GameVicio entrevista - Rodrigo, do estúdio brasileiro Ilusis Interactive Graphics

#Notícia Publicado por Anônimo, em .

Entrevistamos Rodrigo, do estúdio brasileiro Ilusis Interactive Graphics, primeiro estúdio brasileiro a criar um game voltado para a linha Tegra, da Nvidia: Jett Tailfin Racers THD.

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Em pouco mais de dez perguntas, Rodrigo nos conta mais sobre as dificuldades de se criar games no Brasil, bem como as etapas de trabalho na criação de games e outros detalhes. Confira!

Atualmente, existem games de diferentes estilos e gêneros. Qual foi o processo criativo até chegar em Jett Tailfin Racers THD, um game de corrida submarina com peixes?

O Jett Tailfin é uma versão mobile atualizada e melhorada do jogo Peixis, um projeto que começou ainda durante a faculdade. Buscávamos criar um jogo que tivesse algo de diferente, sabíamos que juntar os peixes exóticos e a beleza dos ambiente marinhos com um visual cartoon teria tudo para dar certo!

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Surgiram muitas idéias dentre elas controlar e correr com cardumes inteiros. Mas algumas idéias acabam não tão interessantes quanto pareciam na prática, percebemos que com um peixe apenas poderíamos concentrar mais nos personagens e o gameplay provavelmente seria mais intuitivo.

O resultado se tornou um jogo mais casual, algo parecido com gênero criado pelo Mario Kart com um pouco de liberdade para correr pelos mares. Esperamos que com o sucesso do jogo este possa ter novas versões onde possamos incluir mais conteúdo e novas formas de gameplay!

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Sabemos que o Brasil ainda tem um longo caminho para percorrer quando se trata de desenvolvimento de games. Problemas como falta de investimento, carga tributária, equipamento e mão de obra especializada são sempre apontados como os vilões deste setor.

Com vocês da Ilusis Interactive Graphics foi a mesma coisa? Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do game?

Enfrentamos alguns desafios que afetam não somente este segmento, como você mesmo descreveu. Falta de investimento, carga tributária excessiva, dentre outros. Acredito que o maior deles é a falta de mão de obra especializada. Para minimizar este problema, procuramos estar integrados com as Universidades locais, que em muitos casos nos auxiliaram na seleção de talentos.

E nessa questão de falta de mão de obra especializada: Especificamente, que tipo de profissional vocês procuram e/ou sentiram falta no processo de desenvolvimento do game?

Na parte de programação, basicamente buscamos profissionais com conhecimento em C++. Na parte de arte, principalmente 3D, buscamos profissionais que tenham uma experiência, mesmo que pequena, em desenvolvimento de games. O que temos feito é buscado dentro das Universidades, na forma de estágio, estudantes nos quais observamos potencial de evolução e vontade de trabalhar nesta área.

Por que escolheram os mobiles como plataforma do game? E, mais especificamente, os mobiles com o Nvidia Tegra?

Plataformas Mobile fazem parte de nossa estratégia de negócio, desde que a identificamos como um segmento que está em franca expansão. Smartphones e Tablets estão sendo lançados a cada dia no mercado e cada vez mais com características técnicas que possibilitam o desenvolvimento de grandes games. Atualmente, além das plataformas Mobile, desenvolvemos para consoles SONY. O fato de criarmos um game voltado para dispositivos com processadores Nvidia Tegra 2 e Tegra 3, surgiu através de uma oportunidade apresentada por um dos nossos parceiros nos Estados Unidos, permitindo que tivéssemos acesso aos kits de desenvolvimento e sua publicação através do Tegrazone, que é uma grande vitrine para games Android.

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Apesar de consumir e se envolver com games diariamente, poucos são aqueles que jogam e sabem as etapas e as necessidades para se criar um game. Poderia contar um pouco como é criar um game, da sua concepção até o seu lançamento?

De uma idéia a um jogo pronto pode-se levar bastante tempo, anos muitas vezes.

Existe a etapa de pré-produção onde a idéia vai sendo expandida, cortada, modificada para se tornar um Game Design Document. Ao mesmo tempo protótipos precisam ser criados para validar aquela idéia. Uma das partes mais curiosas ao desenvolver games é que uma idéia, por melhor que seja, dificilmente funciona de primeira. A ideia precisa ser testada, jogada, sentida para que se torne um bom jogo e essa é a função de um bom protótipo. Juntando ao Game Design e protótipo ainda temos a arte conceito onde o visual é definido, dos cenários aos personagens.

Com isso pronto inicia-se o processo de desenvolvimento. Artistas, programadores e game designers trabalham cada um para que suas idéias, artes e códigos se unam em um jogo. Diferentes desafios são encontrados nesta parte, sejam os prazos, as limitações técnicas da plataforma a ser desenvolvida ou alguns ajustes que sempre surgem. Música e efeitos também entram nesta parte. O jogo ainda precisa ser balanceado e os bugs corrigidos.

Além disso ainda tem a parte comercial, material de marketing e localização para diferentes idiomas.

Fazer um game envolve bastante trabalho! Mas ao mesmo tempo trabalhamos com uma grande diversidade de pessoas, fazendo o que gostam. No final é um trabalho divertido e gratificante.

Eu vou repetir uma pergunta que faço para todos aqueles que trabalham no desenvolvimento de games no Brasil: Foi dito há cerca de dez meses, quando Aloizio Mercadante ainda era ministro da Ciência, Tecnologia e Informação, que o governo federal iria incentivar a produção de softwares e games nacionais. Você, que está envolvido na produção de um game, já sentiu o reflexo desta declaração? Houve, de fato, algum incentivo ou apoio do governo?

Um apoio direto, principalmente voltado para desenvolvedores, ainda não vimos. Acreditamos que este processo demanda tempo e que ainda virá. Mas com certeza, podemos sentir alguma mudança quando nos deparamos com indicadores mostrando que o Brasil atualmente é um grande consumidor de games e quando vamos lá fora e percebemos que muitos tem os olhos voltados para o nosso mercado.

Quais as metas e expectativas com Jett Tailfin Racers THD?

Um dos objetivos iniciais era demonstrar a capacidade técnica da nossa empresa junto a eventuais parceiros internacionais. A Tegrazone é uma vitrine para games. O aprendizado foi grande, sendo parte importante no processo e que possibilita projetos maiores no futuro, projetos estes que já estão em desenvolvimento.

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Parte da mídia brasileira tem, com certa freqüência, atacado os games, relacionando games violentos com o comportamento violento das pessoas. Qual a sua opinião sobre essa relação que parte da mídia faz?

Não concordamos com a maioria do que é dito sobre relação entre games x violência. É algo que precisa ser muito bem estudado para se chegar a qualquer conclusão.

Acho que as pessoas procuram motivos para explicar a violência que vêem no dia a dia. Muitas a culpa cai nos filmes, animes, livros... o jogo não é o único que leva a culpa. Mas não existem apenas jogos violentos, na verdade a maioria dos jogos incentiva uma cooperação ou competição saudável entre os amigos. Jogos foram feitos para se divertir, interagir, cooperar, experimentar histórias e universos fantásticos. São também estímulos ao aprendizado e ajudam a melhorar os reflexos.

Filtrando os exageros que a mídia faz a mensagem que fica é que não se pode explicar todo um comportamento por apenas um motivo isolado. A influência dos pais, amigos e escola tem muito mais poder do que qualquer jogo, violento ou não.

Quais os próximos projetos da Ilusis Interactive Graphics? Além de lançar conteúdo extra para o game, existe algum outro projeto em paralelo?

Temos em andamento o desenvolvimento de dois novos games, voltados também para dispositivos móveis iOS e Android, parte de um projeto maior que é o desenvolvimento de 12 games dentro do ano de 2012. Em paralelo a este Projeto Mobile, estamos desenvolvendo em parceria com empresa americana Projetos Multiplataforma, ficando sob nossa responsabilidade o desenvolvimento para os consoles SONY e dispositivos móveis com processadores Tegra.

Você pode adiantar alguma informação sobre estes dois games desenvolvidos para iOS e Android, bem como os consoles da Sony?

Por questões de confidencialidade, determinada por acordos com empresas internacionais que hoje possuímos, não podemos adiantar muita coisa. O que podemos dizer é que iremos lançar mais games casuais dentro de pouco tempo.

Há quem critique essa demanda cada vez maior de games casuais para plataformas mobiles, com baixo custo de venda, argumentando que este tipo de game esta acabando com games de maior custo de produção. Qual a sua opinião sobre isso?

Existe atualmente mercado para todos os tipos de games. Os casuais, cujo orçamento são menores e o desenvolvimento é relativamente mais fácil, até os AAA os quais possuem orçamento Mega e complexidade proporcional para este desenvolvimento. Tem espaço para todos os tipos de gosto e bolso!

Por fim, poderia deixar um recado para o público gamer do Brasil e da GameVicio?

Acredito que somos muitos no Brasil atualmente! O Brasil tem sido visto lá fora como um grande mercado consumidor, para todos os tipos de games desenvolvidos. Devemos sempre incentivar o desenvolvimento deste segmento aqui no Brasil, para que tornemos de fato uma indústria.

Da Redação

Anônimo
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