PC Gaming vs Consolas - O que é melhor?

#Artigo Publicado por Anônimo, em .

A linha que separa o mundo do PC Gaming das consolas nunca esteve tão ténue. Com o anúncio de consolas como a PlayStation 4 Pro e Xbox One X, que prometem um melhor desempenho e qualidade gráfica sem se dominarem propriamente de uma nova plataforma (ou seja, ainda são compatíveis com todos os jogos lançados desde o início da geração), as fabricantes das consolas estão essencialmente a fugir ao modelo tradicional das consolas, em que o hardware ficava praticamente idêntico até à chegada de uma nova consola e não havia distinção no desempenho dos jogos.

Apesar desta ligeira aproximação das consolas à realidade do PC, continuam a ser coisas distintas. Jogar numa consola é diferente de jogar num PC e ambas as opções têm tanto vantagens como desvantagens. É um debate eterno, o da melhor plataforma para jogar. Uns preferem a conveniência das consolas, enquanto outros não abdicam da personalização, desempenho e possibilidades do PC. Não queremos convencer ninguém a comprar uma consola ou um PC para jogar, nem tão pouco fazer piadas da PC Master Race. O objectivo é salientar as diferenças entre os dois colocando em foco os pontos positivos e negativos.

Preço

É preço é um dos factores diferenciadores entre as consolas e os PCs. As consolas são, de facto, mais acessíveis, mas contrariamente ao que alguns acreditam, não é necessariamente gastar uma fortuna para ter um PC que consiga correr os jogos actuais. Tanto a AMD como a Nvidia têm apostado em gráficas que, por um preço acessível, conseguem correr todos os jogos recentes a 1080p. Os exemplos são a GTX 1050 TI e a AMD Radeon RX 470, que na resolução 1080p conseguem ultrapassar o desempenho oferecido pelas consolas.

1050 TI

O bang for buck da GTX 1050 TI é impressionante, mas as reduções de preço agressivas da PS4 e Xbox One tornam as consolas apelativas para as massas.

A vantagem dos PCs é que o orçamento pode ser adaptado à vossa carteira. Se quiserem podem gastar 2000 euros e ter um PC excelente que será capaz de correr tudo no máximo sem suar, mas também podem gastar 600 euros e ter algo menos poderoso mas satisfatório. Independentemente do preço, os jogos para PC terão sempre a vantagem do desempenho, portanto, para aqueles que não querem abdicar da fluidez dos 60 fotogramas por segundo, o PC continua a ser a melhor opção.

Se formos a avaliar exclusivamente pelo preço, não há dúvida que as consolas estão em vantagem. É possível comprar hoje uma PlayStation 4 ou Xbox One por 250 euros. É impossível montar um PC com a mesma capacidade pelo mesmo preço. No entanto, não podemos ignorar que as consolas têm hoje serviços pagos que são obrigatórios para jogar online. O PlayStation Plus e o Xbox Live custam 50 euros por ano, enquanto no PC não há qualquer custo associado (para além da conta mensal da Internet obviamente). Estes serviços têm outras vantagens, como ofertas mensais de jogos, mas não deixa de ser um custo adicional.

Também é importante referir que, normalmente, os jogos custam mais nas consolas do que no PC. Um exemplo recente é Overwatch, que custa 39.99 euros para PC. O preço normal de Overwatch nas consolas é 69.99 euros. É uma diferença de 30 euros. Nem todos os jogos têm uma diferença tão grande no preço das várias versões, mas a realidade é que os jogos para PC costumam custar 10 euros ou 20 euros a menos do que nas consolas. Portanto, embora o custo de entrada de uma consola seja menor, os custos de manutenção são superiores.

Exclusivos

Os exclusivos são o argumento principal de alguns para preferir as consolas ao PC. O problema do PC é que não existe alguém que seja proprietário da plataforma e que esteja interessado em promover a plataforma com exclusivos, tal como acontece nas consolas. Mas curiosamente, estamos a assistir a uma mudança de cenário. Existem cada vez mais estúdios e editoras interessadas apostar no PC. Mesmo a Microsoft, que está no mercado das consolas com a Xbox One e está a preparar-se para lançar a Xbox One X, está a começar a disponibilizar os seus exclusivos para PC (Windows 10). Exemplos disso são Gears of War 4, Crackdown 3, Forza Motorsport 7 e Sea of Thives.

Companhias como a Sony e Nintendo continuam a lançar os jogos apenas nas suas plataformas e tal não deverá mudar tão cedo. Jogos como Horizon: Zero Dawn, The Last of Us, God of War, The Legend of Zelda, Super Mario, entre outros, continuam a vender consolas e são, sem dúvida, títulos apelativos. Mas por outro lado, tirando os exclusivos da Sony e da Nintendo, praticamente todos os jogos são lançados para PC. Destiny 2 (o primeiro jogo só saiu para as consolas) terá versão PC. Anthem, Monster Hunter World, Assassin's Creed Origins e praticamente todos os jogos de editoras third-party mostrados na E3 2017 terão uma versão PC.

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O PC tem uma grande variedade de jogos, mas jogos como Horizon: Zero Dawn e The Legend of Zelda: Breath of the Wild são difíceis de ignorar.

Portanto, embora as consolas tenham alguns exclusivos de peso que favorecem a sua plataforma, a realidade é que hoje em dia podes jogar praticamente todos os jogos third-party num PC. No caso da Sony, não podemos ignorar o PlayStation Now, um serviço de streaming disponível para PC que permite aceder a jogos da PlayStation 3 e da PlayStation 4 (embora a lista ainda seja limitada).

Retro-Compatibilidade

A situação aqui não é tão linear. A PlayStation 4 e a Nintendo Switch não são compatíveis com os jogos das consolas anteriores, mas a Microsoft tem feito um excelente trabalho na Xbox One ao tornar a consola compatível com uma lista crescente de jogos para a Xbox 360. A retrocompatibilidade com jogos da Xbox original também está a caminho, o que é impressionante.

Ainda assim, nada bate o PC no que toca à retrocompatibilidade. Podem ser necessários alguns ajustes, mas não terão problemas em desfrutar de um jogo que tenham comprado há dez anos. Plataformas como o Steam tornam isto ainda mais fácil e acessível, dando-vos acesso fácil à vossa biblioteca inteira de jogos mesmo que comprem um novo PC. A vantagem do PC é mais do que evidente neste aspecto.

Acessibilidade

As consolas são consideradas como a plataforma mais acessível, bastando ligar à televisão, inserir o disco e jogar. Esta era a realidade há uns anos, mas hoje as consolas são máquinas complexas e tantos os jogos como o software da consola requerem actualizações. Apesar disto, as consolas continuam a ser máquinas à prova de erro, isto é, é difícil estragar alguma coisa.

Os PCs são vistos como uma plataforma mais complexa. Há uma certa verdade nisto, mas o crescimento de plataformas como o Steam tornou tudo mais fácil. Os jogos no Steam actualizam-se sozinhos, pelo que não têm que se preocupar com a actualização. De vez em quando terão que actualizar as drives da placa gráfica, mas mais uma vez, tanto a Nvidia como a AMD têm software que torna o processo fácil.

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Um PC não é um bicho de cabeças, mas a comodidade das consolas é um factor apelativo.

Apesar do PC ser hoje uma plataforma muito mais acessível, ainda poderão encontrar erros estranhos. Numa consola sabem que o jogo vai correr de qualquer forma. No PC é possível encontrar erros de compatibilidade (embora seja raro) e poderão ter que passar algum tempo a vasculhar o Google e fóruns para encontrar uma solução para o problema.

Controlos

Aqui o PC tem uma clara vantagem. Os comandos são a forma principal de interecção nas consolas, e embora sejam versáteis e viáveis em quase todos os géneros, a realidade é que o PC tem mais opções. Para além do rato e teclado, também podem usar um comando. O rato e teclado são o ideal para jogos de tiros e de estratégia, enquanto o comando é melhor para jogos de aventura e que envolvam combate.

É possível usar rato e teclado nas consolas, mas para isso vão precisar de adquirir adaptadores que custam mais de 100 euros. O PC também permite que usem qualquer tipo de periférico sem preocupações de compatibilidade. Isto é particularmente útil com acessórios caros, nomeadamente headsets, volantes e arcade sticks

Desempenho

Já falámos um pouco desta questão inicialmente no tópico do preço, mas merece o seu tópico separado. Um PC é capaz de superar largamente o desempenho de uma consola, mas claro, existe um custo associado a esta proeza. Uma GTX 1080 TI, a melhor gráfica para jogos que podem comprar neste momento, custa em Portugal cerca de 800 euros. É um valor muito mais elevado do que qualquer consola (o dobro de uma PS4 Pro, por exemplo), mas o desempenho que recebem em troca é impressionante. Esta é uma gráfica que corre os jogos confortavelmente a 4K.

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O PC continua a oferecer um desempenho superior às consolas. Para entusiastas, não há melhor plataforma.

No que toca a desempenho puro, o PC continua à frente das consolas. Para além de novo hardware ser lançado com mais regularidade, beneficiando o desempenho, há entusiastas que estão dispostos a gastar mais para estar na frente da curva tecnológica. Um exemplo de como as consolas estão limitadas é Destiny 2. As versões das consolas, incluindo a versão da PlayStation 4 Pro, vão correr a 30 fps. No PC será possível jogar a 60 fps, o que é ideal para um jogo de tiros.

E não precisam necessariamente de uma GTX 1080 TI para vencer as consolas em desempenho. Uma placa gráfica de média gama como a GTX 1060, cujo preço ronda os 300 euros em Portugal, é capaz de correr um jogo exigente como The Witcher a 1080p / 60 fps com as configurações no máximo. Claro que um PC não vive só da placa gráfica, vão precisar de um processador razoável para acompanhar a placa gráfica e actualmente 8 GB de RAM no mínimo.

O desempenho nas consolas não é mau. Para alguns é suficiente, desde que seja estável. No entanto, para quem quer jogar sem compromissos e não se importa de gastar um pouco mais, os benefícios do PC são evidentes.

Optimização

A optimização é uma das vantagens das consolas em relação aos PCs. Um PC pode ser mais poderoso do que uma consola, mas sem uma optimização minimamente decente, não há grande proveito. Como o hardware das consolas não muda, é mais fácil optimizar um jogo. No PC, como o hardware é mais variado, a optimização não é tão directa.

Ainda assim, hoje em dia encontrámos bons e maus exemplos em qualquer lado. Há terrivelmente optimizados para as consolas que precisam de várias actualizações para ficarem minimamente decentes. Há casos semelhantes no PC, em que por vezes surgem jogos num estado lastimável. Por outro lado, há excelentes exemplos em ambos os lados.

O que a Naughty Dog consegue extrair do hardware da PlayStation 4 (vejam Uncharted 4) é surreal, no entanto, o espectro de hardware no qual os jogos da Blizzard conseguem correr também é impressionante. Dito isto, a optimização no PC tende a ser pior devido à razão já explicada, principalmente em títulos third-party, em que as editoras costumam dar preferência às versões para consolas.

Longevidade

É mais uma questão complicada, até porque as consolas estão neste momento a passar por uma mudança. A geração anterior de consolas foi particularmente longa, começando em 2005 com a Xbox 360 e durando até 2013 com o lançamento da PS4 e Xbox One. Portanto, a Xbox 360 teve uma longevidade de oito anos, o que é impressionante (a PS3 teve menos porque foi lançada em 2006). Quanto tempo vai durar a actual geração? Ninguém sabe ainda, mas em 2019 já deveremos estar a falar de novas consolas.

Um preconceito em relação aos PCs é que é necessário renovar o hardware regularmente. Embora o lançamento de novo hardware seja frequente, não é propriamente necessário estar constantemente a actualizar o PC. Um PC bem pensado e com os componentes certos pode durar quatro ou cinco anos antes de estar obsoleto. Claro que eventualmente terão que fazer alguns compromissos na qualidade dos jogos. Eventualmente não poderão jogar com tudo no máximo, mas isto também acontece nas consolas.

Nas consolas não podemos mudar as configurações dos jogos, mas na recta final da geração, dá para perceber que o hardware atingiu os seus limites. Para além disto, como estava a dizer no início, as consolas estão a aproximar-se dos PCs. A PlayStation 4 Pro foi lançada em 2016, três anos após o lançamento do modelo original. Não foi uma troca de geração, mas houve uma necessidade de oferecer melhor hardware para agradar aos jogadores que queriam algo melhor.

No PC esta realidade já existe há muito. Se querem continuar a jogar com qualidade e sem compromissos, então terão que actualizar o hardware com mais frequência.

Conclusão

Qual é então a melhor plataforma para jogar? Ultimamente, depende de vocês. O ideal é obviamente tentar aproveitar o melhor dois mundos, tendo uma consola e um PC para jogar, no entanto, temos consciência que o dinheiro não estica e que muitos não podem dar-se ao luxo. As consolas conseguem oferecer uma experiência satisfatória por um preço menor, embora os custos associados, como o preço dos jogos e de serviços adicionais, sejam mais pesados. O PC tem um custo inicial mais elevado, mas as promoções mais agressivas, custo menor dos jogos e a possibilidade de jogar online sem pagar por serviços adicionais são vantagens a ter em conta.

No que toca a jogos, as consolas, em particular a PlayStation 4 e consolas da Nintendo, continuam a ter exclusivos fortes, mas praticamente todos os outros jogos estão disponíveis para PC. Por outro lado, o PC ganha por uma longa margem na retrocompatibilidade, apesar dos recentes esforços da Microsoft com a Xbox One. O PC também tem vantagem na diversidade de controlos e no desempenho, mas para alguns, continua a ser um bicho de sete cabeças e as consolas parecem ser mais acessíveis e amigáveis, embora jogar num PC não seja assim tão complicado.

Na longevidade, a PlayStation 4 Pro e a Xbox One X provam que o mercado das consolas está a passar por uma mudança e que as fabricantes têm intenções de actualizar o hardware e lançar novos modelos dentro de uma geração, aproximando-se de uma prática comum no PC. Para além disso, as gráficas mais recentes de baixa e média gama têm surpreendido, mostrando uma relação de desempenho / preço impressionante.

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