Penumbra: Black Plague " a Bruxa de Blair dos games de horror

Mantendo muitas das caracterísitcas que fizeram a pequena Frictional Games ganhar seu lugar ao sol, como o clima constantemente tenso e ambientes quase totalmente interativos, surge agora a seqüência de Penumbra: Overture, Penumbra: Black Plague, um jogo de horror psicológico com algumas características bem particulares (quem teve algum contato com o primeiro jogo entende o que isso significa).

A Bruxa de Blair dos Games

Black Plague: Baixo orçamento com soluções criativas. Ao contrário do que aconteceu com o primeiro jogo, a minúscula Frictional Games tem agora o considerável respaldo da gigante Paradox, que adquiriu os direitos sobre Black Plague. Não obstante, o orçamento disponível ainda não permitiu nada propriamente apoteótico, e alguns "truques", como disse Thomas Grip (um dos co-fundadores da Frictional), foram necessários para garantir a atmosfera carregada do jogo.

Ao contrário do que se vê em muitos jogos, por exemplo, em Black Plague muitos elementos são apenas insinuados. Portanto, não se pode esperar encontrar toda uma miríade de monstros apocalípticos, mas, em contrapartida, sons de tortura, murmúrios e afins acabam tendo um efeito até mais intenso no jogador (além de ser uma saída financeiramente convidativa).

Nada de mina abandonada dessa vez

Embora a busca de Philip pelo pai, que acreditava estar morto, ainda perdure, os ambientes de Black Plague não se parecem em nada com a mina abandonada de Overture.

Dessa vez, o protagonista se vê em uma instalação de pesquisa de alta tecnologia que parece há muito abandonada. Preso nesse sinistro complexo subterrâneo, o intrépido explorador deverá descobrir a verdade por trás do desaparecimento do seu pai.

Ainda acompanhado, porém...

Assim como acontecia em Overture, em Black Plague Philip ainda conta com uma... companhia. Só que, dessa vez, não serão mais os conselhos do personagem Red que irão conduzi-lo através dos aflitivos puzzles do jogo, mas Clarence (para quem conhece It's a Wanderful Life de Frank Capra), uma entidade com objetivos duvidosos e não muito confiável.

Além de emitir vozes dentro da cabeça do protagonista, algumas vezes a assustadora Clarence poderá alterar completamente a percepção sensorial do jogador! Portanto, este nunca saberá com certeza se realmente o que está vendo ou ouvindo existe.

Descobrir quem é Clarence e qual é a sua ligação com Philip é um dos pontos altos do jogo.

Um ambiente interativo com soluções múltiplas

Uma das características mais interessantes de Penumbra é o fato de ter um ambiente quase completamente interativo. Praticamente qualquer coisa no cenário pode ser agarrada, lançada, quebrada... e por aí vai. Além disso, muitos puzzles da trama podem ser revolvidos de várias maneiras, o que confere ao jogo um clima muito mais dinâmico.

Também, ao contrário do que acontecia em jogos point-and-click do estilo Myst, a manipulação de cada objeto acontece de maneira única. Portanto, não basta clicar sobre o objeto que se deseja utilizar, deve-se realizar o movimento exato (e com a amplitude certa) para se atingir um determinado objetivo.

As (péssimas) armas de fogo estão fora

Seja para dar ao jogo um clima característico (mais voltado para puzzles) ou pelo fato de a mecânica das armas de fogo do primeiro Penumbra ser péssima, o fato é que: em Black Plague não estão disponíveis armas de fogo. Tudo deve ser resolvido ao melhor estilo Sherlock Holmes, coletando pistas (que vem na forma de fitas cassete, livros, etc.) e utilizando uma ampla variedade de itens para os mais diversos fins.

Penumbra é realmente um jogo bastante particular. Tendo ganhado destaque através de criatividade e o que se poderia chamar de "jogo de cintura" (realmente não se pode dar outro nome para o que fez a ínfima Frictional Games), trata-se mesmo de uma experiência nova em vários aspectos (principalmente no que tange à ambientação). Quem jogou Overture provavelmente irá se surpreender com um trabalho muito mais refinado em Black Plague. Vale a pena conferir.