O decano dos jogos de aventuras, que serviu de inspiração a uma panóplia de jogos no mercado, volta em grande e com vontade de recuperar a liderança.
Vou começar por vos confessar uma coisa: sou um verdadeiro fã da série, tendo-os jogado todos, uns mais que outros. Muito mais do que aos gráficos, sempre me prendi às histórias, aos enredos, aos puzzles, tudo aquilo que fez de Tomb Raider original um pioneiro que marcou para sempre os jogos de aventuras. Os dois últimos jogos da série, conseguiram trazer de volta a química e a paixão para junto dos fãs, mas como foram baseados e desenvolvidos para o PC, com uma conversão para a PS2 em vista, ficaram marcados por um grafismo longe daquilo que é a norma desde há algum tempo. Underworld será, definitivamente, o ponto de viragem.
Em termos visuais, Underworld eleva a fasquia mostrando, a esta altura, uma qualidade próxima de Uncharted, que é de momento a referência no género. No entanto, este jogo apresenta um maior cuidado cromático com todo o ambiente a denotar cores mais reais, o que resulta num cenário mais harmonioso, sem exageros de luminosidade nem de cor. Basta olhar para os cenários, mesmo sem Lara, para percebermos que estamos perante um Tomb Raider.
Pela primeira vez, foi feita motion capture e isso percebe-se pelos movimentos da nossa heroína, graciosos como sempre, mas agora mais reais. Todas as interacções de Lara foram cuidadosamente estudadas: afasta a folhagem, enquanto caminha pela floresta, com as duas mãos se estiverem livres, mas só com uma se a outra estiver ocupada, por exemplo; Outro dos cuidados encontra-se espelhado na influência das condições ambientais. Lara agora suja-se, molha-se, escorrega, com os efeitos a permanecerem por determinado tempo. As pegadas que deixa na lama, ficam impressas até retornarmos a esse ponto no cenário e os corpos que ficam de uma batalha não desaparecem por magia, tal como os danos provocados.
O cuidado com a jogabilidade supera em muito a evolução gráfica, com a intenção de envolver o jogador na história como nunca antes. Em anteriores jogos da série, as várias vertentes do jogo apareciam separadas, isto é, as cenas de tiros, as escaladas, os puzzles, etc., eram feitos quase individualmente. Em Underworld, a experiência será melhorada com todos esses aspectos a serem conjugados, tendo o jogador, muitas vezes, de lidar com os mesmos em conjunto. A história será desta vez não linear, cabendo ao jogador decidir muito daquilo que faz, sendo possível avançar “à Rambo”, matando tudo quanto mexe, ou optar por uma postura mais pacífica, passando despercebidos pelos inimigos. Outra das inovações desvendadas foi a utilização de um Sonar 3D, que produz um mapa relativo ao cenário onde Lara se encontra, ajudando-nos a descobrir objectos escondidos.
A Eidos tem levantado o véu sobre alguns dos aspectos do jogo, mas muito continua escondido e só em Novembro saberemos a totalidade da trama. Tudo indica que Lara partirá em busca de Mjöllnir, o martelo de Thor, o Deus do Trovão da mitologia nórdica. Lara começa as buscas numas ruínas submersas no mediterrâneo, onde terá de enfrentar tubarões, e à medida que a história avança, percebe que a sua descoberta poderá colocar em perigo o mundo. Outros cenários já confirmados são as florestas do México, da Tailândia e as ilhas geladas do Árctico. Do rol de inimigos a enfrentar destacam-se, além dos referidos tubarões, morcegos, tigres, aranhas, um polvo gigante e uma raça de Homens Lagartos conhecidos como Naga.
Se esta nova aventura vier acompanhada da qualidade que a série e os fãs merecem, Tomb Raider – Underworld poderá marcar uma nova etapa nos jogos de aventura.
O carisma e a magia estão lá, falta saber se o restante aparece.
