Apple Pippin, conheça a história do fracassado console lançado pela gigante da maça nos anos 90

Apple Pippin, conheça a história do fracassado console lançado pela gigante da maça nos anos 90

A tentativa (frustrada) da Apple em investir no mercado de consoles domésticos
#Artigos Publicado por wrplaza, em

Assim como tantas corporações de sucesso, a Apple já passou por momentos nebulosos. O fim dos anos 80 e a primeira metade da década seguinte foram tenebrosos para a empresa, inclusive chegou a flertar com a "morte do mundos negócios", a falência.

Durante esses momentos de tensão e de ausência de rumo, a Apple apostou num amontoado de produtos que fracassaram miseravelmente. Neste artigo vou relembrar um deles. O Apple Pippin, a primeira e única - até o momento - investida da gigante de Cupertino no mercado de consoles domésticos.

Apple Pippin

Lançado no mercado americano em 1996, o console chegou num momento em que a Apple estava à beira do colapso. Neste ano a renomada revista Business Wekk estampava a manchete “A queda de um ícone americano”. Reportagem sobre a situação desastrosa da companhia.

Num misto de uma administração desorientada com ideias de produtos que não convenceram, a Apple se segurava onde dava. Talvez investir no mercado de consoles fosse a saída. Empresas de renome em outros segmentos também tentaram, como a Panasonic, Philips e a Pioneer.

A missão não seria nada fácil. A Apple teria que competir no mercado americano com a Sony, com seu PlayStation, Nintendo, com o Nintendo 64, e a Sega com o Saturn.

Para tentar tornar a situação mais competitiva, a Apple adotou um modelo de negócios diferente e contou com o apoio de uma empresa com raízes no mundo do entretenimento, a japonesa Bandai. A parceria levou o console da Apple também para o mercado japonês, aliás, o console surgiu primeiro por lá. Lançado em 1995. A Bandai foi o grande nome na condução desse projeto junto com a Apple, mas o Pippin também contou com uma outra empresa licenciamente, a Katz Media.

Ao invés de um modelo fechado, em que o comando estava todo em suas mãos, a Apple adotou uma abordagem mais descentralizada com o Pippin. A Apple cuidava do design, e do sistema operacional do console - uma versão modificada do Mac OS, chamado Pippin. Enquanto fabricantes interessados em abraçar essa aposta cuidariam da produção e até mesmo da divulgação do aparelho (a Bandai investiu US$ 90 milhões no marketing do produto!).

Batizado de Bandai Pippin ATMARK, o console chegou em duas opções de cores: na cor branca, modelo voltado para o mercado japonês, e na cor preta, para o mercado americano.

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A ideia do projeto era entregar um console que também fosse uma central multimídia. Você poderia jogar, escutar música, assistir vídeos e até navegar na web.

Para dar conta, em termos de usabilidade, de cumprir essa tarefa de navegar na web, foi incluído no controle do Pippin um trackball. É isso mesmo, um trackball no controle. O design do controle era no estilo boomerang, conceito que a Sony meio que se apropriou no protótipo do controle do PS3.

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No vídeo abaixo do lendário programa Computer Chronicles o sistema e usabilidade do Pippin são demonstrados.

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Em termos de hardware, o console de 3,5 Kg tinha como base o uso de um processador PowerPC. Sim, o console seguia os passos do que a Apple aplicava no mercado de computadores. Vale lembrar que o PowerPC é uma família de chips que surgiu de uma parceria entre a Apple, IBM e a Motorola. Por algum tempo conseguiu superar os processadores da Intel.

Quando Jobs retornou para a Apple a situação já era outra. O cofundador da Apple entrou em atrito com a Motorola e iniciou o processo de uma transição lenta para os chips da Intel. Processo que se concretizou com o anúncio em 2005. 

O PowerPC que equipava o Pippin era o 603, chip que rodava a 66 MHz. 6 MB de RAM equipavam o console. Suporte para 8 e 16 bits, imagens exibidas em 16,7 milhões de cores e áudio estéreo, 16 bits (amostragem de 44 kHz), eram outras características importantes do Pippin. Em termos de hardware bruto, o Pippin batia de frente com qualquer console da época. 

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O console também tinha um modem e uma unidade óptica. Assim como o PlayStation, seus jogos eram em mídias de CD. Aliás, a unidade óptica do Pippin era superior a do PlayStation. A unidade do console da Apple/Bandai era de 4x e a do PlayStation era 2x. Alguns acessórios também foram produzidos (dock para disquetes, teclados, modems externos de até 33,6 kbits /s, entre outras bugigangas).

Agora vamos para um ponto determinante no mercado: preço. Além de uma aposta ousada, o Pippin também foi lançado com um preço totalmente fora da realidade, levando em consideração a competição com outras opções importantes do mercado. O console da Apple chegou ao mercado americano por impressionantes US$ 600. O Nintendo 64 era vendido por US$ 200 e o PlayStation por US$ 300.

O fracasso foi abissal. A Bandai produziu 100.000 unidades do console. Somente 42.000 unidades foram vendidas (nos EUA pouco mais de 12.000 unidades). Em termos de jogos disponíveis, outro fiasco. Menos de 100 jogos foram produzidos. O fracasso foi tão gigantesco que até mesmo a subsidiária da Bandai responsável pelo projeto foi dissolvida.

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O líder do projeto do Pippin era Kai-Fu Lee. Em 2011, numa publicação na rede social chinesa Weibo, Lee explicou os motivos que levaram o console ao fracasso:

- O mercado de consoles de videogame naquela época havia sido dividido entre Sony, Nintendo, Sega;

- A Apple era responsável apenas pelos salários de 40 pessoas, todo o resto era pago pela Bandai;

- A maioria dos jogos eram educativos, gênero que não era exatamente o que o console precisava para brigar com títulos de peso dos concorrentes

Além de um fracasso de vendas, o Pippin entrou para a lista dos consoles mais caros já lançados e foi alçado ao posto de uma das piores apostas da Apple e também da Bandai. O martírio não durou muito, em 1997, com Steve Jobs novamente na Apple, o projeto foi descontinuado, assim como tantos outros da companhia neste período.

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William R. Plaza #WrP

Editor-chefe do Hardware.com.br, integrante do staff do GameVicio, e aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Instagram: @plazawilliam

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