Análise | The Callisto Protocol

Análise | The Callisto Protocol

Uma nova aposta no gênero do terror. Será que valeu a espera?
#Games Publicado por Vinicius, em

O cenário de jogos de terror por muito tempo dependeu de jogos independentes para permanecer vivo, mas parece que estamos presenciando um retorno do gênero ao mercado AAA, com diversos grandes lançamentos planejados para o futuro.

O mais promissor desses projetos é sem dúvidas The Callisto Protocol, novo título de Glen Schofield, conhecido como criador da franquia Dead Space. Com tantas promessas sendo feitas pelo estúdio, será que o jogo consegue entregar o prometido?

Muito se brincou antes do lançamento a respeito das declarações do estúdio de que The Callisto Protocol seria um projeto "AAAA". Se o jogo merece tal denominação não sei dizer, mas em questão técnica ele consegue surpreender, entregando algo muito acima do padrão atual.

Os visuais de The Callisto Protocol estão entre os melhores que você verá, com cenários extremamente detalhados e uma ambientação de cair o queixo. O modelo dos personagens em especial é de encher os olhos. Esse é um título realmente de nova geração.

Por falar em ambientação, não é só no visual que a equipe acertou, mas também no design de som. Seja os sons de criaturas andando pelos dutos de ar, estalos vindo de cima ou vozes que parecem ter surgido do nada, tudo contribui para deixar a atmosfera mais pesada. O trabalho ficou excelente, sendo essencial jogar de fone de ouvido.

Entrando no gameplay, The Callisto Protocol se distancia um pouco de Dead Space. Aqui o foco não são as armas de fogo, já que as munições são algo bem escasso e devem ser usadas com cautela. Você em vez disso passará a maior parte do tempo usando seu bastão.

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O combate do jogo funciona de forma bem prática, bastando colocar o analógico para qualquer lado na hora que o inimigo atacar para fazer uma esquiva que encaixa de forma orgânica no gameplay. Durante o combo de um ataque inimigo você precisa constantemente alternar o lado para o qual esquiva esperando uma brecha.

O combate é quase uma dança e tudo funciona de forma bem natural. Atacar os inimigos com o seu bastão traz uma sensação prazerosa graças a brutalidade do combate e desmembrar os inimigos podem trazem diferentes benefícios. Arrancar as pernas faz com que eles tenham que se rastejar, diminuindo sua velocidade, enquanto remover um braço impede que eles façam combos de ataques.

Enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo pode ser um pouco caótico, já que você tem uma visão estreita apenas do que está a sua frente, mas isso faz parte da experiência. O nervosismo de enfrentar um inimigo sabendo que há outro nas suas costas é algo que consegue mexer com o jogador.

The Callisto Protocol não tem medo de mostrar violência e sangue. O jogo traz diversas mortes brutais, com várias finalizações onde o protagonista e os inimigos morrem das mais bizarras e cruéis formas. No entanto, após algumas mortes repetidas nas partes mais difíceis do jogo, pode ser um pouco cansativo ver as mesmas animações de morte longas várias vezes seguidas.

Assim como os trabalhos anteriores do diretor, The Callisto Protocol tenta trazer alguns elementos de terror, com alguns jumpscares espalhados e uma ambientação mais pesada. No entanto, a tensão fica por conta de saber se conseguirá enfrentar um grupo de inimigos sabendo que seus recursos estão no fim.

Embora o jogo tenha sido vendido muitas vezes como um jogo de terror, em uma visão mais ampla de sua proposta, o jogo se aproxima muito mais de um título de ação do que terror, focando-se muito em seu combate corpo a corpo. Se isso é algo bom ou ruim dependerá das suas expetativas com o jogo.

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Como tantos outros survival horror, o jogo traz grande foco no gerenciamento de inventário. O espaço para itens é extremamente limitado, então cabe ao jogador decidir o que irá priorizar. A todo momento você terá que decidir se prefere carregar mais uma caixa de munição ou um objeto valioso que permitirá desbloquear melhorias para armas.

A exploração também é um ponto em que The Callisto Protocol se sobressai. O estúdio adicionou diversos caminhos secundários durante a campanha, os quais são facilmente perdíveis. Eles muitas vezes levam a itens que dão uma boa quantia de dinheiro e alguns até para armas novas, o que significa que você pode acabar perdendo definitivamente um dos armamentos disponíveis no jogo.

Embora a construção de universo do jogo seja interessante, trazendo algumas revelações na trama que conseguem chamar atenção. Infelizmente aqueles que esperavam uma narrativa mais forte provavelmente irão se decepcionar.

O jogo traz uma narrativa simples, o que não seria um problema por si só, mas ela costuma ser muito espaçada onde nada parece realmente acontecer, apenas mandando o protagonista de um lado para o outro. A parte final do jogo também parece ter ficado faltando algo a mais, com o jogo passando a sensação de que tudo foi apenas um grande prólogo para uma história que ainda está por vir.

Talvez seja injusto comparar com Dead Space, mas a variedade de armas em The Callisto Protocol também deixa a desejar levando em conta seu irmão mais velho. Enquanto no antigo jogo do desenvolvedor tínhamos diversas armas com funções diferentes, aqui todas parecem tão iguais e básicas que é difícil não sentir que poderia ter sido algo mais caprichado.

A duração também pode decepcionar alguns jogadores. The Callisto Protocol levou menos de 10 horas para ser concluído, isso aproveitando tudo o que o jogo tinha a oferecer e jogando na maior dificuldade disponível. A falta de conteúdo pós-jogo como um modo New Game Plus acaba agravando ainda mais esse problema.

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Conclusão

The Callisto Protocol é um jogo que esbanja qualidade técnica, sendo um dos jogos mais bonitos e animados da geração. O jogo ainda traz um combate corpo a corpo visceral e divertido, com uma ambientação de alto nível.

Infelizmente alguns problemas na variedade e quantidade de conteúdo, combinados com uma história que deixa a desejar acabam afetando a estreia do estúdio. Para quem espera um jogo de terror, também ficará decepcionado com o fato do jogo pender muito mais para o lado da ação.

8.3
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Nota
Um começo promissor para o estúdio, mas que esbarra em alguns contratempos.
Prós
  1. Visuais incrivelmente impressionantes
  2. Combate visceral e estratégico
  3. Diversos caminhos secretos para explorar
  4. Jogo não tem medo de ser brutal e violento
Contras
  1. História sem força e apressada
  2. Falta de variedade no conteúdo
  3. Duração extremamente curta
Vinicius
Vinicius #VSDias55
Equipe do Site, Florianópolis
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