Após falha no motor foguete brasileiro construído em São José explode na base de Alcântara - MA

#Notícia Publicado por Anônimo, em .

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O programa espacial brasileiro sofreu mais um revés em sua história. O foguete Suborbital VS-40M V3, construído no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) de São José dos Campos, explodiu no momento do lançamento na tarde da última sexta-feira (13) na base do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

No início da tarde do dia 14 a assessoria de imprensa do Comando da Aeronáutica em Brasília confirmou que o foguete explodiu no momento da ignição. Todo o foguete foi perdido, mas a Aeronáutica não informou se houve danos à estrutura da base. As causas da explosão ainda serão investigadas.

Na sexta-feira, logo depois da ocorrência, a Aeronáutica havia emitido uma nota à imprensa confirmando problemas no lançamento do foguete, mas não informou sobre o que teria ocorrido com o foguete.

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Foguete VS40 e equipamentos da Operação São Lourenço embarcaram em outubro em São José dos Campos

O lançamento do foguete que explodiu fazia parte da Operação São Lourenço, iniciada na segunda quinzena de outubro e coordenada por funcionários do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) de São José dos Campos. Também participam da Operação São Lourenço técnicos, engenheiros e militares do CLA, do Comando Geral de Operações Aéreas (Comgar), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e Marinha do Brasil (MB), além de especialistas da Agência Espacial Alemã (DLR) e do Centro Espacial da Suécia (SSC).

A plataforma levaria ao espaço um componente do Sistema de Navegação (Sisnav), denominado Sistema de Medição Inercial (Sismi), acompanhado de um GPS de aplicação espacial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - em cooperação com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) - ainda em fase de qualificação.

A base de lançamento de Alcântara fica em uma área isolada no município de Alcântara, distante 30 quilômetros da capital São Luís, e com acesso restrito. Em agosto de 2003 um acidente com um veículo lançador de satélites nesta mesma base matou 21 funcionários do DCTA de São José dos Campos e destruiu o principal projeto espacial brasileiro na época.

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Imagem do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA) destruído na explosão

O lançamento do foguete era a última fase da Operação São Lourenço, principal atividade de lançamento espacial prevista para este ano no Brasil. Ela começou em fins de outubro, e contava com técnicos, engenheiros e militares brasileiros, além de especialistas da Agência Espacial Alemã (DLR) e do Centro Espacial da Suécia (SSC).

Vale notar que diversos foguetes brasileiros foram lançados com sucesso este ano - porém nenhum deles no Brasil. Eis a lista:

  1. - 19 de outubro: foguete VS-31/IO V02 é lançado com sucesso na Suécia
  2. - 2 de outubro: foguete VS-31/IO V01 é lançado com sucesso na Suécia
  3. - 30 de junho: foguete VSB-30 V24 é lançado com sucesso na Suécia
  4. - 27 de abril: foguete VSB-30 V21 é lançado com sucesso na Suécia
  5. - 23 de abril: foguete VSB-30 V18 é lançado com sucesso na Suécia
  6. - 30 de março: foguete VSB-30 V13 é lançado com sucesso na Suécia
  7. - 5 de março: foguete VS-30 V11 é lançado com sucesso na Suécia
  8. - 22 de fevereiro: foguete VSB-30 V20 é lançado com sucesso na Suécia
  9. - 20 de fevereiro: foguete VS-30/IO V11 é lançado com sucesso na Noruega
A AEB vem sofrendo sucessivos cortes de orçamento. Em 2014, a agência tinha inicialmente um limite máximo de R$ 300 milhões, que foi posteriormente reduzido para R$ 260 milhões pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação. Em 2015, o orçamento sofreu corte mais uma vez: foi de R$ 300 milhões para R$ 230 milhões.

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Para comparar: o orçamento planejado para o programa espacial da Índia é de quase R$ 3 bilhões para 2014 e 2015. (A agência indiana ISRO enviou uma sonda para Marte no ano passado.)

Enquanto isso, no Brasil, fica o sentimento de frustração. Aydano Carleial, presidente da Associação Aeroespacial Brasileira e ex-diretor do programa de satélites do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), disse ao portal Terra no ano passado:

Os projetos de engenharia espacial do governo em geral arrastam-se anos a fio sem perspectiva de conclusão com sucesso. Como não se reformou a organização do Estado para o setor nem se estabeleceu ainda uma nova estratégia com forte apoio político (permanece o marasmo), o momento atual do desenvolvimento espacial brasileiro é de frustração.
Anônimo
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