Nier

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Nier

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à fácil julgar Nier pelo que ele não é. Principalmente depois de experimentar um pouco, completamente fora de contexto. O que ele não é - e o que mais parece ser - é um God of War sem muito pedigree. "Olha só esses japoneses", você pode dizer, vendo vídeos e telas, "querendo copiar os games de ação do ocidente". Não é bem assim. Não é nada assim, aliás.

O que o jogo é, então? Primeiro, e mais óbvio, é um jogo fruto da união entre Square Enix e Cavia. Uma empresa meio desacreditada por saturar o mercado com RPGs estrelados por meninos bonitos, e uma produtora que nunca chegou a ter grande destaque em lugar nenhum. Segundo, se o jogo precisar ser comparado com alguma coisa, é muito mais justo compará-lo a Legend of Zelda do que com God of War. Há campos grandes campos para cruzar e cidades para se explorar. Muito vai-e-vem - nada em linha reta. E terceiro (e mais importante) é uma experiência grandiosa, emocionante e tocante - que mostra que os videogames tem um jeito só deles de contar (e contar muito bem) suas histórias.

à um jogo que não tem medo de se transformar em uma parede de texto com fundo preto, ou apagar os seus saves, para provar o seu ponto.

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Amor Paterno

Nier conta uma história um tanto quanto comum: a de um pai que faria tudo pela sua filha. Em um mundo cheio de castelos de pedras e pequenos vilarejos, ronda uma doença misteriosa chamada Black Scrawl. Ela enche o corpo da vítima de runas negras, causa dor imensa e, por fim, leva a vida do seu hospedeiro. Esse é o problema de Yonah, a frágil rebenta do personagem principal. Tudo o que acontece gira em torno da busca do musculoso, porém velho, personagem principal, pela cura desse mal.

Alguns detalhes: a história se passa no nosso mundo, mais ou menos 1.300 anos no futuro. E os dois - tanto o herói quanto sua filha - já existiam no nosso tempo. Ou não são as mesmas pessoas de fato? O que, de tão errado, aconteceu com o mundo, que é possível ver ruínas de antigos prédios, estradas e pontes aqui e ali? De onde vêm as Sombras, criaturas deformadas e sem rosto que atacam pessoas e animais indiscriminadamente?

A família é um tema central, amarrando todos esses mistérios mais o relativamente dispensável cenário de heróis enfrentando uma grande força do mal. Dispensável porque o principal - a mensagem - é mais forte nessas outras "pequenas" histórias. Você continua jogando não só porque quer salvar o mundo. Mas porque, primeiro, quer que a menina simpática e frágil fique bem, e segundo para saber o que diabos está acontecendo de verdade.

Um enorme ponto a favor nessa saga são os seus personagens. O grupo principal é composto pelo pai-herói, encarnando o jogador na aventura, Grimoire Weiss, um grimório antiquíssimo e cheio de orgulho até o último ponto final, e Kainé. Ela, bem, é uma mulher que anda por aí de camisola, com um braço e uma perna enfaixados, usa duas espadas dentadas e fala mais palavrão que todos os bandidos de Grand Theft Auto juntos.

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Eles sozinhos já são suficientemente interessantes: um pai verdadeiramente preocupado com a filha, tendo as reações e raciocínios esperados de tal. Ã perfeitamente possível sentir empatia por ele - feio, grandalhão e completamente fragilizado. Com ele vem o livro, cujo passatempo é julgar o comportamento tempestivo e apaixonado do seu parceiro, enquanto lembra todos o quão soberbo ele é, mas sem ultrapassar a linha da chatice. A moça completa o time com comentários ríspidos e mandando todo mundo para aquele lugar. Todos simpáticos, interessantes e dublados com grande habilidade pelo elenco norteamericano - o que é uma raridade. E como se já não fossem bons o suficiente na história, também são úteis no campo de batalha.

Palavras de Poder

A comparação comum de Nier com um God of War desprovido de carecões vem justamente dos combates. Todos os inimigos aparecem na tela, durante a exploração, muitas vezes surgindo do nada e te pegando de surpresa se você não estiver atento. O principal poder bélico do herói vem da espada que carrega nas costas, que pode trocar ou melhorar, com as matérias-primas certas. Com ela é possível desferir um combo básico de quatro golpes, atacar mortalmente um inimigo caído ou até derrubar as suas defesas - tudo com um único botão. O segundo método de destruição vem de Weiss - portador dos "Versos Selados", ou magias. Ã possível aprender várias delas, mas só equipar duas de uma vez. Existem projéteis, socos gigantes, lanças, escudos... não há do que reclamar.

Enquanto isso, Kainé completa o time atacando o que estiver mais próximo, tanto com suas armas quanto seus próprios feitiços. Surpreendentemente, esse sistema de parceria é último, e várias vezes você verá aliados arrancando bons pedaços de vida em chefes, por exemplo.

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Os grandes monstros que se escondem por aí são outro ponto forte do jogo - e talvez a ponta que o liga à Legend of Zelda. A grande maioria desses confrontos é contra criaturas gigantes e todos trazem com eles batalhas interessantes, nas quais não basta só martelar o ataque e esquivar na hora certa. Sempre existe uma estratégia envolvida: seja atacar pontos específicos, desviar na hora certa, derrubar o inimigo por partes... não existem dois confrontos iguais.

Para os outros momentos, os mais comuns, as lutas são extremamente rápidas e exigem boa atenção. Ã crucial, mais uma vez, saber defender, esquivar, saber quando é melhor partir pra cima ou manter a distância. A dificuldade geral, aliás, é alta: os inimigos são espertos, a resistência é pouca e os itens de cura são caros. Muito cuidado para não ficar preso em uma batalha sem recursos e com só um filete de vida.

Outra semelhança com as aventuras de Link vem dos calabouços. Aqui os templos são bem mais curtos, na média, mas sem baseiam na mistura de batalhas e quebra cabeças tanto quanto nos jogos da Nintendo. Não há a mesma elegância e a variedade das obras regidas por Miyamoto e Aonuma, mas pelo menos a intenção foi boa - pelo menos faz o jogo fugir da repetição das lutas.

Claro e Escuro

O que há de errado, então, com a jornada paterna? Ã possível dizer que o combate poderia ter mais variedade - combos, habilidades - mas o estado atual das coisas não chega a depor contra o resto do game.

O grande problema está, sim, no fluxo da aventura - mais especificamente, no que existe na "beirada" dela. Existem mais missões paralelas incrivelmente chatas - do tipo "vá buscar para mim aquele item que fica na cidade do outro lado do mundo para ganhar mil dinheiros" - do que você pode contar. O único objetivo dessas é conseguir as quantidades absurdas de dinheiro necessárias para melhorar armas. Os trabalhos são, em grande parte fáceis, trabalhosos e entediantes. Há momentos em que fica até difícil distinguir o que é missão de verdade e o que é side quest burra, de tantas que são. Quem ignorar todas essas distrações pode terminar Nier em dez horas ou menos - um número certamente pequeno para um RPG, mesmo sendo de ação.

Pelo menos, correr para cima e para baixo permite ouvir melhor a belíssima trilha sonora do jogo. Com trilhas cantadas e faixas feitas para se encaixar com perfeição no clima de cada situação. Difícil encontrar alguma música que possa ser taxada simplesmente de genérica.

Nier não é revolucionário, de maneira nenhuma. Ele reúne elementos de games que já deram certo para contar uma história - essa sim única e interessante. Ainda assim, há muito para se desvendar nas páginas dessa aventura. Vale, sem dúvida, relevar o que há de não tão brilhante para saber o que o jogo tem a oferecer.

Manaus/AM

Anônimo
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