Marvel vs. Capcom: Infinite fora do EVO 2018 indica que os tempos mudaram

#Artigo Publicado por MauricioCreed, em .

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Em 6 de fevereiro de 2018, Marvel vs. Capcom: Infinite foi encontrado morto em seu quarto na UTI do hospital da Capcom, depois de meses de um quadro clínico grave com raros sinais de melhora. Quem encontrou o corpo foram as milhares de pessoas que assistiam a transmissão do anúncio do lineup de jogos para o Evolution 2018, o maior evento competitivo de jogos de luta do mundo.

Sem transparecer nervosismo, os representantes do torneio anunciaram os oito jogos principais do campeonato em 2018, resgatando Super Smash Bros. Melee e colocando três jogos japoneses na disputa: Dragon Ball FighterZ (o queridinho de todos), Guilty Gear Xrd Rev2 e um jogo que será lançado apenas em maio, Blazblue Cross Tag Battle. Ainda tivemos o retorno de Injustice 2, Tekken 7 (sucesso absoluto desde que foi lançado), Super Smash Bros. for WiiU e, claro, Street Fighter V.

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A internet já lamentava o anúncio com o seu jeitinho único: xingando a empresa responsável, o torneio, os jogadores que acreditavam no game, os que desistiram do game, culpavam Dragon Ball, e por aí vai. O que importa é que, pela primeira vez na história da competição, Marvel vs. Capcom não estará entre nós.

Quem foi o responsável pela morte prematura do game?

Questionei se a falta de interesse dos jogadores era realmente o único problema e fui em busca de respostas. É claro que estamos falando de um jogo que já nasceu mal das pernas, com uma imposição velada, mas que todos sabíamos que estava lá, ligada à proibição dos X-Men, do Quarteto Fantástico e demais heróis que não fizessem parte do Universo Cinematográfico da Marvel.

Além disso, o game teve uma mudança estética, que abandonou o estilo de quadrinhos e as cores vibrantes dos seus antecessores, e apostou num visual "realista" e mais sombrio, talvez com um apelo maior a todos os públicos, vide o sucesso de Injustice 2 (talvez essa justificativa tivesse passado pela cabeça deles).

Tudo isso afastou jogadores e isolou muitos dos que confiavam apenas no sistema de combate, divertido e engenhoso. No Steam, era muito fácil ver que o crossover da Capcom apresentava números assustadores - no pior dos sentidos. Mas MVCI era sim um jogo divertido de se jogar, apesar das suas faltas significativas.

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Considerando isso, fica meio óbvia a escolha eliminar da competição um jogo sem público. Afinal, para um torneio do tamanho do Evolution se sustentar, é preciso que ele venda números, sejam esses de jogadores ou espectadores. Não é por ser um jogo maravilhoso ou super disputado que Smash Bros. aparece duas vezes na competição, mas sim porque ele atrai público - mesmo que essas pessoas só estejam realmente interessadas nas disputas do game da Nintendo.

Mas eu tenho comigo aqui uma hipótese. Claro que completamente fundamentada em suposições e alguns pedaços de informações retiradas de informantes bem posicionados na indústria, tudo me faz entender que o buraco é um pouquinho mais embaixo.

Não sei se todo mundo que acompanha a cena reparou nisso, mas a maioria das pessoas envolvidas com jogos de luta de uma forma mais profissional, mantiveram suas opiniões um tanto quanto moderadas. Um retuite aqui ou ali, além de muitos conselhos para que os jogadores continuem apoiando seus jogos nos demais torneios da comunidade que estão para dar as caras em 2018. Ficar fora de um EVO não é o fim do mundo. Mas essa info claro, eu complemento logo menos.

Aí temos a corrente de mensagens de Mark "Markman" Julio, Gerente Global de Desenvolvimento de Negócios do EVO, super transparente na explicação de como o torneio é organizado, de quanta negociação acontece no backstage com as desenvolvedoras dos jogos e por aí vai.

Em linhas gerais, o que ele diz é que o evento assumiu proporções gigantescas. Ele se tornou tão grande que as desenvolvedoras agora usam o palco do Evolution para realizar anúncios de novos jogos ou DLCs, e isso requer um gerenciamento de relações entre as empresas, que nem sempre são as melhores possíveis.

Markman explica que o torneio deixou de ser apenas um campeonato e passou a ser visto como a casa dos jogos de luta, um lugar para as empresas conhecerem e trabalharem mais perto com a comunidade hardcore de seus jogos, ao mesmo tempo que procura por novos curiosos graças ao alcance das transmissões.

Toda essa visibilidade tem um preço também. Ele precisa conversar e negociar de antemão com as empresas a viabilidade dos jogos dentro do torneio. E nem sempre o retorno é o esperado. E não é possível conceber um campeonato do tamanho do EVO sem o apoio da desenvolvedora, ressaltando que eles nunca recebem dinheiro para a inserção de jogo X ou Y no campeonato. Markman cita como exemplo DBFZ, o mais requisitado para o ano de 2018, que precisou passar pela aprovação da Bandai Namco para a liberação do anúncio da sua inclusão na lista de jogos.

Nesse aspecto, a própria Nintendo chegou a tentar proibir não só transmissão, como todo o torneio de Super Smash Bros. Melee do EVO em 2013. Leiam todos os tweets dele, são bem esclarecedores para a explicação final do que eu acho que vai acontecer com Marvel vs. Capcom: Infinite.

https://twitter.com/MarkMan23/status/961281797945307136

Com tudo isso explicado e servindo de referência ao meu achismo próximo, lá vai: provavelmente Marvel vs. Capcom: Infinite saiu do Evolution e não está mais sob os holofotes para que a Marvel tenha em mente algo próprio para ele, e está mantendo-o na geladeira por enquanto. Talvez a criação do seu próprio torneio de esports de MVCI, algo como a Capcom Pro Tour.

Hoje em dia temos a Warner investindo pesado no cenário com Injustice 2, a Bandai Namco colocando animes como prioridades e a Capcom ainda apostando em Street Fighter. É bem possível que a Marvel tenha algum interesse em investir nos esports também.

Vale o investimento no jogo? Do jeito que está mal visto dentro do mercado, acho que não. Mas vivemos a era dos DLCs, upgrades técnicos. É provável que uma nova temporada de personagens dê as caras por aí, e quem sabe até a inclusão dos mutantes esteja nos planos da empresa, nunca se sabe. Na pior/melhor das hipóteses, um jogo novo.

Essa para mim é a razão pela qual algumas pessoas do meio estão se segurando nas explicações e lamentações. Elas já sabem de algo, já foram contactadas para trabalhar em novos projetos relacionados a Marvel vs Capcom: Infinite e estão apenas esperando o momento do anúncio.

É muito cedo para enterrar o jogo, o ano está apenas começando e vale a pena ser um pouco otimista. Claro que por mim os jogos de luta ainda seriam os mais populares do mercado, e esse mês eu consigo argumentar em cima disso facilmente com Dragon Ball FighterZ.

Maurício Wesley
Maurício Wesley #MauricioCreed
, Brasilia-DF
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