Resident Evil, O Hóspede Maldito - 21 anos depois, uma análise

Resident Evil, O Hóspede Maldito - 21 anos depois, uma análise

Uma experiência secreta. Um vírus mortal. Um erro fatal.
#Análises Publicado por MeuCoraçãoÉ, em

Em 1996, pelas mãos da Capcom, Resident Evil (Biohazard no original) era apresentado ao mundo: um jogo sobre policiais, corporações big tech, corrupção, experimentos ultrasecretos e mortos-vivos. Desnecessario dizer, é claro, que hoje é uma das franquias mais bem sucedidas do gênero e por consequência desse sucesso, o título recebeu diversas sequências, spin offs e adaptações para outras mídias.

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Em 2002 chegava aos cinemas a primeira adaptação em live action da franquia: subtitulada no Brasil como "O Hóspede Maldito", estrelando Milla Jovovich no papel principal e com direção de Paul W. S. Anderson.

No longa, Jovovich interpreta Alice, uma funcionária militar da Umbrella Corporation disfarçada de civil, que tem como função dentro da empresa guardar a entrada/saída de emergência d'A Colmeia (um centro de pesquisa e desenvolvimento ultrasecreto localizado no subsolo, abaixo da cidade de Raccoon City). Para manter a fidelidade desse disfarce, Alice tem um casamento de faixada com Spencer (James Purefoy), que por sua vez também tem o mesmo status e função de Alice na Umbrella: proteger a qualquer custo a entrada/ saída de emergência d'A Colmeia, bem como reportar quaisquer incidentes que possam comprometer esse segredo.

O filme entretanto dividiu opiniões, pois tinha uma premissa e roteiro completamente diferente dos jogos na época (a essa altura já estávamos a poucos anos do lançamento de RE4).

Essa adaptação em específico rendeu diversas sequências (cujas quais não vale a pena citar) e também outras adaptações surgiram ao longo dos anos. Mas hoje falarei desse único filme em específico.

Cada bala conta

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Embora os fãs do mundo inteiro detestem a saga de Alice em geral, se enxergarmos O Hóspede Maldito como caso isolado, ele tem mais em comum com a essência RE do que imaginamos.

O diretor soube adaptar bem as principais ambientações dos jogos: corredores apertados, cenários claustrofóbicos e salas com baixa iluminação. Isso fica bem evidente em vários takes e enquadramentos isolados que remetem diretamente as famosas câmeras fixas presentes nos jogos mais antigos. Uma mansão, um laboratório subterrâneo e uma Raccoon City devastada nos últimos minutos: tudo isso está bem presente.

Outro detalhe interessante que remete as nossas mais antigas jogatinas é a administração de munição ao longo do filme: até certo ponto a equipe de busca (que provavelmente foram inspirados na equipe de Hunk de RE2) não tem o conhecimento de que para dar fim definitivo nos mortos-vivos é necessário atirar na cabeça, assim desperdiçando grande parte da munição. E o diretor faz questão de dar ênfase nisso com diversas cenas e diálogos em que nossos personagens se veem encurralados por hordas de infectados. Uma das cenas mais memoráveis nesse contexto é quando o hacker da equipe se vê encurralado com apenas uma bala de revolver e um dilema sobrando: se entregar ao desespero e ansiedade e usar a única bala pra dar fim a própria vida ou seguir em frente contra todas as probabilidades?

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Os mortos caminham

Quanto aos inimigos, temos a presença dos famosos zombies: aqui, funcionários d'A Colmeia infectados pelo T-Virus. A representação dos mesmos ficou excelente graças a maquiagem e efeitos especiais, deixando-os bem fiéis aos jogos.

Também são mostrados os cachorros Dobermans infectados, numa cena em que Alice começa recuperar sua memória e desce a bicuda num doguinho (uma cena um tanto ridícula, diga-se de passagem)

Um dos "chefes" do filme que tem pouca presença de tela é um único Licker, que escapa de um container de experimentos (acredito que o diretor quis remeter a cena do Tyrant quebrando o vidro no primeiro jogo). A aparência do Licker é a mesma presente nos jogos, porém no filme ele tem boa visão e sofre mutação ao se alimentar.

Spence, (não é o Oswell E. Spencer dos jogos) que leva um nome parecido com o do fundador da Umbrella no universo canônico dos jogos, mas aqui no filme tem uma personalidade que mais se assemelha ao Wesker do RE clássico. Entretanto falarei desse personagem depois.

Por último e não menos importante: a Rainha Vermelha. A Rainha Vermelha é uma IA avançada que serve como banco de dados criada pela Umbrella e tem controle total sobre o laboratório. Essa é uma personalidade muito interessante criada do zero para o filme. Para evitar que o vírus escape para a superfície a Rainha Vermelha assassina todos os funcionários do complexo das formas mais sádicas possíveis. Ou seja, ela não apenas lacra todas as passagens, mas também decide aniquilar todos ao maior estilo Skynet nazista: por meio de asfixia, afogamento e brincando de ioiô com os elevadores lotados nas cenas iniciais. Esqueci de alguma coisa? Ah sim, ela também adora fazer picadinho de soldados com raios lasers. Tudo isso adicionado ao suspense do roteiro torna a Rainha Vermelha uma vilã digna de Resident Evil, porém infelizmente essa personalidade não teve todo um potencial aproveitado e as lacunas que ficaram em aberto foram preenchidas de forma patética nas futuras sequências de Paul S. W. Anderson.

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Considerações

De maneira geral O Hóspede Maldito funciona bem como uma primeira adaptação. A trama tem uma ótima abertura de título com o narrador dando uma breve explicação sobre o que é a Umbrella e dando ênfase que as reais naturezas da big tech são desconhecidas até por seus funcionários (o que é comprovado mais além quando a equipe "Sanitária" chega a um cenário macabro cheio de experimentos onde era pra ser supostamente um refeitório, de acordo com o mapa). Esse contexto cria um suspense digno de prender o telespectador ao roteiro. Outro exemplo disso é o fato de Alice e Spence desconhecerem os sistemas de defesa da Rainha Vermelha fora d'A Colmeia: o gás sonífero que dá aos dois amnésia, criando assim outra camada de suspense a trama.

Spence por sua vez é mais um personagem, assim como a Rainha Vermelha, que teve seu potencial desperdiçado para, conveniência do roteiro, dar protagonismo a Milla Jovovich. Alguns detalhes simplesmente não fazem sentido: ambos Alice e Spence eram "parceiros" apesar de seu casamento ser um disfarce. Ambos tinham ambições de trair e arruinar a Umbrella. Entretanto somente Spence é condenado como vilão e pasmem, entre os dois, o único que tinha um plano mais fadado ao sucesso era ele. Pois enquanto Alice tentava derrubar a empresa passando informações confidenciais para uma repórter infiltrada (vocês acham mesmo que uma corporação do nível da Umbrella iria deixar isso passar batido?), Spence simplesmente solta o vírus no laboratório, não sem antes levar algumas amostras extras para serem vendidas no mercado negro a uma potencial rival da Umbrella (lembrou o Wesker de novo?).

Talvez Anderson já estivesse pensando aqui em como criar uma franquia onde sua esposa seria a protagonista definitiva. Infelizmente apesar de todas as sequências terem sido sucesso de bilheteria, não são dignas para os fãs de Resident Evil nem como fan service.

Contudo, O Hóspede Maldito ainda vale a pena ser assistido nos dias de hoje, apesar de conter algumas cenas clichês e alguns furos no roteiro, o filme como um todo é um ótimo terror/ suspense e uma ótima adaptação, contendo grandes cenas de tensão, cenas icônicas como a do corredor dos lasers entre outras (sim, eu sei que você pausava a fita VHS na cena que a Alice acorda e cai da maca no fim do filme).

MeuCoraçãoÉ
MeuCoraçãoÉ #PuraMaldade

"Eu sou calmo e meu coração é puro...heheh...meu coração é pura maldade."

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