Parcerias Históricas | Nintendo e Rare

Uma das parcerias mais históricas dos jogos sem duvidas é da Nintendo com a Rare, lembrada por muitos como Rareware, e atualmente Rare Ltd., sendo subsidiária da Microsoft. Os laços históricos entre as companhias iniciou-se em 1986, e durou até 2007 (originalmente), mas ganhou um último jogo nas plataformas Big N, publicado pela THQ, em 2008, com ai sim decretando o fim dos laços.

Essa é uma histórica parceria entre Editora Japonesa e Desenvolvedora Britânica que até hoje é considerada uma das mais saudosas e de sucesso, mesmo com a Rare não sendo uma First-Party da empresa de Mario; daí, saiu grandes franquias e IPs, como Killer Instinct, Battletoads, Banjo-Kazooie, Conker's, Perfect Dark, GoldenEye 007, e milhares de outro jogos que são adorados pela comunidade até hoje.

Hoje, iremos falar um pouco mais sobre os bastidores desses laços e união que são nostálgicos, um pouco sobre os melhores jogos que essa união gerou, o porque de ter acabado e o que houve com ambas empresas na época de sua turbulência, e claro, como andam elas atualmente.

A união da parceria entre Rare e Nintendo se iniciou por conta do distanciamento dos fundadores da empresa, que originalmente era Ultimate Play The Game, com a plataforma ZX Spectrum, uma máquina que comumente era vista como apenas popular no território da própria Rare, o Reino Unido.

Com isso dito, os fundadores e chefes da UPTG, Chris e Tim Stamper, fundaram uma nova empresa com foco em trabalhar em novas máquinas de videogames, focando especialmente no console que pra eles, foi dito como um dos principais da época, o NES/Facimom, pois era mais sofisticado do que o Spectrum, tinha um mercado mundial, e seus cartuchos não tinham tempos de Loading Screens.

Com o orçamento ilimitado, a Rare poderia trabalhar com uma grande variedade de jogos diferentes, e para isso, contou com a assistência da Big N em seu primeiro projeto, Slalom. A empresa então trabalhou com váriass editoras de jogos famosas da época, que incluíam Tradewest, Acclaim Entertainment, Electronic Arts, SEGA, Mindscape e Gametek, para produzir mais de 60 jogos para o NES e várias conversões adicionais de Game Boy.

O sucesso amplo de cada um desses títulos atraiu os olhos da Nintendo, que pediu um demonstração do que eles poderiam ser capazes, enviando uma Demo em SGI para a empresa localizada em Kyoto, e assim o fez; como o SNES naquela época não podia renderizar todos os gráficos em SGI de uma vez, a Rare usou os gráficos SGI para produzir modelos e gráficos 3D, o que atraiu os olhos da empresa vermelha, pela capacidade e versatilidade dos desenvolvedores.

Seu progresso com os Gráficos 3D nos sistemas SGI impressionou a Nintendo e, em 1994, a Nintendo comprou uma participação de 25% na empresa que aumentou gradualmente para 49%, tornando a Rare como um estúdio oficial de Second-Party, e que sobre essa bandeira, usaria o logotipo Rareware, ao invés do simples Rare.

Daí, só vimos sucessos, com o primeiro título sobre o logo sendo o aclamado Donkey Kong Country e suas sequências, posteriormente, novos jogos da série Killer Instinct vieram ao mercado, após isso, Blast Corps, e então, veio o que talvez seja até hoje o projeto de maior renome que colocou a Rare na boca do povo totalmente, GoldenEye 007. Em 2000, um jogo com ainda mais aclamação da crítica pela Rare chegou, Perfect Dark, mas que vendeu um pouco menos que o FPS de James Bond, com 4 milhões de unidades.

A partir daí, os laços começaram a se falhar. A Nintendo havia conseguido um sucesso modesto com o N64, apesar da máquina ter recebido milhares de títulos aclamados, não conseguiu ser tão impactante quanto o PlayStation One, e após Perfect Dark chegar, a Rare começou a sofrer de um declínio interno, com a saída de 60 funcionários no final de 2000. O jogo a seguir entre as duas, Conker's Bad Fur Day, ainda obteve aclamação da crítica por sua qualidade, mas foi muito pouco promovido pela Big N em comparação com os outros jogos, deixando uma pergunta de ''O que está havendo entre as duas?''

Os custos de desenvolvimento de jogos aumentaram gradualmente após isso, e a Nintendo não forneceu mais capital a Rare, e nem comprou o restante da participação da empresa, os outros 51%. Os Stampers ficaram surpresos com o fato de a Nintendo não ter adquirido o estúdio diretamente. Foi ai, que em 2001, a Rare Ltd. emitiu um pedido aberto de aquisição, com o estúdio indo atrás de possíveis compradores para a empresa.

Com a Nintendo não se interessando em comprar a empresa, a Activision e a Microsoft entraram num embate para ver qual comprava a Rare, com a empresa do Xbox ganhando, ao oferecer uma proposta maior, de US$ 375 milhões pelo estúdio. Com isso, a parceria entre Big R e Big N afundou por completo, com o último lançamento conjunto de ambas sendo Star Fox Adventures, o primeiro e único projeto da Rare para o GameCube.

1986 - Slalom

O jogo que iniciou tudo, sendo também o primeiro título feito pela Rare desde que foi fundada em 1985, sendo publicado pela Nintendo para o seu NES, sendo um título bastante querido pelos fãs saudosos de Arcade, e que serviu de primeira impulsão para o que viria a seguir. Slalom foi muito querido pelos jogadores por sua gameplay muito intuitiva, além de trazer mecânicas baseadas na dificuldade, colocando o título como um forte jogo competitivo, sendo usado de referência para o gênero por vários anos. Chegou a receber uma nova versão em 2015, incluído no Rare Replay, onde deu continuidade ao seu legado.

1988 - R.C. Pro-Am

Este foi o segundo título em conjunto entre ambas as empresas, e que foi bastante elogiado na época por trazer bastante qualidade em jogo de corrida, na perspectiva isométrica bastante característica daquele perído. Sendo o primeiro título de jogo de corrida da Rare, tudo ali era novidade para o estúdio, e para isso, contaram um forte senso de direção (literalmente) da Nintendo para criar recursos e moldes únicos para pistas, modos de jogo, veículos, e sound design. O sucesso de Pro-Am levou a Nintendo relançar o produto no Nintendo 64, com uma versão Gold, e com mais recursos.

1991 - Battletoads

Os sapos queridos do público, que inclusive recentemente receberam um novo título; Battletoads foi um marco icônico nos consoles da Nintendo, usado para bater de frente com as TMNT, e são título de Beat 'em Up querido e muito lembrados por sua alta dificuldade, diversão característica dos personagens, e sua trilha sonora bastante icônica. A franquia é até hoje um dos destaques quando se trata de Beat 'em Ups clássicos por sua estrutura aberta e repleta de desafios, com no passar dos estabelecendo um status de Classic-Cult.

1994 - Donkey Kong Country

Primeiro de uma aclamada trilogia de jogos de Plataforma, DK Country foi um dos sucesso históricos entre Rare e Nintendo, dirigido pelos irmãos Chris Stamper e Tim Stamper, com design e criação oficial ficando a cargo de Gregg Mayles. O título chegou ao mercado para SNES em 1994, vendendo mais de 9.3 milhões de cópias, e criando uma legião de fãs ao redor do mundo pela Nintendo e Rare. DK também ganhou várias adaptações e aparições em outros formatos, sendo considerado um marco histórico de sua época.

1995 - Killer Instinct

Criado por Ken Lobb, produzido pela Rare, e publicado pela Nintendo e Midway, KI foi uma explosão em sua época por trazer um título de grande qualidade no que diz respeito a jogos de luta, voltado para o lado tático e de estratégia, se diferenciando de outras IPs e franquias do mercado em sua época, e sendo destaque por sua trilha sonora clássica, que até os dias atuais é relembrada e remixada de diferentes formas. Killer Instinct ganhou várias sequências para o SNES, e emplacou uma série de muito respeito para a Nintendo no cenário adulto, evoluindo as massas casuais de jogadores jovens e adolescentes.

1997 - Blast Corps

Em tempos que surgiram agregadores de nota para jogos, Blast Corps foi um dos primeiros títulos da Rare a receber pontuação média, e estreou com chave de ouro, em um 90+. Sendo produzido pela Rareware e publicado pela Nintendo no N64, o título de ação onde você controla veículos para destruir tudo ao seu redor, com mais especificidade em edifícios, foi um título amplamente bem recebido por possui forte qualidade técnica, seja em termos de física ou na direção, que é bastante intuitiva e divertida. Foi um grande marco para a Nintendo, com um título de alta originalidade, que gerou diversos sucessores espirituais e jogos inspirados nesse modelo.

1997 - GoldenEye 007

O maior clássico entre todos, e o título de maior destaque na Rare para muitos. Produzido por um novo time novato, e sem experiência com FPS, sendo publicado pela Nintendo para o N64, GoldenEye 007 é um título, que como o nome diz, é do universo do agente James Bond, trazendo um rica experiência narrativa, de co-op, e de multiplayer, sendo uma revolução no segmento de jogos de tiro para consoles, que na época eram muito mal vistos. Possui um score incrível de +96/100, o segundo maior da Rare, e vendeu mais de 8 milhões de cópias. Gerou muitos títulos sucessores de James Bond, com a licença da IP se perdendo. Hoje, uma parte dela está com a Microsoft/Xbox, por ter comprado a Rare, mas a empresa prefere atuar como uma licenciadora. Em 2008, quase recebeu um Remake pela própria Rare, mas que acabou sendo cancelado por problemas com a IP.

1997 - Diddy Kong Racing

Neste ponto, a Rareware já estava no seu auge, e nada parecia derrubá-los. Seguindo Blast Corps e GoldenEye, também 1997 a Nintendo e a empresa britânica lançou no mercado o primeiro título da série Diddy Kong Racing, com a produção sendo feita após o lançamento de Killer Instinct 2, as equipes se dividiram duas, uma produzindo KI Gold, enquanto a outra foi fazer o DK Racing. Esse foi um dos títulos que teve mais influencia da Nintendo na produção, trazendo melhorias em design e jogabilidade, bastante aprimoradas para o controle do N64.

1998 - Banjo-Kazooie

O primeiro jogo da adorada série do Urso e do Pássaro, criado por Gregg Mayles, até hoje diretor da Rare, e que na época foi publicado pela Nintendo. Seguindo o modelo de Donkey Kong, temos aqui um jogo de aventura de plataformas. A origem de Banjo-Kazooie se inicia de um projeto cancelado de 3 anos em desenvolvimento, chamado Project Dream. A recepção de Banjo-Kazooie foi com muita aclamação, com o título sendo prestigiado com um 92+, e vendendo mais de 4 milhões de cópias. Seu sucesso originou em vários títulos da série posteriormente.

1999 - Jet Force Gemini

Talvez um dos mais bem recebido, porém também mais ''desconhecidos'', e que pra muitos, foi o começo do fim. Jet Force Gemini é um título de tiro em terceira pessoa desenvolvido pela Rare e publicado pela Nintendo, também para o N64, na qual o jogador segue a história de 3 membros de uma equipe galáctica, enquanto tentam parar uma horda de drones. O título foi feito pela mesma equipe que fez Blast Corps, e diferente deste, e dos jogos anteriores da Rare, conseguiu uma pontuação de apenas +80, que muitos na época citaram como uma falha para o estúdio, que nunca havia obtido falhas anteriormente.

2000 - Perfect Dark

Chamado amplamente de obra-prima, e sendo o título com maior score da Rare em toda sua história, com uma média de 97/100, Perfect Dark, diferente dos outros títulos, foi produzido e auto-publicado apenas pela Rare, sem qualquer envolvimento da Nintendo. O título foi desenvolvido pela mesma equipe que criou GoldenEye 007, e nos trás um FPS de Stealth protagonizado pela Agente Joanna Dark, que se encontra em um distópico mundo futurista obscuro do gênero cyberpunk, enfrentando ameaças da agência dataDyne. É muito aclamado e querido por sua qualidade de história, sua gameplay envolvente e muito inspirada em jogos como Metal Gear, e caracterizada por uma protagonista marcante e com muita personalidade. Atualmente, um reboot da série está sendo feito pela Microsoft, para seu novo console.

2001 - Conker's Bad Fur Day

Talvez o jogo mais politicamente incorreto da Rare, e sem duvidas o estopim para a separação da empresa com a Nintendo. Conker's foi lançado para o Nintendo 64 no ano de 2001, quando o estúdio estava passando por problemas financeiros, e esse jogo em específico foi ainda mais prejudicado pela falta de marketing da Big N, que preferiu por fazer propagandas e comerciais mais timidos e que não mostrassem o lado mais 'pesado' do jogo de plataforma. Conseguiu uma pontuação incrível de 92+, mas vendendo não muito, com seu valor de cópias exatas nunca sendo divulgado oficialmente.

2002 - Star Fox Adventures

O jogo final entre as 2 empresas, sendo feito pela Rare e publicado pela Nintendo. Na época de seu lançamento, o estúdio já havia sido adquirido pela Microsoft Game Studios, e a história de desenvolvimento de SF Adventures é curiosa, pois originalmente se tratava de uma Nova IP chamada Dinosaur Planet, para o N64, mas que passou por muitas reformulações até ser o título que conhecemos. Foi o primeiro e único jogo da Rare para o GameCube, e apesar da despedida melancólica, foi bem recebido, com uma média de 82+, sendo querido pelo público até os tempo atuais. Entre a lista de produtores, Shigeru Miyamoto foi uma forte fonte de direção para o projeto, que vendeu aproximadamente 1.5 milhões de cópias.

Bem, como sabemos, as duas seguiram seus caminhos. A Rare se tornou parte dos estúdios da Microsoft, sendo assim, produzindo apenas obras exclusivas nas suas plataformas, Xbox e Windows, enquanto a Nintendo continuou sua história com o GameCube, que acabou sendo um fracasso, mas que logo foi seguido de um poderoso sucesso com o Wii e o DS. Apesar da separação, a Rare ainda produziu alguns jogos menores para o GameBoy e DS, na qual foram publicado pela THQ, em vista que a Microsoft Game Studios não agiu como editora em plataformas da Big N.

Mais recentemente, uma pequena chama entre as duas foi reascendida, após a chegada de Banjo-Kazooie no Super Smash Bros. Ultimate de Nintendo Switch, amplamente bem recebido e querido pelos jogadores, mas pelo que sabemos, ambas as empresas hoje são bem diferentes, mas o respeito mutuo sempre se manteve, assim como sua histórica e rica parceria que é lembrada até hoje.