Análise | Pentiment

Análise | Pentiment

O mais novo jogo de aventura 2D da Obsidian Entertainment
#Artigos Publicado por Sr Ori, em

Pentiment é um jogo de aventura 2D com alguns elementos de RPG, produzido pela Obsidian Entertainment. Ele acabou sendo uma abordagem bem diferente das que o estúdio já apresentou, meclando o foco total na narrativa com alguns elementos de RPG, como o poder de escolha, história do personagem e a taxa de sucesso nas escolhas.

O jogo sequer tem um combate, mas possui foco em outros aspectos e que podem ser bem chamativos para determinado tipo de público. Confira abaixo com mais detalhes algumas mecânicas e abordagens que o jogo traz.

História

Pentiment conta a história de alguns personagens vivendo em pleno século XVI, mostrando com detalhes as suas tarefas do dia a dia, reverência a religião católica e a sua cultura local. Para quem gosta de história poderá se surpreender bastante com a quantidade de conteúdos relacionados a fatos da época, principalmente os que tem interesse no período próximo à Reforma Protestante e que inclusive é citada no jogo.

Apesar dos vários personagens, o jogo foca na história de Andreas Maler, um bom artista que viaja até Tassing para criar alguns manuscritos ao mesmo tempo que tenta finalizar a sua "obra prima". Enquanto ele trabalhava na Abadia (igreja católica sob a direção de um abade) de Kiersau houve um assassinato de uma pessoa importante no local, deixando alguns suspeitos e que o jogador deverá descobrir quem é o verdadeiro assassino.

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Se fosse necessário resumir o jogo em poucas palavras, poderia dizer que no geral ele incentiva que o jogador busque qual é o assassino através de discussões e observação de comportamentos de cada personagem. Porém mesmo que o jogador tenha a certeza pessoal de que determinado personagem é o assassino, o jogo não conta quem realmente é essa pessoa e apenas segue a escolha do jogador como a verdadeira, permitindo que jogadores diferentes possam deduzir os mesmos acontecimentos em perspectivas diferentes. Apesar disso não atrair a atenção de algumas pessoas é bem interessante de ver como o jogo consegue trazer várias perspectivas para um mesmo acontecimento, ainda mais quando você compartilha suas escolhas com outras pessoas.

Apesar de ter esse poder de decisão nas mãos do jogador, o jogo não chega a mudar o rumo da história principal por conta delas. O comportamento dos personagens muda e muitas vezes os diálogos ficam inacessíveis por conta disso, mas os acontecimentos principais são praticamente lineares. Essa falta de liberdade em poder ver o impacto das escolhas acabou sendo bem frustrante, ainda mais por conta do jogo todo ser baseado nisso. Apesar de não existir toda essa liberdade com a história principal, o final do jogo aborda um pouco da personalidade de Andreas e que foi modelada ao longo da jornada pelo jogador.

E como mencionei anteriormente, o jogador deve tentar identificar o assassino. Para isso ele deverá usar o Andreas Maler para conversar com a população de Tassing e realizar as mais diversas perguntas. Uma boa parte dessas conversas são interessantes de acompanhar porque de certa forma as atitudes dos personagens e certos lugares parecem suspeitos, mas também existem outras partes bem chatas dessas conversas como fofocas entre personagens e assuntos bem aleatórios. De certa forma, faz sentido ter todos esses assuntos baseado no quanto esse jogo tenta representar de forma digna o contexto da época, mas é complicado de acompanhar quando algumas delas acabam sendo monótonas para um jogo de videogame.

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O jogo possui no total 3 atos com 3 conflitos diferentes. Os dois primeiros atos são bem interessantes, com vários conflitos entre personagens e com a decisão do jogador para escolher o assassino. O ato 3 é um pouco mais diferente, apesar de complementar e finalizar os dois anteriores. Esse 3° capítulo muda tanto a abordagem quanto as motivações para progredir a história, que são no geral bem arrastadas e difíceis de aguentar. No geral a história tem seus altos e baixos e vai depender muito do seu interesse pelos personagens e contexto da época.

Jogabilidade

Pode até parecer estranho que ele seja um jogo e não exista sequer um combate, mas ele possui as próprias mecânicas que o jogador terá que aprender a lidar.

Um dos pontos interessantes de Pentiment é que ele traz aquele histórico de personagem e que influencia no tipo de conhecimento dele ao longo da jornada. No caso desse jogo é um pouco limitada as escolhas de background de personagem, mas já são até suficientes para variar o estilo de diálogos que estarão disponíveis para a escolha.

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E diferente de outros RPG onde o jogador distribui os pontos e evolui certas habilidades, como por exemplo o carisma para ter chance de sucesso em diálogos, Pentiment aborda de outra forma o sucesso das conversas entre personagens. Quando o personagem vai ou não te contar determinado assunto mais "polêmico", o jogo mostra certas atitudes que o jogador tomou com outros personagens e com ele mesmo, influenciando na porcentagem de sucesso daquele diálogo. Se o jogador fez mais atitudes que são consideradas "positivas" por aquele personagem, a chance do diálogo fluir bem aumenta. Essa foi uma forma bem diferente e interessante de abordar o sucesso das conversas do jogo.

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A exploração dele também não é muito profunda, mas é abordada de uma forma bem interessante. O jogador pode controlar Andreas Maler com quase total liberdade, permitindo que ele escolha com quem conversar e também conseguir ter acesso a alguns lugares através de pistas que encontra pelo mapa ou através de conversas com as pessoas. As dicas que o jogador segue de um NPC pode acabar influenciando na escolha final do assassino, porque pode levar ele a um rumo diferente do que outros NPC's levariam. No geral, o jogador pode explorar diferentes partes de Tassing para chegar as suas conclusões finais, ficando a critério do jogador onde e como explorar.

O jogo também possui alguns minijogos bem bobos para interagir em certas ocasiões, como fiar lã, comer uma refeição e apostar nas cartas. Todos esses minijogos são simples e servem apenas para continuar a interação com os personagens.

Apesar dos minijogos serem inúteis, existem alguns mistérios que o jogador consegue desvendar se tentar buscar a fundo através das pistas em volta e dos personagens. Esses mistérios são bem curiosos e as vezes pode nos fazer questionar certos personages e outras vezes rir bastante. Nesse ponto de mistérios o jogo trabalhou de forma muito bacana.

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Audiovisual

A parte visual de Pentiment é bem simples mas consegue destacar muito bem certas características da época em que retrata, como nas cenas em que Andreas aborda seus conflitos internos. Além disso, o design da cidade e da ortografia aumentam a imersão naquele mundo criado e retratado pela Obsidian Entertainment. O que eles poderiam ter melhorado são as animações quase inexistentes no jogo para deixar mais interativo e interessante.

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E reforçando ainda mais que o jogo tenta passar uma experiência da época, até mesmo certas palavras são usadas para manter esse padrão. Para que todos os jogadores entendam o que o personagem quis dizer, existe o glossário explicando cada uma dessas palavras, mantendo o contexto da época ao mesmo tempo que fica compreensível para os jogadores.

Na parte de áudio o jogo foi bem competente ao retratar vários sons, desde a escrita que acontece nos diálogos até nas cantorias dentro da igreja (que por sinal dá para perder um bom tempo apreciando). Apesar de serem bem feitas, a falta do uso desses sons as vezes incomodam por conta de deixar muito vazio o ambiente. Os criadores aparentemente quiseram deixar o jogo com o toque mais realista, ou seja, não existe música durante a história, apenas sons do ambiente. Porém em lugares mais silenciosos, chega a incomodar somente o som da escrita, ainda mais quando poderia colocar alguma música de fundo para evoluir a tensão, alegria ou o que esteja se passando naquele local. Como o jogo é inteiro por textos e sem dublagens, fica ainda mais visível essa ausência de sons para complementar o ambiente.

Concluindo

Pentiment foi uma aposta bem ousada da Obsidian para entrar no ambiente de jogos de aventura com total foco na história. Eles inclusive colocaram suas peculiaridades dentro do jogo como as escolhas de diálogos e histórico do personagem, influenciando diretamente em como a história se desenrolaria.

Apesar disso, o jogo possui alguns defeitos que podem ou não ser considerado muito problemáticos, mas que não atrapalham a aproveitar o conteúdo bem interessante que o jogo quer entregar. De todos os pontos negativos citados, o Ato 3 é o que mais atrapalha a continuar tendo o interesse na história, mas que dependendo da pessoa pode ser relevado e apreciado.

No geral Pentiment é um bom jogo de aventura e ótimo para aprender alguns pontos da história, seja pela cultura que é apresentada ou por alguns fatos que acontecem no jogo e são relacionados a acontecimentos reais.

Disponível nas plataformas: PC, Xbox e Xcloud.

7.0
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Nota
Ótimo jogo de aventura para os amantes de história e tramas investigativos
Prós
  1. História intrigante
  2. Boa representação e contextualização da época
  3. Boa variação de diálogos
  4. Influência do personagem na escolha de certos diálogos
  5. Liberdade de exploração para o jogador
  6. Mistérios bem feitos
  7. Visualmente bem expressivo e artístico
Contras
  1. Certas conversas são monótonas
  2. Capítulo 3 decai em interesse
  3. Falsa sensação de liberdade na história principal
  4. Ausência de sons diminuem a imersão
Sr Ori
Sr Ori #luhckaz100

Fã de yakuza e jogos que trazem experiências criativas e diferentes das que já tive.

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