Implante cerebral permite a ratos ver e sentir a luz infravermelha

#Notícia Publicado por davidgbf, em .

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Apesar de alguns animais, como os pítons e os morcegos vampiro, conseguirem perceber a luz infravermelha, esta radiação eletromagnética está fora dos limites sensitivos da maioria das criaturas. Mas pesquisadores, comandados pelo brasileiro Miguel Nicolelis, na Universidade de Duke conseguiram modificar roedores para "verem" este particular comprimento de onda (que varia entre 0,8 e 1.000 µm) através de sensores implantados em seus córtex visuais.

Antes de equiparem os ratos para verem a luz infravermelha, Nicolelis e Eric Thomson os modificaram para senti-la. Em 2013, eles implantaram um único eletrodo detector infravermelho dentro de uma área do cérebro dos ratos que processo o toque, chamada córtex somatossensorial. A outra ponta do sensor, fora da cabeça dos ratos, detectava luz infravermelha no ambiente. Quando ele captava algum sinal infravermelho, o sensor enviava um sinal elétrico para o cérebro do rato, que parecia dar a ele uma sensação física. Inicialmente, os ratos ficavam esfregando seus bigodes repetidamente quando alguma luz era captada. Depois de um tempo, eles pararam com a inquietação. Eles até aprenderam a associar o infravermelho com uma tarefa baseada em recompensa, na qual eles seguiam a luz infravermelha até uma tigela de água.

No novo experimento, o time inseriu três eletrodos adicionais, igualmente espaçados do lado de fora da cabeça dos ratos, assim eles poderiam ter uma percepção 360° do ambiente. Quando apresentados à mesma tarefa, eles a aprenderam em apenas 4 dias (no teste anterior eles demoraram 40 dias). "Francamente, isto foi uma surpresa," disse Thomson. "Eu pensei que seria realmente confuso para os ratos terem tanta estimulação no cérebro."

A seguir, os pesquisadores começaram a redirecionar o tráfico: ao invés do córtex somatossensorial, eles plugaram os eletrodos no córtex visual dos ratos. E esse foi o pulo do gato (*ba dum tss*): os ratos recebendo estímulos visuais aprenderam a tarefa em apenas 1 dia. Thomson sugere que o córtex visual se ajusta tão bem porque o comprimento de onda da luz vermelho é bem próximo daquele do da luz visível (entre 370 e 700 nm).

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Ron Frostig, um neurobiólogo da Universidade da Califórnia, em Irvine, que não está envolvido no estudo, diz que é importante que a introdução de novos sentidos não comprometa os sentidos existentes. Se isso acontecer, ele diz, irá cancelar qualquer aplicação terapêutica potencial. Até agora, o sentido do infravermelho parece se integrar bem aos sentidos da visão e do toque. "Este não é uma situação 'o vencedor leva tudo',", diz Frostig. "O córtex somatossensorial inteiro não está se tornando um 'córtex infravermelho'. Está fazendo duas tarefas simultaneamente, e isso mostra uma maravilhosa plasticidade."

A rápida curva de aprendizado dos ratos sugere que adultos, também, podem ter cérebros mais maleáveis do que se imaginava. Nicolelis e Thomson dizem que as descobertas deles são encorajadoras para pesquisadores tentarem desenvolver próteses sensoriais que poderão, um dia, aumentar os sentidos humanos. Entretanto, eles não estão sugerindo que as pessoas serão capazes de ver a luz infravermelha emitida pelos seus controles remotos tão em breve.

"Eu estou maravilhado," diz Thomson. "Sim, o cérebro está sempre faminto por novas fontes de informação, mas o fato de ele absorver este novo e completamente estranho tipo de informação tão rapidamente é promissor para o campo das neuropróteses. E é por isso que estou tão excitado."

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