Maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências, diz pesquisa
Pesquisa divulgada na quinta-feira (6) pelo Indicador de Letramento Científico (ILC) revelou que a maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências. De acordo com o resultado da consulta, 79% têm conhecimentos científicos básicos, mas não são capazes de usá-los para entender plenamente a realidade que os cerca.
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O teste envolveu questões com situações cotidianas, como ler e interpretar uma bula de remédio, entender a importância de um pneu de carro não estar careca e conseguir explicar o efeitos do uso de antibióticos.
Os resultados finais do ILC foram apresentados na Reunião Ordinária Itinerante do Conselho Nacional de Educação (CNE). O ILC avaliou 2 mil pessoas, entre 15 e 40 anos, com, no mínimo, quatro anos de estudos. Elas responderam a 36 questões, de diferentes níveis de dificuldade, sobre a aplicação da ciência no dia a dia e em situações mais complexas.
A partir das respostas, os participantes foram divididos em quatro níveis. No primeiro, o mais baixo, estão 16%. Eles são capazes de localizar apenas informações em textos simples, em situações cotidianas. No extremo oposto, no nível 4, estão 5% considerados eficientes. Esses têm domínio de conceitos e termos científicos e são capazes de aplicá-los em situações simples e complexas.
A maior parte dos participantes está no segundo nível (48%) e no terceiro (31%), considerados, respectivamente, letramento rudimentar e letramento científico básico.
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Os participantes têm desde o quinto ano do ensino fundamental até o superior completo. Os resultados mostram que há deficiências também entre aqueles com nível educacional mais alto, que correspondem a 23% da amostra. Entre esses, 11% atingiram o nível mais alto de letramento, 48% estão no nível 3, 37% no 2 e, 4% no nível mais baixo.
Apesar do baixo desempenho, a pesquisa mostra que os brasileiros se interessam pelo conhecimento científico. Dos entrevistados, 72% concordaram, total ou parcialmente, que a ciência ajuda a compreender o mundo; 62% disseram se informar sobre as novidades no campo da ciência e tecnologia. Metade afirmou se informar por meio de jornais impressos ou internet.
Em relação ao trabalho, 68% concordam, total ou parcialmente, que quem tem formação na área científica tem boas oportunidades de trabalho. As entrevistas foram feitas no Distrito Federal e em 211 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Belém.
Para o presidente do Instituto Abramundo, Ricardo Uzal, um dos responsáveis pela pesquisa, o resultado em ciências no Brasil está abaixo do de outros países, com impactos no desenvolvimento econômico do país e na falta de crescimento por aumento de produtividade.
Segundo ele, a pesquisa indicou também que existem problemas na estrutura educacional, principalmente da educação básica, que trata ciências de forma marginalizada.
, acrescentou Uzal.
"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta."