Sanando dúvidas sobre o concurso da Brgames

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Entrevista: André Penha

Postado por Pablo Raphael, 28 dias atrás

Visando fortalecer a indústria de jogos eletrônicos no Brasil, fomentar a participação da pesquisa e desenvolvimento na área de jogos de computador e entretenimento digital da América Latina e estimular a criação de ambientes de mercado no Brasil e no exterior, o Ministério da Cultura lançou o Programa de Fomento à Produção e Exportação do Jogo Eletrônico - BRGames.

O BRGames substitui o Jogos BR - que teve duas edições das quais foram fomentadas 16 demos jogáveis e dois jogos completos - para promover uma forma mais ampla e incisiva de apoio. O concurso tem o apoio da Associação Brasileira de Desenvolvedores de Jogos Eletrônicos, Abragames.

Para entender melhor o que é o BRGames e sanar as dúvidas dos interessados em participar do concurso, conversamos com André Penha, VP de Relações Públicas da Abragames.

Hardgamer - De quem foi a idéia do concurso BRGames? Houve incentivo político?

André Penha - O concurso segue padrões consagrados de subvenção à indústria de cultura e tecnologia. Basta ver que é um concurso de projetos, e não de idéias. Ou seja, é parecido com o concurso de documentários do Ministério da Cultura e com os editais de subvenção da FINEP.

Quanto à aplicação deste formato à indústria de jogos, foi uma solicitação antiga da Abragames que foi bem atendida pelo MinC. Ao contrário das edições anteriores, esta preza pela viabilidade comercial do produto. Ã simples: se vamos usar dinheiro público para fortalecer uma determinada indústria, que façamos de maneira eficaz, permitindo que os produtos resultantes sejam exportados e tragam divisas para o País. A razão é quase óbvia, mas é bom sempre explicar.

Um ponto importante é a gestão pelo SOFTEX, que é uma OSCIP que entende de produção de software e tem experiência em gerir dinheiro público. A Abragames, pelo contrário, representa a indústria mas não tem essa competência (de gestão de recursos públicos) e nem staff para isso. Além disso, é bom que o gestor do programa seja neutro, já que o objetivo do concurso é beneficiar a indústria que a Abragames representa.

HG - Para participar é necessário ter formação em algum curso específico?

André - Não.

HG - Por que o BRGames não é aberto para os desenvolvedores independentes?

André - Ele é aberto, sim. No entanto, o objetivo incentivar quem tem mais condições de aproveitar o dinheiro público; desenvolvedores relativamente experientes terão mais chance de negociar com publicadores e, a partir do demo, produzir o jogo completo.

Existe no entanto um evento EXCLUSIVAMENTE para desenvolvedores independentes que é o Indie Festival, dentro do SBGAMES. Este quem organiza é a Abragames. Vamos em breve divulgar detalhes das próximas edições.

HG - Como funciona a escolha do vencedor? Quais critérios serão analisados?

André - Acho que vale observar o edital, mas - de novo - é uma análise do melhor projeto. Um jogo inovador, mas com bom viés comercial, tem mais chance de gerar momentum na Indústria Nacional de Jogos e portanto deve levar melhor nota que um jogo inovador porém intragável. Também é importante que se atente à viabilidade: o dinheiro é pouco para produzir um demo e portanto deve-se explicar por que a idéia é compatível com o orçamento.

HG - Além do prêmio em dinheiro, haverá algum incentivo do Ministério da Cultura aos projetos selecionados?

André - Muito. O principal diferencial deste BRGames é a participação dos vencedores em evento internacional. Ã um empurrão completo para um desenvolvedor produzir um demo e negociar com um publicador. Ele irá, no fim, à GDC 2010, junto com a "caravana da Abragames" apoiada pela APEX e pelo SOFTEX.

Eu diria que mais que isso é impossível: o concurso dá o dinheiro, cobra o desenvolvimento do demo e leva o desenvolvedor até o publisher para mostrar o demo produzido.

HG - Então após a premiação, será feito um acompanhamento do desenvolvimento dos projetos selecionados?

André - Sim. Os pagamentos são atrelados a milestones, como em qualquer produção de jogos com capital privado.

HG - Você pode nos falar mais sobre a Oficina para Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos? Quem participará dela? Qual o perfil dos profissionais envolvidos?

André - O objetivo da oficina é "contaminar" os produtores dos demos com as experiências da indústria e sintonizá-los de maneira a maximizar as chances de transformar o demo em jogo completo. Assim aproveita-se melhor o dinheiro público.

HG - Qual o impacto que vocês esperam conseguir com o BRGames no cenário atual de produção de jogos no Brasil?

André - Pretendemos conseguir 10 novos jogos publicados em co-produção internacional. Será muito bom.

HG - Quantos projetos vocês acham que serão enviados? Existe alguma estimativa sobre quantos desenvolvedores de jogos há hoje no Brasil?

André - Não temos estes números; o mais importante, acho, é "quantos projetos com bom planejamento" serão enviados. Idéias novas sem planejamento não interessam à Indústria.

HG - Que conselhos você daria para quem está começando na área de desenvolvimento de jogos, ou ainda pensa em atuar nessa indústria?

André - Se você quer aparecer para a indústria (internacional), inscreva-se no Festival de Jogos Independentes do SBGAMES. Se você tem um bom projeto e precisa de dinheiro para executá-lo, dispute o BRGames. Entenda suas demandas para então escolher seu caminho.

E o principal: pense grande, mas faça seu projeto do tamanho que você consegue executar. Seu primeiro jogo certamente não será melhor que o jogo que você mais gosta de jogar hoje em dia.

HG - No Brasil, temos a Lei Rouanet que incentiva a produção cultural, que viabilizou praticamente toda a revitalização do cinema nacional. Há a possibilidade de games serem considerados peças culturais e serem assim beneficiados pela Lei?

André - Os jogos são, sim, produção cultural audio-visual. Já a lei Rouanet é um tema interessante que merece ser discutido em longo prazo. Seus mecanismos podem ou não ser adequados à nossa indústria. Ã preciso ter cautela ao avaliar.

HG - Muito obrigado pela atenção, André, e muito sucesso para o BRGames.

Clovis
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