Universos nos Games: A temática Cyberpunk

Enviado por TelaBrancaDoAkuma, em

Muitos estão de certa forma decepcionados pelo adiamento de Cyberpunk 2077 por parte da CD PROJEKT RED, seja por todo o hype gerado pela sua divulgação, seja pela sua temática Cyberpunk. Mas será que realmente entendemos as raízes desse gênero, bem como sua história? É isso que iremos explorar nessa nova série aqui na GV, que irá abordar diversos universos que permeiam o universo dos Vídeo Games.

Origem e Significado de Cyberpunk.

A literatura cyberpunk (conhecido por seu enfoque de "Alta tecnologia e baixa qualidade de vida" "High tech, Low life") é um sub gênero de ficção científica, que pode ser caracterizado por um mundo onde existe extrema tecnologia, mas que acaba refletindo em uma extrema pobreza e falta de recursos aos seus cidadãos pobres, que se veem forçados a viver afastados dos grandes centros urbanos em meio a criminalidade, em residenciais mais undergrounds. Toda tecnologia e recursos desse mundo acaba ficando na mão de seletos elitistas, enquanto a parte pobre da sociedade realmente tem que viver em meios inumanos para garantir sua sobrevivência. A integração maligna entre sociedade e tecnologia pode ser considerada a base central do estilo, porque exibe uma visão pessimista do avanço científico. As obras do estilo apresentam visões de um mundo desértico e devastado por meio da ficção futurística. Além disso, é possível destacar ainda o conflito recorrente entre o individual e sociedade, porque retrata a insignificância do homem diante da tecnologia onipresente.

Durante a década de 1980, a ficção científica criou o movimento cyberpunk, um dos mais bem-sucedidos. Os pioneiros foram William Gibson, autor da trilogia do Sprawl, do qual faz parte o famoso Neuromancer; e Bruce Sterling, autor da série de histórias Mechanist/Shaper, do qual a maior realização é a gigantesca obra Schismatrix.

Bruce Sterling afirma que "o cyberpunk se trata de uma integração entre tecnologia e literatura em um mundo onde o diferencial entre ficção científica e realidade está cada vez mais tênue". Já Lewis Shiner acredita que a ramificação se trata apenas de "um produto da cultura pop, fato pelo qual não teria grandes méritos literários".

Paralelos com a Sociedade Atual

Se pararmos para pensar, toda a ideia que permeia a temática cyberpunk já pode ser observada em uma menor escala em dias atuais. Existem casos de nações onde há um avanço tecnológico gigantesco em certas cidades ou centros isolados, mas é só se afastar um pouco que a verdadeira realidade do ambiente é exposta. A literatura cyberpunk é usada constantemente como uma metáfora para as preocupações atuais sobre os efeitos e o controle das grandes corporações sobre as pessoas, a corrupção nos governos, a alienação e a vigilância tecnológica.

Cyberpunk nos Vídeo Games

Os games frequentemente usam o cyberpunk como fonte de inspiração. Originais ou adaptados, esses jogos sempre se destacam por abordar os temas políticos do gênero, bem como também os efeitos da tecnologia desenfreada na sociedade e no meio ambiente. Vejamos alguns exemplos:

Shadowrun

A série de RPG de mesa Shadowrun recebeu diversas versões de jogos para consoles e PC ao longo dos anos, algumas bem diferentes de outras. A primeira delas, que chegou ao Super NES em 1993 adaptava livremente a história Never Deal With a Dragon, onde o protagonista amnésico Jake Armitage tenta descobrir porque ele foi alvejado, morreu, foi revivido e acordou em um necrotério.

O jogo mesclava o estilo físico das aventuras offline com um sistema investigativo, que o fizeram ser um jogo bastante popular nos anos 1990, mesmo entre quem não curtia RPGs.

Snatcher

Antes de Metal Gear Solid, Hideo Kojima lançou dois jogos que muita gente considera obras-primas, Snatcher e Policenauts. O primeiro é uma aventura onde você controla Gillian Seed, um homem sem memória (sim, é um clichê do gênero) pego numa trama onde robôs humanoides (os Snatchers) estão matando humanos e os substituindo.

O jogo bebe direto e sem nenhum pudor da fonte de Blade Runner, desde o visual à história, mas ainda é um RPG muito inteligente.

System Shock 2

Ken Levine expandiu ao máximo as ideias perturbadas do primeiro título, o que faz de System Shock 2 uma obra excelente, mesmo quando comparada a seus projetos posteriores, BioShock e BioShock Infinite.

A inteligência artificial SHODAN, que ganhou senciência em System Shock está ainda mais manipuladora e maquiavélica aqui, continuando a ver os humanos como nada mais do que insetos. Ainda assim, o jogador é forçado a se aliar a ela para prosseguir.

Série Deus Ex

O primeiro Deus Ex causou um imenso impacto quando foi lançado em 2000. Ao trazer bons gráficos e uma história interessante, em que JC Denton, um agente da UNATCO recebe implantes cibernéticos que o transforma em uma arma viva.

Não demora muito para ele descobrir uma conspiração que envolve o governo dos Estados Unidos, a Tríade e até sociedades secretas. Parece um samba do ciborgue doido, mas fazia sentido e mesmo hoje, Deus Ex ainda é um jogo muito bom.

A série Deus Ex atualmente é muito bem-sucedida, sempre com tramas políticas bem profundas, e uma extensa liberdade de forma de abordagem em sua gameplay.

Final Fantasy VII

Título que simplesmente dispensa apresentações. Final Fantasy VII chegou primeiramente ao PlayStation 1, mostrando gráficos nunca vistos para sua época. O jogo mostra uma corporação que através de sua imensa tecnologia suga a energia vital do planeta a fim de convertê-la em energia para alimentar seus grandes centros, drenando assim a energia vital do planeta, causando a morte e destruição de seus biomas.

Conclusões

Cyberpunk é simplesmente um tema colossal para se abordar e aprofundar. Suas veias tecnológicas, filosóficas e políticas simplesmente nos fascinam. É comum no gênero nos vermos diante da imensa dualidade de seus conceitos e linhas de pensamento. Ao mesmo tempo que almejamos viver em um futuro onde a tecnologia amplia a qualidade de vida dos seres humanos, é impossível ignorar o fato do preço que isso tem nas demais classes da sociedade e do planeta, isso claro se você não for um dos beneficiados, ou se seu implante neural simplesmente matar sua empatia.

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