Way of the Warrior - O jogo esquecido da Naughty Dog

A Naughty Dog é uma das mais famosas e respeitadas empresas desenvolvidoras de jogos da atualidade. Famosa por criar incríveis series como Crash Bandicoot, Jak and Daxter, Uncharted e The Last of Us, é dificil pensar que ela algum dia conseguiria fazer um jogo ruim, mas ela já fez. Em 1995, na época que Mortal Kombat estava bombando, a Naughty Dog quis pegar o embalo do sucesso (e outras 1000 desenvolvedoras) e lançou o Way of the Warrior, para o 3DO.

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Era uma época em que Mortal Kombat bombava nos consoles e arcades com a novidade da captura de movimentos, personagens, fatalities, e fazia a alegria dos gamers. A Naughty Dog estava praticamente falindo, então dois produtores da empresa, Jason Rubin e Andy Gavin, tiveram a brilhante ideia de fazer um jogo igual ao Mortal Kombat com a intenção de sair da falência. A intenção foi boa, mas infelizmente eles se esqueceram de um pequeno detalhe, o "custo". A produção de um jogo estilo Mortal Kombat possuía um valor altíssimo para a época, pois envolvia fatores como captura de movimentos, cenários de fundo ChromaKey, contratação de dublês peritos em artes marciais, locação de lugares, e tudo mais que abordasse esse tipo de criação.

Ao perceberem que não teriam dinheiro para realizar tudo isso, eis que eles tiveram a ideia de fazer tudo no fundo do apartamento deles.Gravaram tudo com uma câmera qualquer, e sem dinheiro para dublês, eles chamaram vários amigos e pagaram 25 dólares por cabeça para que eles interpretassem os personagens. O figurino das roupas é composto de vários itens do apartamento deles, como vassouras, fronhas, leques, máscaras ninja, leque, e outras coisas. Para obter a distância ideal para filmar os personagens, eles tiveram que colocar a câmera no corredor do prédio, fora do apartamento. No final de tudo, o jogo foi finalizado em dois Macintosh's velhos. O incrível é que eles acreditavam que Way of the Warrior seria realmente um sucesso e até o próprio Andy participou como personagem no game. Já no final de produção eles perceberam que o jogo não tinha ficado "como esperavam", principalmente por causa dos personagens, mas lançaram mesmo assim.

HISTORIA :

Um torneio de luta milenar realizado num local secreto onde nove lutadores mortais e imortais se digladiam a fim de selar o "O Livro dos Guerreiros" que de tantas em tantas eras, pode trazer a destruição do planeta. Na abertura do jogo, um cranio voador, explica a historia para o jogador.

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O JOGO (GRÁFICO, MUSICA, JOGABILIDADE):

Apesar de não ter bons gráficos, eles merecem os seus méritos por conseguir fazer a captura dos personagens com uma uma simples câmera qualquer. Alguns movimentos são bizarros, mas no geral a grande diversão do jogo é ficar assistindo os movimentos e colocar apelidos neles, por isso eu não vou criticar tanto essa área. Os cenários também têm alguns méritos, mas se você der um "zoom", todos os cenários e personagens ficam horríveis e estourados.

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Sobre a musica no jogo, ela vai agragar bastante pra quem curte um Metal. Ela foi feita toda praticamente pela banda White Zombie do Rob Zombie. Esse é um dos poucos pontos altos do game. Já os efeitos sonoros são terríveis, e parece que foi feito com barbeadores em panelas e coisas do tipo. O resultado é praticamente você gravando os sons de socos, chutes, sons de objetos e vozes no celular e pondo no jogo.

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Way of the Warrior é um jogo de luta, e copiou (ou tentou) toda a jogabilidade do Mortal Kombat (até fatality tem nesse jogo, acredite), porem os controles, é mais um problema do jogo. Aquele controle do 3DO já é horrível jogar qualquer game de luta nele. Way of the Warrior foi o primeiro jogo de luta do videogame, e tinha uma jogabilidade horrível. Provavelmente se você jogar, vai sair apertando qualquer botão, inclusive na hora de soltar o fatality.

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PERSONAGENS :

Não existe um jogo de luta sem personagens né. Como disse antes, os personagens desse jogo foram retratados por amigos e parentes de funcionários da Naughty Dog. Cada um deles tinha um nome em código distinto e um perfil.

Konotori - Nascido de um empresário norte-americano chamado Michael Cash e uma japonesa chamada Delores durante uma viagem de negócios ao Japão, Jeremy já nasceu voltado aos negócios internacionais. Com dois anos, ele já tinha estado em mais de 28 países. Tragicamente, seus pais morreram pouco antes de seu quarto aniversário em um acidente de avião que o deixou quase morto nas montanhas japonesas. Resgatado e adotado por um fazendeiro japonês, Jeremy começou seus anos de formação como o único gaijin (estrangeiro ) na cidade de Kyosaka onde ele foi criado. A fim de ajudá-lo, o agricultor começou a instruir Jeremy nas artes marciais. Rapidamente o rapaz ultrapassou seu mestre, e desenvolveu suas próprias técnicas individuais.

Ninja - É o chefe do Clã Shitake e não sabe-se muito sobre ele. O que se sabe é que os seus serviços são acessíveis apenas para os mais ricos e são extremamente bem feitos. O Ninja tem muitos inimigos, Konotori e o Dragão sub-chefe são alguns deles. Seus únicos amigos são os membros de seu clã e um grupo seleto de pessoas de fora a quem ele se encontrou em algumas missões. Sabe-se que uma dessas pessoas é o Major Gaines que já lutou ao seu lado.

Nobunaga - O menino prodígio do kendo, aprendeu a lutar desde criança. Rigorosamente educado na clássica luta kendo por seus pais, rapidamente se tornou um dos mais importantes jovens campeões do Japão. Nobunaga raramente fala, come e dorme. Sua técnica tem sido chamada de sobre-humana e certamente alguns de seus movimentos podem ser classificados como sobrenaturais.

Major Gaines - Uma pessoa violenta desde o nascimento, Simon Gaines foi logo cedo encaminhado para o sistema militar. Com o tempo perceberam que Gaines era extremamente mortal em combates. Depois de muitos anos de treinamento nas artes da guerra, foi encaminhado para o departamento de operações secretas dos militares britânicos chamado SAS e se tornou o Major do grupo.

Fox - Falcolm Fox é o filho de um embaixador Africano na França. Quando criança, ele se rebelou contra seu pai, e com isso sofreu uma impecável perseguição por toda vida com emboscadas, brigas e lutas. Acabou indo para as gangues de Paris, eventualmente tornou-se o líder do maior grupo de mafiosos de país anos depois.

Shaky Jake - Nascido e criado em um local distante da civilização na Austrália, Jake não conheceu outras pessoas enquanto esteve crescendo. Na verdade somente com 17 anos seus pais informaram que existiam outras pessoas no mundo além deles. Mas com isso, Jake aprendeu a sobreviver sozinho em meio aos mais temíveis animais da Terra. Por inúmeras vezes ele sobreviveu apenas comendo cobras e outros animais peçonhentos e com isso adquiriu técnicas de lutas que iriam torná-lo um grande lutador.

Nikki Chan - Nikki Chan é a reencarnação de uma antiga princesa da China, embora ela não saiba porque, a alma dessa antiga menina levou a ela as artes marciais. Com isso criou seu próprio estilo acrobático de kung-fu e pretende usá-lo para vencer todos os seus adversários no torneio.

Crimson Glory - A única filha de uma família de 12 filhos homens. Carmesim foi uma menina criada entre homens, com isso cresceu sem demonstrar nenhum interesse em bonecas ou outros brinquedos típicos de meninas, mas se apegou ao "wrestling" e o "boxe" como seu passatempo. Já na sua adolescência começou a se tornar a mulher mais forte em seu país, com isso foi ao tornei para provar sua força, principalmente para os homens.

Dragon - Chin Liu é um lutador de artes marciais Cresceu aprendendo a lutar no Beijing Opera House. Ali foi treinado com outros prodígios e os melhores mestres que a China tem para oferecer. Graduado em primeiro lugar em sua classe, Chin Liu possui os socos mais rápidos da China, bem como um punhado de habilidades sobre-humanas, que rendeu a ele o apelido de The Dragon.

Existem personagens (e fases) desbloqueaveis tambem, que são o Gullab Jamun, Black Dragon, Voodo, High Abbott e Kull o Destuidor (que também é o boss final). Tambem tem personagens secretos, que são somente a sombra de alguns lutadores.

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Mas apesar de atualmente ser um jogo esquecido da Naughty Dog, ele é de uma grande importância para ela. Ao final da conclusão do game, Andy e Jason, sabendo que o jogo não seria grande coisa e passaria longe de ser um Mortal Kombat da vida, chegaram a ter seu trabalho ridicularizado mesmo apesar de alguns segmentos da mídia da época se apresentarem favoráveis ao título. Sabendo disso, eles resolveram usar uma estratégia diferente e começaram a realmente falar para todos que o jogo era um excelente jogo (mesmo sabendo que estava longe de ser) comparando-o sempre que podiam ao jogo da Midway. E como eles abordaram isso? Ressaltando tudo aquilo que o jogo possuía verdadeiramente: que todos os personagens tinham nove fatalities (tinham realmente, mas a maioria era ridículos, como chutar um personagem e ele cair ); que o jogo era muito mais violento e sanguinário; que tinha mais personagens, inclusive secretos e ainda, distribuindo demos grátis em todos os meios de comunicação gamer.

Com essa estratégia e muita persuasão, eles conseguiram chegar a ninguém menos que Mark Cerny, que era o chefão da Universal Interactive Studios na época, e conseguiram fazê-lo acreditar e confiar no jogo. Depois de muita conversa, os dois conseguiram não só convencer a Universal a distribuir o game pelo mundo, como também fizeram um contrato para o lançamento de mais jogos em conjunto com o estúdio para a posteridade. Eis que surgiu uma luz no fim do túnel para reerguer a Naughty Dog, pois com esse contrato eles conseguiram mais tempo (para fazer um bom game) e mais dinheiro para salvar a empresa. No final a ideia não foi fazer sucesso com Way Of The Warrior, e sim lançar mais games em conjunto com a Universal. E esta foi justamente a maior sacada deles, tanto que o jogo seguinte foi um enorme sucesso, chamado Crash Bandicoot, que com certeza vocês conhecem a história.

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Way Of Warrior é um dos piores (senão o pior) jogo feito pela Naughty Dog, com personagens horríveis e muitas outras coisas horríveis, mas em meio a tanta coisa ruim, ensina que mesmo que tenhamos uma ideia "ruim", podemos fazê-la virar algo bom. Aqueles que gostam de "histórias do mundo gamer" e principalmente a galera que anda fazendo games indies no Brasil devem muito ler a história desses dois caras que usaram a força de vontade e continuaram sempre acreditando em seus projetos, mesmo que não tenham chegado ao resultado esperado com esse jogo. E agora que a Naughty Dog virou uma das melhores desenvolvedoras de jogos, seria uma boa ideia ela fazer um reboot desse jogo, porque com a qualidade que ela tem hoje, poderia sair um ótimo jogo de luta.