Crítica | Os Croods 2: Uma Nova Era

08 anos depois do sucesso de Os Croods (2013) a DreamWorks lança a sequência da família pré-histórica mais simpática do cinema. Os Croods 2: Uma Nova Era (The Croods: A New Age) sofreu com adiamentos sucessivos devido a pandemia. Era para ter sido lançado no começo de 2021, mas teve que esperar as férias do meio do ano para chegar às telonas. Mas será que valeu a pena a espera?

Nesta sequência, vemos a família Crood vagando pelo mundo, sempre em busca de comida, um lugar para dormir e fugindo dos inúmeros predadores que tentam comê-los. O bando, como a família é chamada pelo patriarca Grug Crood (voz de Nicolas Cage), está em busca de um lugar chamado “Amanhã” que, segundo Guy (voz de Ryan Reynolds), é um oásis em meio ao deserto, com segurança, conforto e fartura de comida.

E, de fato, eles encontram esse paraíso no meio do nada e cercado por muros. Lógico que esse lugar tem dono. Ou melhor, donos. A família Bemelhor (Bettermen, em inglês) é a dona do lugar. Ela é formada por Bem (voz de Peter Dinklage), Esperança (voz de Leslie Man) e Aurora, a filha do casal (voz de Kelly Marie Tran).

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Como o sobrenome da família deixa bem claro, os “Bettermen” são uma espécie de seres humanos evoluídos. Eles não possuem traços grosseiros nem corpos musculosos. Usam mais a inteligência e são mais educados também. Nem parecem humanos pré-históricos e sim uma versão hippie dos humanos modernos. Usam roupas leves, sandálias, colares e até penteados diferentes.

E é justamente aí que os problemas começam. As duas famílias são diametralmente diferentes uma da outra. E começam a haver diversos embates culturais que ameaçam desfazer o bando dos Croods e separar a família para sempre.

A história, como você pode ver no tópico acima, é bem simples. Mas o filme em si é uma viagem que chega a ser até psicodélica em alguns momentos. Acredito que os roteiristas (4 no total) estavam meio chapados na hora de escrever o roteiro.

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Todas as histórias e aventuras são meio nonsense, mas que certamente vão divertir as crianças e até mesmo os adultos. Os absurdos são tão grandes que não tem como não rir. Os roteiristas criaram animais diferentes. Na verdade, misturas de animais, como a focalinha e o lobo-aranha. E também animais inusitados, como os mico-murros, que se comunicam através de socos na cara.

O filme por inteiro é muito bem colorido. As cores são vibrantes e saltam aos olhos. Por isso que eu disse que o filme é meio psicodélico. As frutas, plantas, bichos, paisagens… tudo é muito colorido aqui. Com certeza um prato cheio para as crianças!

E, aproveitando o ensejo, a parte técnica deu um salto significativo nesses 8 anos de hiato. Se compararmos a animação do primeiro filme com a do atual, percebemos facilmente o avanço tecnológico. As texturas, os movimentos e até as expressões faciais estão mais realistas. Em alguns momentos é possível perceber os pelos dos animais com tanta textura que quase dá para sentir o toque. Ponto super positivo para a DreamWorks.

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No entanto, nem tudo são flores. Enquanto o roteiro e a direção de arte acerta no design dos personagens, dos animais e dos cenários, eles erram na criação e direção dos arcos narrativos.

Por exemplo, o filme começa com um flashback mostrando como os pais de Guy morreram e como ele seguiu sua vida sozinho. Parece que o filme vai se aprofundar mais neste personagem, que foi um dos principais no primeiro filme. Mas não. Esse arco é abandonado e pouco sabemos sobre a vida do Guy antes de conhecer a família Crood. O personagem se limita a ser apenas um objeto romântico para Eep.

Depois o roteiro se volta para o ciúme que o patriarca da família sente de sua filha (Eep) e seu relacionamento com Guy. Ele tem medo de que sua filha deixe o bando e vá viver sozinha com o rapaz. Esse arco não é abandonado, mas é deixado bem de lado, sendo revisitado apenas algumas vezes, mas sem tanta profundidade.

A impressão que fica é que os roteiristas quiseram tocar em muitos temas ao mesmo tempo: família, solidão, choques culturais, empoderamento feminino, etc. Mas não conseguem abordar nenhum deles com profundidade. Seria mais interessante se tivessem se focado apenas em uma temática e tratado sobre ela com um pouco mais de profundidade.

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Mesmo assim, o tema que surgiu com mais força em Os Croods 2: Uma Nova Era foi o feminismo. Ou empoderamento feminino. A personagem Eep aparece mais madura e mais segura sobre tudo o que quer.

Além disso, o roteiro poderia facilmente até ter desbancado para um triângulo amoroso envolvendo Eep, Guy e Aurora. Ele até flerta com essa possibilidade em alguns momentos, mas, felizmente, os roteiristas também abandonam essa ideia com rapidez. Ao invés de termos duas mulheres disputando e brigando por um homem, temos duas mulheres que ficam amigas e vivem divertidas aventuras sozinhas.

Por fim, quem resolve o problema principal no filme são justamente as mulheres. Os homens da história ficam sem poder fazer nada e estão totalmente à mercê dos seus inimigos. São as mulheres que se reúnem e bolam um plano para salvar os homens. Cada uma com as suas vantagens e pontos fortes. Uma ótima lição e exemplo para as crianças de que as mulheres não são apenas um sexo frágil que devem ser salvas pelos homens.

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Os Croods 2: Uma Nova Era aborda ainda uma série de questões morais. Claro, tudo de uma forma muito lúdica, divertida e colorida, para que as crianças comecem a absorver esses conceitos desde cedo.

Falamos anteriormente do feminismo, mas a paternidade também é abordada, mostrando a insegurança dos pais na criação de seus filhos. A importância de se respeitar as diferenças e também saber aceitá-las. Além de experimentar coisas novas. Muitas vezes, sair da bolha traz mais benefícios do que prejuízos. E, principalmente, saber aceitar o ciclo da vida é super importante para ter uma vida mais satisfatória. Todas essas são lições abordadas no filme e que devem ser absorvidas pelas crianças.

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Os Croods 2: Uma Nova Era certamente é um filme que deve ser visto nos cinemas (se possível). Especialmente se você tiver filhos pequenos. Tenho certeza que eles vão adorar a experiência de assistir esse filme na telona do cinema e com um áudio imersivo.

A animação é de muito boa qualidade, o filme é bem colorido e muito divertido. Com certeza arrancará gargalhadas dos pequenos. A história simples, aliada às lições de moral, são perfeitas para as crianças. Para os adultos, obviamente, chega a ser um pouco cansativo. Mas o fato de ser um filme curto (1h35m) é um ponto positivo.

Por essas e outras recomendo que você assista ao filme Os Croods 2: Uma Nova Era nos cinemas. E trate de levar seu filho(a) ou sobrinho(a) com você.