Estação Retrô: Mortal Kombat

#Artigo Publicado por Donadelli, em .

Violência, humor e glória fizeram de 'MK' um clássico eterno nos games e, principalmente, na cultura pop...

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O sucesso do game ultrapassou os jogos eletrônicos e invadiu diversos tipos de entretenimento

Nada supera um "fatality". "Mortal Kombat" é uma daquelas obras que chegam para marcar seu nome eternamente na história da cultura pop. Os games da série não se tornaram referência apenas para jogadores, mas sim para filmes, desenhos animados, quadrinhos, paródias, entre tantos outros. Em uma era onde games de luta reinavam absolutos, "Mortal Kombat" foi a resposta americana ao fenômeno que dominava as casas de jogos de todo o mundo.

Produto cultural tipicamente ianque, o game inicialmente seria uma série baseada no ator Jean-Claude Van Danme, o grande herói das artes marciais no começo dos anos 1990. Como a idéia se mostrou inviável, o programador Ed Boon e o designer John Tobias começaram a trabalhar em um novo título. Enquanto os games da época reuniam toda a filosofia, dedicação e conflitos das artes marciais, "MK" destoou completamente.

Lançado no final de 1992 pela Midway (atual Warner Chicago), seu visual foi largamente baseado em filmes de artes marciais (daqueles que começam em LA e terminam em Hong Kong), com muitos templos e referências à cultura chinesa. Músicas típicas de clássicos como "The Shaolin Temple", "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e "O Grande Dragão Branco" eram complementadas por personagens caricatos e completamente digitalizados a partir de atores reais, enquanto outros games da época se baseavam em sprites desenhados.

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As referências para tais lutadores vinham de parodias dos já citados filmes de artes marciais, mas com uma pitada de humor e duas colheres de sopa de violência. "MK" chegou ao mercado repleto de frases de efeito como "Finish him / her", "Test Your Might" e o popularíssimo "Fatality", polêmico movimento no qual uma sequência de botões apertados corretamente desencadeiam desmembramentos, decapitações, carbonização ou esquartejamentos completos.

Todo esse espetáculo sangrento era narrado de forma carismática por Hernan Sanchez e prontamente dublado, parodiado e imitado em programas de TV, rádio, desenhos animados ou até mesmo nas escolas. "MK", aliás, não fez sucesso apenas entre jogadores. Durante os anos de 1992 e 1993, provavelmente foi o game mais jogado dos EUA por advogados, pastores, congressistas republicanos e mães enfurecidas.

O mais famoso desses ativistas, Jack Thompson, ganhou muita notoriedade e marketing espontâneo com as diversas brigas que levantou para tentar denegrir e proibir "MK" (e por consequência todos os outros games!). Outro caso que ganhou muita projeção foi o de uma garotinha americana de 13 anos de idade, Yancy S., que esfaqueou no peito sua colega, Noah Wilson, em 1997. Segundo a mãe da vítima, Yancy estava fascinada pelo "fatality" de Cirax (MK3) e reproduziu o movimento do lutador virtual. A mãe perdeu a causa, pois a justiça americana apurou que Cirax não tinha tal movimento e que a acusação era infundada.

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Estes são somente um dos inúmeros casos polêmicos que envolveram a franquia "Mortal Kombat". Que o game era violento para os padrões da época, não haviam dúvidas, porém, essas discussões trouxeram bons frutos: em 1994 foi fundada a Entertainment Software Rating Board (ESRB), órgão norte-americano que começou a regular a faixa etária dos games, segmentando invariavelmente e de forma não-intencional o mercado, que começou a atuar por público-alvo.

Sanguinário ou não, "MK" saiu dos arcades e recebeu conversões imediatas para os dois mais badalados consoles da época: os 16 bits Mega Drive e Super NES. Posteriormente viriam versões para os computadores Amiga e PCs, portáteis Game Boy e Game Gear, e até para o já ultrapassado Master System. A última conversão da época foi para o Sega CD, periférico multimídia do Mega Drive, que contava com diversos elementos perfeitos do fliperama, mas com um carregamento infernal que comprometia qualquer chance de jogá-lo.

O sucesso da franquia continuou e se traduziu em nove games, diversos spin-offs e reedições, muitos "toasty" (movimentos nos quais Dan Forden, compositor da trilha da série, dizia esta palavra), muitos "friendships", "animalities", "brutalities"; muitos altos e recentemente muitos baixos, numa série que parece ter perdido o encanto e a novidade de outrora. Interessados em provar um pouco da violência do primeiro "MK" podem recorrer às diversas coletâneas e ports lançados para XBox, Playstation 2, PSP ou até celulares! "Don"t make me laugh!".

Ðanilo
Ðanilo #Donadelli

Melhor aproveitar a vida plenamente, é tão fácil ser feliz (ドラゴンボール)

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