Análise | Twelve Minutes
Twelve minutes é um jogo de point and click, com foco na narrativa e escolhas, sendo desenvolvido por Luis Antonio e publicado pela Annapurna Interactive. O jogo apesar de poder ser resumido como um "Escape Room" possui uma certa profundidade na história e na ordem que o jogador escolhe as ações. O jogo acaba não inovando em seu gênero, mas traz alguns elementos bem interessantes e que conseguem fisgar a atenção do jogador.
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A história do jogo conta a vida de 3 personagens, um casal que vive em um apartamento e um policial que está envolvido de certa forma com o casal, além de outros personagens em plano de fundo. O jogador experiencia tudo pela visão do protagonista, o homem do casal, estando assim limitado a visão de mundo do personagem e também sendo o único a saber que a noite está se repetindo a cada 10 minutos (exatamente, só jogando para saber porque não 12). A partir desta noção que a mesma noite se repete, tanto o jogo quanto o próprio protagonista incentivam o jogador a fazer escolhas que o façam sobreviver ou sair daquele evento repetitivo, além é claro de convencer os outros personagens de que essa situação estranha está acontecendo.
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Também é bem legal de perceber o lado investigativo do jogo, pois em alguns momentos o jogador tira a própria conclusão e em seguida testa a hipótese realizando algumas ações. Ao menos no meu caso foi desta forma, e em diversos momentos lembrei de algo que poderia ajudar baseado no que eu tive de informação em repetições anteriores.
Ainda sobre a história, são bem interessantes as descobertas e plots dela, pois quando se descobre determinada informação gera um conflito de ideias não só em quem está jogando mas entre os próprios personagens relacionados. Essa questão juntamente com a "liberdade" que o jogador tem de agir permite que o jogo possua mais de um final com diferentes resultados, sendo importante de acompanhar pelo menos alguns deles para um melhor entendimento e conclusão final da história (não que isso seja ruim por sinal).
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O ambiente em que se passa a história é bem pequeno e limitado, mas é curioso observar que os quadros variam as imagens dependendo do progresso do jogo e das descobertas do protagonista. Esse é um pequeno detalhe que acaba sendo interessante de se observar.
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A jogabilidade como mencionada anteriormente é baseada em cliques para gerar uma ação, um pouco parecido com jogar The Sims. Essas ações podem variar entre pegar/combinar/utilizar objetos e escolher várias opções de diálogos. Algo interessante e que pode se tornar uma dificuldade para muitos é que a ordem de determinadas ações importam para o resultado final, fazendo com que seja ou não necessária a repetição da noite. Cada vez que o jogador faz novas tentativas de diálogos e respostas para determinadas situações o jogo progride, finaliza em determinado ponto e reinicia para o início da repetição novamente, porém com o personagem possuindo novas informações sobre o que está acontecendo naquele local dependendo de até onde o jogador conseguiu chegar. Após cada um desses ciclos com novas informações, novas possibilidades de diálogos surgem até que se encontre a resposta tão buscada no fim do jogo.
O jogo é bem tranquilo nesse quesito da jogabilidade, mas pode se tornar rapidamente repetitivo e frustrante para quem não é muito acostumado ou não gosta tanto do gênero. É necessária uma certa paciência e reflexão para resolução dos problemas, o que pode irritar muitos que buscam mais ação ou até mesmo um jogo que apenas conta sobre a história. Eu como gosto de alguns desafios com quebra-cabeças (principalmente quando são criativos) não senti essa frustração ao ficar preso em alguns problemas, já que apenas a insistência e observação do ambiente foram suficientes para progredir no jogo.
Uma experiência interessante que tive foi que, dependendo do quão sem respostas eu estava sobre alguma parte e não conseguia progredir, o jogo permitia realizar diversas ações por mais absurdas que pudessem ser, como por exemplo tentar matar os personagens de diversas maneiras ou gerar brigas. No geral isso me surpreendeu pois o jogo foi feito por apenas uma pessoa e o mesmo possui diversas respostas diferentes para cada ação feita.
A forma de clicar para gerar uma ação é bem parecida com um mouse e não é a mais confortável para utilizar em um videogame que utiliza controles para se jogar, mas não senti dificuldade na utilização enquanto jogava e inclusive o jogo possui uma certa "assistência" para os cliques se tornarem mais precisos.
O que poderiam ter implementado e que chega a deixar o jogo cansativo em alguns momentos (principalmente caso queira encontrar outros finais) é uma função de acelerar o tempo, pois em diversos momentos o jogador já saberá todas as falas e já terá visto o resultado do evento diversas vezes. Isso também se torna bem chato quando o jogador quer tentar fazer algo diferente mas o resultado final daquela decisão é o mesmo de outra já vista, mas mesmo assim ele precisa ver toda a encenação até que a noite recomece. É até possível adiantar um pouco apenas nos diálogos, mas uma função de avanço no tempo seria mais útil.
Outro ponto negativo é a mecânica de combinação de itens. O jogo chega a mostrar essa possibilidade logo de início, mas acaba sendo extremamente limitada até mesmo se comparado a jogos antigos de fuga e quebra-cabeças. Nem só a combinação é um problema, mas também a quantidade de itens disponíveis é bem limitada, o que consequentemente limita um pouco a abordagem e novas possibilidades para a jogabilidade. O jogo tenta compensar um pouco dessa falta com a variações de eventos e vários diálogos que mudam conforme as escolhas, mas estes poderiam ser complementados com uma melhora dessas duas mecânicas citadas anteriormente. Apesar disso, o jogo disponibiliza uma interação interessante e bem feita com os objetos disponíveis no ambiente.
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É importante levar em conta outro ponto muito importante em Twelve Minutes, a sonoridade. Esse recurso é um show a parte neste jogo, tanto na dublagem quanto nos sons do ambiente. A dublagem consegue transmitir exatamente a reação a determinados eventos que acontecem, permitindo que o jogador consiga se sentir mais conectado e entender melhor cada situação do jogo. Os sons do ambiente são incríveis e conseguem por si só transmitirem informações importantes, não sendo necessário uma interface cheia de dados para conseguir compreender e aproveitar o jogo. Isso me deixou bem ansioso em diversos momentos nesse sentido, como por exemplo com o som do elevador chegando, o barulho de passos entre os cômodos e aquele som ambiente de fundo se aproximando para repetir a noite mais uma vez (basicamente uma contagem regressiva).
Resumindo, o jogo trás uma abordagem não tão comum e popular nos dias de hoje (ao menos nos videogames), mas consegue entregar uma história e desafios bem interessantes, fazendo com que o jogador experimente diversas possibilidades de ações em um único ambiente, resultado em diferentes respostas. Ele claramente possui seus defeitos que o fariam talvez melhor caso fossem solucionados, mas mesmo assim o jogo consegue atrair a atenção de muitas pessoas e inclusive é bem divertido para jogar localmente como mais de uma pessoa mesmo o jogo sendo singleplayer, pois a história, os acontecimentos e quebra-cabeças são muito interessantes de serem discutidos com outras pessoas. Esse certamente é um dos jogos de menor orçamento deste ano que as pessoas precisam dar ao menos uma conferida, porque é uma experiência bem intrigante e desafiadora.
Disponível nas plataformas:Xbox One, Xbox Series X|S e PC. Também disponível no Game Pass.
- Sonoridade
- Detalhes nas interações com objetos
- Diversas abordagens disponíveis
- Investigação
- História intrigante
- Diálogos bem escritos para cada situação
- Poucos objetos disponíveis
- Combinação de objetos fraca
- Ausência de um acelerador de tempo
Fã de yakuza e jogos que trazem experiências criativas e diferentes das que já tive.