Ubisoft tem sua maior queda de valor desde 2015, perdendo mais de 40% das ações

#Games | Empresa pode não conseguir sobreviver de forma independente até o final de 2023
Billy Butcherem

Mais recentemente, a Ubisoft e a Activision Blizzard se tornaram enormes alvos de todo o mundo após denúncias de ambas empresas (incluindo alguns de seus principais estúdios) serem locais abusivos e de péssima qualidade para se trabalhar, o que inclui alegações de assédio, discriminação, baixo salário, e demais outros problemas.

Ambas editoras já estão passando por quase 2 anos diante desse "Olho do Furacão", e isso resultou em processos judiciais na França e EUA (países onde ambas empresas possuem suas sedes principais), além de demissões, perda de talentos e dificuldade em conseguir recrutar veteranos.

Diante de tudo isso, vimos quedas de valor tanto para a Ubisoft quanto para a editora de Call of Duty, com a primeira perdendo quase 40% de todo seu valor no final de 2021, e entrando no ano atual com um novo pico de queda de 7.5%, o maior desde 2015, época em que a Ubisoft sofreu de problemas devido aos seus lançamentos em 2014.

A SeekingAlpha, veículo de informações e análise de mercado da indústria, pontuou a queda bruta no valor da Ubisoft como fatores devido ao péssimo gerenciamento que a empresa vem tomando, bem como seus recentes lançamentos, com exceção de Assassin's Creed: Valhalla, foram todos recebidos de forma mista pela crítica e venderam abaixo do esperado.

"A jndústria de videogames está evoluindo. Os velhos tempos em que as empresas de videogames baseavam sua força e potencial financeiro quase exclusivamente nas vendas físicas de seu pipeline de lançamentos de jogos já se foram. A introdução de vários novos modelos de negócios, como jogos como serviço, conteúdo para download, microtransações e outros, permitiu que as empresas de videogames entrassem em uma nova fase da juventude."

"A Ubisoft Entertainment é uma veterana da indústria que está enfrentando muitos problemas para se adaptar à indústria de videogames em constante evolução. A desenvolvedora e editora sediada na França está lutando para se manter relevante enquanto tenta implementar novos modelos de negócios em sua já decadente linha de franquias de jogos e está começando a refletir sobre os fundamentos da empresa. As ações foram duramente atingidas e caíram mais de 40% em relação ao mesmo período do ano passado, mas mesmo após esse declínio, é difícil ver a empresa como um investimento atraente."

Outros fatores que colaboram com a queda bruta da Ubisoft nos últimos 3 anos se deve a propagação dos NFTs. A empresa nos últimos meses esteve envolta de inúmeras polêmicas após seu CEO, Yves Guillemot, ter dito que o mercado de videogames "num futuro próximo será fortemente baseado em NFTs", comparando os atuais fenômenos de Blockchain com a introdução de Loot-Boxes, DLCs e Season Pass que ocorreram durante a 7° e 8° Geração de consoles.

A CNBC também pontuou sobre o tema, falando a respeito da recente notícia de que a Ubisoft "está aberta a discutir uma possível venda de sua empresa" para outra companhia, expressando que para tal acordo ser realizado, a empresa interessada "teria de respeitar sua filosofia interna". Caso a empresa encontre o parceiro correto para adquiri-la, isso marcará a 4° grande editora de videogames que se vendeu nos últimos meses, seguindo as compras da ZeniMax Media (US$ 8 bilhões) e Activision Blizzard (US$ 68,7 bilhões) pela Microsoft, e a compra da Zynga (US$ 12,7 bilhões) pela Take-Two.

A Ubisoft já tem uma longa e interessante história de tentativas de aquisição. A empresa francesa foi vítima duas vezes de possíveis aquisições hostis, uma pela Electronic Arts (EA) em 2004 e outra pela Vivendi em 2016. Ambas as tentativas terminaram em fracasso e o duas empresas não são mais acionistas da Ubisoft. Ainda assim, contribui ainda mais para o ponto de que a Ubisoft, mesmo que não seja um grande investimento por si só, é claramente vista como valiosa pelos outros grandes pesos da indústria.

"Se um valor de venda semelhante as aquisições de editoras recentes for atribuído a Ubisoft, a empresa, que atualmente vale o entorno de US$ 5,4 bilhões, pode ser adquirida por algo na faixa de US$ 8 a US$ 10 bilhões em uma aquisição hipotética. Essa é uma capitalização de mercado bastante atraente frente ao seu leque de IPs e tecnologias, e abre o campo de potenciais compradores", disse Petar Mikorvic da CNBC.

Como possíveis empresas-alvo que a Seeking Alpha menciona, é destacado a Sony, Embracer Group, Amazon, e Tencent, que recentemente estão adquirindo e/ou fundando novos estúdios de jogos a todo momento. Também é mencionado a parceria que a Ubisoft mantém há anos com o Xbox, mas devido a Microsoft estar em processo de adquirir a Activision Blizzard, é difícil dizer se a empresa vê a Ubisoft como um possível futuro alvo de compra.

"A Ubisoft é uma verdadeira veterana da indústria que tem sido um nome familiar de jogos por décadas, dando origem a algumas das franquias mais amadas dos jogos. Infelizmente, a empresa teve um caminho muito difícil na hora de se adaptar aos novos modelos e tendências da indústria, e se vê enrascada após suas dívidas aumentarem e seu valor de mercado diminuir mês após mês."

"No final, o único valor garantido que a Ubisoft pode oferecer aos seus acionistas atualmente é sua atratividade na hora de se vender ou se fundir a alguma empresa, algo que pode desempenhar um papel importante nos próximos anos", finaliza o artigo.

Fundada pelos Irmãos Guillemot, a Ubisoft é uma das maiores editoras de jogos na Europa, empregando mais de 18,000 funcionários em seus 45 estúdios. A empresa é dona de franquias como Assassin's Creed, Far Cry, Just Dance, Watch Dogs, Tom Clancy's Rainbow Six, além de possuir licenças para a criação de jogos baseados nas franquias Prince of Persia, Avatar e Star Wars.

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