The Suffering: Ties That Bind

#Notícia Publicado por BT_Klevim, em .

Sofrimento? Só se for de insanidade

O primeiro episódio de The Suffering, lançado em 2004, nos introduziu à história confusa e doentia de Torque, que foi condenado à morte por ter supostamente assassinato toda sua família. Após enfrentar criaturas grotescas, cuja existência era pouco a pouco explicada no original, Torque consegue escapar do cárcere. Ã a partir deste ponto da história que Ties That Bind começa.

Se você achou o enredo do primeiro confuso, prepare-se para despirocar de vez. Ties That Bind é mais focado nas alucinações de Torque em relação à sua família, do que nas experiências bizarras que fizeram de sua vida um verdadeiro inferno na Terra. A história é contada atravez de fragmentos, em visões que surgem inesperadamente durante a ação. Os locais visitados podem trazer lembranças do passado de Torque, como sua relação com seus filhos e sua esposa, e os trágicos eventos que acabaram destruindo-a. Desta vez, o cenário cerá a cidade de Baltimore e todos os lugares que fizeram parte da vida de Torque antes da penitenciária.

A insanidade do personagem é perfeitamente retratada através dessas visões, que podem acontecer em lugar pré-determinados ou aleatóriamente. Em câmera lenta, espécies de fantasmas entram em cena, enquanto imagens bizarras tomam conta da tela por poucos milésimos de segundo, às vezes até subliminarmente. A atmosfera claustrofóbica, repleta de ruídos visuais e sonoros, completam a experiência perturbadora e alucinante de Ties That Bind " a música, infelizmente, é quase inexistente. Entretanto, se você jogou o primeiro The Suffering, verá que nada disso é novo.

Graficamente o jogo não evoluiu muito. Os cenários continuam pouco detalhados, apresentando texturas pobres e uma arquitetura que não convence, com algumas excessões, como o lado exterior do cinema " que aparece na capa do jogo. A maior diferença visual encontra-se nas criaturas, que foram modeladas primorosamente, mesmo aquelas que ja apareciam no jogo anterior. Manchas de sangue aparececrão por todos os lados, principalmente em Torque, que poderá ficar completamente encharcado com durante os combates mais intensos. Os efeitos de iluminação também foram aprimorados, contando agora com luz volumétrica, tornando os cenários mais realistas.

" Tá amarrado em nome de Jesus!"

Os monstros são um caso a parte. O comportamento de cada um deles é variado, graças à incrível inteligência artificial. As criaturas mais comuns em The Suffering, os humanóides que possuem lâminas no lugar dos pés e das mãos, são completamente imprevisíveis. Podem escalar paredes, atacarem em conjunto ou avançarem inesperadamente para cima de Torque. Um dos momentos mais impressionantes foi ver um deles descendo uma escadaria, raspando uma de suas lâminas no corremão, como se estivesse desafiando o jogador, enquanto causava aquele ruído de doer os ouvidos. Outras criaturas podem atacar umas às outras, deixarem de perseguir Torque para comer a carne pútrefa de algum corpo ao redor, destruir objetos nos cenários por vontade própria, e outras coisas impressionantes. Dependendo da arma de Torque e do membro do corpo afetado pelo tiro, as criaturas podem morrer de maneiras diferentes, ou até mesmo permanecerem vivas sem os braços ou a cabeça. Com uma inteligência artificial destas, espere por uma dificuldade elevadíssima.

Falando em monstros grotescos, é impossível não mencionar a forma bestial de Torque. Quanto mais criaturas enfrentar, mais seu nível de insanidade aumentará, até que ele se transforme em um monstro de quase o dobro de seu tamanho. Essa característica está infinitamente melhor que no jogo original, e conta até com alguns slow downs durante os ataques mais poderosos. Desta vez, Torque pode realizar um golpe especial, que necessita de um tempo de concentração para ser executado. As criaturas são literalmente destroçadas quando atingidas por golpes certeiros. Para manter a forma monstruosa, é necessário matar sem longos intervalos, caso contrário, Torque voltará à sua forma humana, correndo o risco ainda de ficar com a energia próxima ao zero.

Durante sua jornada, você terá que fazer decisões que poderão ativar eventos futuros e ainda, mudarem o desfecho da história macabra de Torque " são três finais diferentes, ao todo. Nesses momentos, surge o clichê básico das vozes da consciência na forma de dois personagens, que tentarão influenciar suas ações tanto para o bem, quanto para o mal. Matar um indivíduo, ou arriscar-se a ajudá-lo? Você é quem escolhe, mas saiba que tudo terá uma conseqüência.

Oops, they did it again!

Infelizmente, o maior problema de Ties That Bind continua sendo o elemento que mais atrapalhou no jogo original: a jogabilidade. Embora seja um jogo pensado em terceira-pessoa, você pode ajustar a visão para a primeira-pessoa a qualquer momento, facilitando (e muito) as batalhas " que acontecem em quase todo minuto. Se por um lado essa é uma ótima opção para a ação, não funciona muito bem durante os momentos de exploração. Portanto, gera-se um empecilho para o jogador, que precisa ficar mudando a perspectiva da câmera constantemente. Além disso, um problema ainda maior estão nos controles, que mesmo após alguns ajustes, parecem demorar para responder. Mirar nos inimigos continua sendo um verdadeiro "sofrimento", podendo lhe custar muitas balas perdidas.

The Suffering: Ties That Bind é, talvez, um daqueles jogos duais: ame-o ou odeie-o. Sua história insana, sem muito nexo e seu visual deveras chocante e grotesco pode agradar a uns e desagradar a outros. Porém, há de se concordar que, com excessão da jogabilidade, Ties That Bind é um trabalho primoroso, principalmente nos quesitos "ambientação", "atmosfera" e "imersão". Se você gosta de histrórias de horror e ação, ignore os problemas e aproveite tudo o que o jogo tem a oferecer de bom. Valerá a pena.

Produtora: Midway Games Desenvolvimento: Surreal Software Gênero: ação Jogadores: 1

GRÁFICOS 7.0 SOM 8.0 JOGABILIDADE 6.0 DIVERSÃO 8.5 REPLAY 8.5 NOTA FINAL 8.0

BT_Klevim
BT_Klevim
, Araçatuba, Sao Paulo, Brasil
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