The Evil Within: e se fizessem um jogo de terror?
É roubo se Shinji Mikami estiver roubando de Shinji Mikami? Leve isso em consideração enquanto você estiver pensando que Mikami, cujo último Resident Evil foi o também o último que as pessoas amaram abertamente, está fazendo um novo jogo que vai atiçar, justamente, qualquer pessoa que tenha jogado RE 4.
Estão chamando esse aí de The Evil Within. Não dá pra culpar o cara, né?
Faz oito anos. Mikami fez alguns jogos muito não-Resident Evil depois de RE 4, incluindo God Hand e Vanquish, dois clássicos cult.
Este projeto inédito vem do estúdio de Mikami, a Tango Gameworks, e uma nova publisher, a Bethesda - de Fallout e Skyrim. É um Survival Horror, e o seu protagonista é um detetive. Ele começa, pelo menos de acordo com a demo que vimos recentemente, em um hospício. Nosso herói se posiciona um pouco à esquerda da tela, a la RE 4. Ele tem sprays herbais que recuperam vida. Ele tem seringas. Ele tem armas e munição limitadas. E foram o que, oito minutos de jogo antes de ele começar a ser perseguido por um sujeito com uma motosserra?
Há uma diferença: quando nosso herói atravessou um corredor, nenhum cachorro pulou por nenhuma janela.
Este é um projeto interessante, um que implicitamente propõe uma história alternativa na qual os Resident Evils não foram para as mãos de outros diretores na Capcom, nem se tornaram games de ação ambientados na luz do dia. Os Resident Evils pós-Mikami que vieram na sequência de Resident Evil 4 têm menos ritmo de terror e mais de filmes do Michael Bay. The Evil Within parece mais assustador, mais perigoso e mais old school. Ele pode muito bem ser o Resident Evil 5 que nunca tivemos.
O que, além disso, o jogo é, continua um mistério. Não dá pra tirar muito de 20 minutos de ação. O detetive entra em um asilo/hospital. Os policiais que vieram antes parecem que foram mortos, porque há sangue em toda parte. Um médico morimbundo sussurra coisas macabras. O monitor da sala de segurança mostra alguém sendo atacado por uma figura tenebrosa. Ele olha para a câmera. De repente ela está trás do protagonista e… o mata?
A cena corta para o nosso amigo, pendurado de ponta-cabeça, quebrado, sangrando e prestes a ser executado, supostamente, por um grandão. Fuga. E aí correr, se esconder, ser perseguido em uma sala cheia de lâminas giratórias, escapar, mancar, arremessar uma garrafa para distrair o inimigo antes de… ouvir um grande estrondo, sair do lugar e descobrir que a cidade foi devastada por um terremoto.
Depois, há uma cena em que nosso herói está armado, na frente de algum tipo de casa, se preparando para o ataque de inimigos podrões, estilo zumbi, que podem ser os oponentes principais do jogo. O jogador pode deixar armadilhas, atirar ou correr. Tirando essa primeira parte, essa sequência lembra bastante a defesa da casa em RE 4. Os gráficos são sujos e detalhados, apesar do mundo parecer sóbrio, bem fiel a Resident Evil.
Depois da demo, um representante do estúdio de Mikami começou a pedir perguntas. A primeira é sobre como o jogo é diferente de Resident Evil. A resposta do produtor Masato Kimura, pelo tradutor, é que os dois podem parecer similares porque a intenção é fazer um game "realmente assustador", mas que terá vários elementos únicos.
Eu sigo. Digo que não vi muitas mecânicas que parecessem diferentes de RE 4. Será que eles poderiam apontar o que é diferente?
"Uma das coisas da demo é a armadilha", diz Kimura. "Haverá várias armadilhas que faz do combate mais estratégico. Esse é um exemplo".
"Outro é a última cena da demo", ele adiciona, se referindo ao grande terremoto. "A cidade desmoronada… não é algo típico dos Survival Horrors. Estamos tentando fazer coisas que normalmente não estão em Survival Horrors pare criar um universo único".
Justo. Mas, com certeza, ninguém vai reclamar com a nova equipe de Shinji Mikami se "tudo" o que eles decidirem fazer é um Resident Evil novo e melhorado. Eles têm todo o direito de tentar.
The Evil Within sai em 2014 para PC, PS3, Xbox 360 e próxima geração.