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Por Vivi Werneck
Aproveitando o gancho da vitória de Grand Theft Auto IV, no Video Games Awards 2008, como Game of the Year, o Girls of War apresenta para os queridíssimos leitores a versão brasileira do game. Já imagino o que devem estar pensando: desde quando isso é novidade? Já tem um monte de gente por aí tentando fazer o mesmo. Pode até ser, mas o artista paulista Luís Schiavon, de 38 anos, conseguiu ir mais longe e lançou recentemente GTA São Paulo 2013 completão (veja o blog oficial com os vídeos). Ele fez tudo novo: carros, bairros, anúncios, outdoors, lojas, missões, rádios, detalhes de cenários e personagens totalmente novos.
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A conquista é inédita no Brasil; tentativas anteriores tiveram poucas alterações e apresentaram problemas técnicos. A empreitada começou como uma brincadeira e acabou tomando a maior parte do tempo livre do artista, que trabalha como animador de desenho, quadrinhos e roteiros. Como as customizações alteraram até a dinâmica do jogo e os personagens são baseados em realidade fantástica, além de todo o trabalho gráfico envolvido, o autor defende que o trabalho "é arte, assim como as animações ou os quadrinhos; é só um tipo novo de arte".
Após longos quatro anos de árduo trabalho, Schiavon afirma com orgulho que todo o esforço valeu a pena.
Bati um papo com o realizador dessa proeza e ele contou detalhes da sua trajetória artística até GTA São Paulo 2013. Confiram a entrevista:
GoW - Com tantos jogos super famosos por aí, por que a escolha de adaptar GTA?
Schiavon - O GTA3 foi um jogo que mudou o estilo das fases e check points, dando mais liberdade ao jogador, depois que eu consegui a versão para computador e fui atrás dos cheats, descobri que os alemães estavam criando programas para trocar carros, texturas e mapas, mas não havia nenhum conceito que fosse além do visual. Eu descobri onde estavam os arquivos de áudio das missões, e quando eu testei, eu vi que era possível começar uma estória nova.
GoW - Fale-me um pouco da sua trajetória no meio artístico e sobre sua paixão por games.
Schiavon - Eu comecei desenhando tiras na extinta revista Animal, HQs para várias revistas (a maioria underground), culminando no meu gibi da coleção MiniTonto. Fiz jogos para crianças na Folhinha e nas editoras Abril e Conrad. Tive tendinite e aprendi a fazer 3D com a mão esquerda, participei do Cibercomix (primeiro site de HQ brasileiro) desde a primeira série, depois eu assei para a animação, arte final, intervalação, cenários (para publicidade) e depois comecei minha própria série, o Tomate Ladrão.
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Quanto aos games, a primeira coisa que eu me lembro foi meu pai tentando me fazer jogar Pinball num fliperama, mas havia uma máquina de fósforo verde, uma nave que cruzava uma caverna atrás de gasolina, eu sonhava com isso, eu ganhei um TK 82-c e o interessante era abrir os jogos, mudar os caracteres ou aumentar as vidas, etc.
Eu criei um jogo de fuga, mas não sabia fazer os tiros, então tinha teleporte. Mais tarde eu fiz um programa para desenho no MSX. Na época dos PC-XT eu mexi com um scanner de mão para fazer HQs. Quando chegou a cor nos PCs eu joguei de tudo: F1, Wolvestein, Alone in the Dark, por aí vai, mas eu sempre investi mais tempo com os jogos editáveis como o Stunts ou o M.U.G.E.N.
GoW - Quando o game vai estar disponível para os fans poderem jogar? Ou você pretende comercializá-lo?
Schiavon - Eu coloquei o jogo para vender na Choque Cultural, João Moura 997, e também envio pelo correio para qualquer lugar do Brasil por R$ 20,00.
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GoW - Nos 4 anos de desenvolvimento do game, quais foram as principais dificuldades?
Schiavon - No começo, os programas eram em alemão, Era um pouco complicado colocar personagens novos na rua, o kart funcionava como um tapete mágico e o Bender caminhava na perpendicular. Ainda no início eu entrei em alguns fóruns de games e fui xingado por procurar ferramentas para mexer na estrutura do jogo, hoje tem gente envolvida para fazer outras versões de GTA.
GoW - Qual é a história de GTA São Paulo 2013?
Schiavon - Em 2013, o EUA dominam o mundo com seus clones. São Paulo, que está destruída, faz fronteira com Diadema e a Praia Grande. O jogador é trocado, pela sua namorada, por seu clone e depois é imerso nos problemas das produções televisivas com gente do naipe de Fruta, Jan Klebz, Galvão Bueiro e Sergio Mallandru. Está ocorrendo uma eleição com as figuras de Maluk, Morta e Nosferatu. Também é possível jogar a semana Charles Bronsom com o clone do mesmo.
GoW - Os personagens no seu jogo fazem alguma alusão aos originais ou são independentes disso?
Schiavon - A trama original que envolve a máfia, triad, yakuza e o cartel colombiano não existe por aqui, não como acontece nos EUA. As gangs foram trocadas pelas senhoras da igreja, novos pagodeiros e os metralhas, por exemplo.
GoW - GTA SP 2013 terá alguma "expansão"?
Schiavon - Eu tenho um blog para postar atualizações e quero ativar um modo multiplayer.
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GoW - Você pretende adaptar o game para outros estados?
Schiavon - Não, mas eu forneço os programas para tanto, junto com o jogo.
GoW - Qual seu próximo trabalho nesse meio? Tem mais algum jogo em andamento?
Schiavon - Eu procurei a RockStar, quem sabe eles não se interessem numa versão oficial. Eu criei um outro jogo acessível a uma faixa etária menor, com uma jogabilidade mais divertida (estou procurando os modeladores). Eu também tenho interesse em criar algo para a área educacional.
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E isso aí galera, quem tiver mais dúvidas sobre o game e/ou quiser encomendá-lo, entre em contato com Luís Schiavon pelo e-mail: [email protected]. E palmas para a iniciativa do rapaz!
