Diversidade não deve levar a conflitos, diz CD Projekt Red
O CEO, Adam Kiciński, e o diretor, Adam Badowski, da CD Projekt Red, deram uma entrevista para o Rzeczpospolita Daily discutindo a abordagem do estúdio para inclusão e diversidade na editora. Nela, o entrevistador Katarzyna Kucharcyzk questiona Kiciński e Badowski sobre como a empresa parece se manifestar mais sobre a diversidade e injustiça do que outras empresas na Polônia cada vez mais conservadora.
Embora a entrevista apresente a CDP como uma grande empresa que adora a diversidade, ainda existem algumas declarações interessantes de Kiciński e Badowski sobre sua abordagem de inclusão no estúdio e como eles lidam com os temas de seus jogos. Quando questionado sobre a ação da CDP em tornar o estúdio mais diversificado e inclusivo, Kiciński afirma que a empresa se orgulha de sua diversidade, mas faz uma ressalva.
Embora isso possa ser lido de maneira otimista, como Kiciński dizendo que a diversidade é algo que deve ser trabalhado ativamente, uma declaração posterior de Badowksi pinta uma imagem de que o real significado é que a diversidade e a inclusão não devem comprometer o trabalho. Falando sobre a importância da tolerância no processo criativo, Badowski discute sobre a definição de tolerância de alguns no estúdio.
Embora o próprio Badowksi não diga a qual definição ele segue, ele comenta:
Vale ressaltar que, ao longo dos anos, a CD Projekt teve inúmeras alegações de uma cultura tóxica no local de trabalho, cheia de crunch e bullying. Nesse contexto, ouvir um de seus funcionários dizer que não acredita em "combater fenômenos que nós consideramos como maus", mostra muito mais sobre a CD Projekt como uma empresa do que Badowski provavelmente pretendia.
A parte mais estranha é encontrada mais tarde na entrevista, quando Kiciński fala de maneira aleatória sobre como a Califórnia é um "excelente exemplo de como a franqueza, o respeito e a tolerância promovem negócios inovadores e estimularam a economia". O Vale do Silício sofre infamemente com um problema de diversidade, alimentado em parte por práticas tendenciosas de contratação (a partir de 2019, apenas 6% dos funcionários da Apple eram negros e apenas 23% da força de trabalho do Facebook eram mulheres) e gentrificação na área, valorizando menos os que não são de grupos privilegiados.
Kiciński até parece sugerir que o sexismo não é um problema tão grande na indústria dos jogos quanto em outros lugares.
Embora ele esteja tecnicamente correto, os jogos quase sempre são publicados sob os nomes de estúdios e editoras, e não por um indivíduo que precisaria usar um pseudônimo e, portanto, não é uma comparação justa. Também ignora completamente como as mulheres da indústria tiveram novamente que falar de forma pública sobre o assédio a que foram submetidas enquanto trabalhavam na indústria de jogos - as mulheres podem não precisar trabalhar sob um pseudônimo, mas ainda estão sendo assediadas e agredidas.
Em suma, toda essa entrevista mostra uma imagem muito sombria da CD Projekt. O estúdio está criando um jogo cyberpunk, um gênero extremamente político sobre a natureza do capitalismo desenfreado, e o diretor do estúdio está aqui dizendo que tolerância é "não combater fenômenos que consideramos maus". Cyberpunk 2077 provavelmente será uma impressionante conquista técnica, mas essa entrevista pode deixar muitos preocupados quanto a abordagem poplítica dele.