2D com o arte do grande Akira Toriyama sem dúvidas elevou o nível do jogo.
IMAGEaHR0cHM6Ly93d3cuZ2FtZXZpY2lvLmNvbS9zdGF0aWMvaW1hZ2Vuc191cC9iaWcvMTE2LzExNTg2OS53ZWJw
Dragon Quest é um jogo sobre se aventurar em um mundo de fantasia e esse remake é a exemplificação mais clara disso. A história é simples e não foge do padrão que já estamos acostumados, mas o senso de aventura é único.
Viajar pelo mundo, encontrar NPCs e locais novos, é sempre prazeroso de se fazer. O mundo de Dragon Quest III conta com muitos segredos e aqui a exploração é recompensada. Você pode explorar cada cantinho do mundo por conta própria ou conversar com os NPCs nos vilarejos, os quais sempre fornecem dicas de locais que valem a pena visitar.
Sendo um jogo tão antigo, é esperado que o jogador não seja carregado pela mão. Aqui você precisa resolver os desafios e achar o próprio caminho por conta própria, o que dá ainda mais aquela sensação de aventura em um mundo desconhecido. No entanto, essa experiência fiel ao original é opcional, com o remake trazendo várias configurações que facilitam a jornada para quem desejar, incluindo um marcador de missões.
A narrativa central em si não traz nenhuma surpresa para quem já jogou diversos jogos do gênero. Ela acompanha um jovem que parte em uma missão de derrotar um mal que ameaça o reino, tendo sido enviado após o seu pai ter fracassado na missão.
Narrativamente, os momentos mais interessantes foram sem dúvidas as adições dos flashback de Ortega, o pai do protagonista. Essas cenas trazem uma construção de mundo bem interessante, aprofundando mais na história dos pais do protagonista. Isso permite que Ortega se torne mais que uma simples muleta narrativa, mas sim um personagem próprio dentro da história.
Outra adição bem interessante é a adição de vozes para os personagens durante a campanha. Contando agora com uma atuação, os personagens conseguem se destacar mais e o trabalho dos atores ficou excelente.
Deixo aqui também um destaque para a trilha sonora do jogo. A Square Enix sempre entrega composições de alto nível, e com Dragon Quest III não é diferente. Seja vagando pelo mundo ou participando de batalhas, os temas musicais são sempre belos e agradáveis.
IMAGEaHR0cHM6Ly93d3cuZ2FtZXZpY2lvLmNvbS9zdGF0aWMvaW1hZ2Vuc191cC9iaWcvMTE2LzExNTg3MS53ZWJw
Para sua época, Dragon Quest III certamente não se popularizou pela sua história, mas sim pelo seu gameplay. O combate pode não ser algo revolucionário atualmente como foi lá atrás, mas ainda é uma experiência bem competente.
O jogo se mantém com combate em turnos. Aqui a fórmula foge um pouco do padrão, sendo que a invés de cada personagem ter seu turno próprio, você ao invés disso decide todas as ações em conjunto e elas então são colocadas em prática por ordem de personagem.
Esse estilo pode ser mais desafiador, já que um imprevisto pode acabar sendo fatal. Ainda assim, isso só força o jogador a ser mais estratégico, especialmente quanto ao uso de buffs e debuffs.
Um aspecto bem interessante do jogo é como ele lida com seu sistema de classes. Você pode levar até 3 membros com você na party e selecionar a classe de cada um deles. No entanto, essa seleção é bastante dinâmica.
Após atingir um certo nível com uma classe, você tem a opção de alterar o personagem para outra. É ai que entra o brilho do sistema de classes do jogo, pois ao trocar, você mantém uma parte dos status e habilidades da classe antiga.
Esse sistema é bastante fluído, permitindo criar umas combinações de build bastante interessantes. O seu sistema de classe foi um dos motivos de Dragon Quest III ter se destacado tanto no passado e até mesmo nos dias de hoje continua sendo bastante competente. O remake ainda trouxe algumas habilidades inéditas para cada classe, dando mais profundidade ao seu sistema de combate.
Por falar em novas adições, a opção de capturar monstros é sem dúvidas uma das mais divertidas e que mais irá ocupar os jogadores. A nova classe Monster Wrangler consegue capturar monstros e usar as habilidades deles durante o combate.
Embora pareça um pouco quebrada devido ao seu alto potencial de dano, é uma classe extremamente divertida de usar. E é claro, esse sistema de capturar monstro brilha ainda mais ao chegar na nova arena. Na Arena de Monstros, você pode colocar suas criaturinhas capturadas para lutar contra outros monstros e ganhar prêmios.
IMAGEaHR0cHM6Ly93d3cuZ2FtZXZpY2lvLmNvbS9zdGF0aWMvaW1hZ2Vuc191cC9iaWcvMTE3LzExNjM3NC53ZWJw
O remake ainda traz diversas outras melhorias que ajudam a tornar a experiência de Dragon Quest III mais moderna e aceitável para o público moderno, seja adições de viagem rápida ou checkpoints antes das batalhas.
É claro, a grande mudança do jogo é o seu visual e a base se mantém a mesma. É preciso considerar que Dragon Quest III é um produto do seu tempo e pode acabar não agradando a todos.
Aspectos como um sistema de encontro por turnos com uma taxa bastante elevada ou uma história com pouca profundidade eram coisas comum no passado. Se você irá gostar ou não do jogo dependerá totalmente da sua tolerância para tais questões.
Por algum motivo, a Square Enix continua sem localizar seus jogos menores. A falta de uma legenda em português se torna ainda mais notável em um título de RPG como Dragon Quest III.
Conclusão
Dragon Quest III HD-2D Remake é uma viagem ao passado, captando com perfeição a experiência do original, mas com um visual mais moderno. É um jogo divertido, com um senso de aventura que só a franquia consegue passar.
O jogo ainda continua sendo um produto de sua época, e encontros aleatórios a cada passo e uma narrativa sem tanta profundidade pode afastar alguns. No entanto, aqueles que derem uma chance irão se encantar com um uma das experiências mais clássicas do gênero.
- Incríveis visuais HD-2D que adaptam a arte do original
- Grande senso de aventura
- Muito conteúdo inédito e melhorias na experiência
- Sistema de classe dinâmico
- Bela trilha sonora
- Alta taxa de encontros aleatórios pode afastar alguns
- Narrativa bastante simples
- Falta de legendas em Português