Professor muçulmano é bloqueado em jogo porque seu nome aparece em "lista-negra" do governo dos EUA

#Notícia Publicado por iBrown10, em .

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É isso mesmo que vocês leram no título.

Um professor americano teve sua inscrição no jogo online Paragon, desenvolvido pela Epic Games, impedida porque alguém com o mesmo nome que o seu constava em uma "lista-negra" do governo dos Estados Unidos da América. Muhammad Zakir Khan, um professor assistente na Universidade Broward, se deparou com uma mensagem de erro incomum quando tentou se cadastrar para o beta do shooter em primeira pessoa da Epic Games.

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"A criação da sua conta foi bloqueada como resultado de uma correspondência com a lista dos Cidadãos Especialmente Designados mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos da América," foi a mensagem de erro que Khan recebeu ao tentar se cadastrar para o beta do jogo, e divulgou em sua conta do Twitter, demonstrando indignação.

A lista de Cidadãos Especialmente Designados é uma "lista-negra" pouco conhecida produzida pelo governo dos EUA como parte de sua aplicação de sanções econômicas contra nações como Irã, Síria e a Crimeia russa, com o objetivo de ajudar as companhias a evitarem fazer negócios acidentalmente com cidadãos de alto-perfil dessas nações, ou corporações controladas por elas.

Khan twittou o seu problema para a Epic Games com a hashtag #Islamophobia e foi respondido pelo fundador da empresa, Tim Sweeney, que pediu desculpas e alegou que o banimento foi resultado de consecutivos erros. Não só o nome de Khan não devia ter sido relacionado com a lista, de forma alguma, como uma simples combinação de nomes não deveria ser o suficiente para gerar um banimento. E o filtro que ligou o nome do professor à lista não deveria sequer ser aplicado à simples habilidade em nível de consumidor de se inscrever para o beta do jogo.

Khan por fim twittou para Sweeney em agradecimento pelo pedido de desculpas, mas adicionou que, apesar disso, ainda estava preocupado pelas questões problemáticas que o evento levantou.

"Primeiramente, o fato de que o problema existe em primeiro lugar me deixa frustrado. Alguém desenvolveu o sistema da Epic Games sem pensar em seus impactos. Segundo, alguém sendo designado para supervisionar o tal sistema não garantiu a supervisão do tal sistema. Logo, eles foram descuidados e desleixados. Terceiro, se eles tivessem apenas tirado um momento para pensar no que fizeram, poderiam perceber o quanto isso poderia ser doloroso para alguém.

Não é um bom sentimento quando alguém sente que sua liberdade está sendo limitada devido à sua religião, raça ou até mesmo seu nome. Incidentes de discriminação levam a traumas, mesmo que como um leigo você não entenda isso. Essa dor é real e difícil de se lidar."

Essa foi a última mensagem no Twitter de Muhammad Zakir Khan sobre o assunto. Khan foi vítima de discriminação no simples ato de se inscrever para o beta de um jogo online, devido ao preconceito empregado pelo governo dos Estados Unidos sobre uma coisa da qual ele não tem controle algum, o seu nome.

Eventos recentes têm colocado em pauta um assunto que há muito foi negligenciado e finalmente está ganhando notoriedade: a questão da islamofobia. A islamofobia é o sentimento de ódio ou de repúdio em relação aos muçulmanos e ao islamismo em geral. Ela não é um problema exclusivo dos Estados Unidos. Ela acontece em diversos países – principalmente depois da série de atentados terroristas que vem acontecendo em todo o mundo, atribuídos ao Estado Islâmico -, e também no Brasil.

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A islamofobia, como qualquer outro tipo de discriminação, é maléfica à nossa sociedade e prejudica muitas pessoas. Quem imaginaria que o preconceito chegaria ao ponto de uma pessoa qualquer não poder se inscrever para um jogo online só pelo fato de o seu nome ser de origem muçulmana? Até onde a discriminação vai contaminar até mesmo os jogos online, um meio que deveria ser voltado para a interação social e a diversão?

As empresas de games como a Epic Games – assim como todos nós – devem ter a responsabilidade de garantir que eventos como esse não ocorram. Como o próprio Khan disse: "Incidentes de discriminação levam a traumas (…)" e "Essa dor é real e difícil de se lidar". É uma questão que merece – e carece – de atenção e, principalmente, de reflexão.

SimonFenix
SimonFenix #iBrown10
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