Move: estratégia errada que acerta o alvo

#Notícia Publicado por Eduardo2005, em .

Divulgação/Sony

Jogo de arco e flecha, incluído no Sports Champion: controle da Sony tem uma precisão sem igual no mercado

O Move, novo conjunto de acessórios para o Play­sta­­tion 3, é uma cópia do Wiimote, controles com sensor de movimentos do Wii. "Não chega nem perto do Ki­­nect", defendem alguns. Ou­­tros críticos afirmam ser uma busca desesperada da Sony em tentar elevar as vendas de seu console para um público maior, mais casual. Ã caro, se montando o kit completo, com dois controles mais a webcam. Há poucos jogos disponíveis mesmo dois meses após o lançamento. Ven­­deu menos que o sistema da prin­­cipal concorrente, a Micro­soft. Todas as frases anteriores estão corretas. O Move é tudo is­­so, uma cópia, uma estratégia pa­­ra aumentar o público, caro " no Brasil custa R$ 799 " e tem uma line-up patética. Mas este primeiro parágrafo inteiro também contém muitos erros.

Comecemos por uma análise mais atenta sobre a comparação direta com Wiimote. Ã uma có­­pia sim. Contudo, tem uma precisão muito maior (chega a ser ridícula a comparação). Claro que, com o tempo entre o lançamento dos dois controles, a Sony não poderia lançar um produto do mesmo nível. Com o jogo que vem no pacote oficial, Sports Cham­­pions, a diferença se torna muito clara. Não dá para usar os velhos macetes do Wii, como ficar sentado só fazendo movimentos curtos com o punho. Por ter uma precisão muito maior, jogar pingue-pongue, por exemplo, exige que o jogador fique de pé e tenha um bom espaço ao seu redor. A raquete acompanha a mão do jogador e os movimentos têm que ser muito parecidos com o de uma partida real " não se preocupe que ainda não é preciso saber jogar pingue-pongue de verdade. O principal diferencial é um sensor específico para eixo Z, inexistente no controle original do Wii, que calcula com certa fidelidade a movimentação de profundidade.

Já a comparação com o Kinect é um pouco injusta, pois são dois produtos diferentes. O Move é muito mais mecânico e não aban­­dona completamente os con­­troles, apesar de ter jogos interessantes baseados 100% no Playstation Eye (câmera). No Ki­­nect, o sistema mapeia o corpo dos jogadores para que tenham uma experiência sem contato fisico com o videogame. O produto da Sony não chega nem perto do concorrente neste quesito, o que parece ter sido mais uma ques­­tão estratégica do que falta de competência. Provavelmente a aposta foi baseada no sucesso do Wiimote.

O Playstation 3, até então, era considerado como o reduto do "hardcore gamer", aquele cara que se vangloria em passar muitas horas tentado solucionar os mais difíceis quebra-cabeças do mundo dos games. Na maioria, um pessoal quase fundamentalista e que não gosta da proliferação de jogos casuais. Os principais títulos exclusivos caminhavam justamente para agradar este público. Resistance, Unchar­ted, Killzone 3 estão aí para provar a tese. Eis que chegou o Move e cau­­sou um abalo sísmico no meio. "O PS3 entregou os pontos", devem ter pensado os mais radicais. De certa maneira, eles tinham razão. Desde a chegada do acessório, as produtoras passaram a anunciar uma enxurrada de títulos focados em expe­riên­cias mais leves e que envolvam a família inteira.

Tecnicamente, o Move é um produto muito bem acabado, com precisão ímpar. Os jogos iniciais que acompanharam é que não estavam no mesmo nível. Sports Champions fica aquém de Wii Sports, por exemplo. Ne­­nhum jogo conseguiu tirar elogios da crítica. Este é considerado por este colunista o maior erro da Sony.

O acaso, no entanto, deu uma ajudinha. Aos poucos, começou-se a notar que o novo controle é perfeito para os jogos de tiro em primeira pessoa. Foi então que os hardcore games começaram a olhar de forma diferente e notaram uma janela de oportunidades: melhor performance em disputas on-line, movimentação mais fluida e mira precisa. Sem falar em acessórios de terceiros que transformam o controle em uma réplica de metralhadora. O tiro da Sony meio que saiu pela culatra. Os jogadores gostaram. Os produtores, sempre de olho na demanda, começaram a anun­­ciar, para breve, uma série de atualizações para que os jogos já lançados ganhassem compatibilidade com o apetrecho. Com isso, o PS3 terá, provavelmente, o melhor ano da sua história. A So­­ny, no fim das contas, acertou errando.

Eduardo2005
Eduardo2005
, Brasil