A maior estrutura no universo é um "buraco" de quase dois bilhões de anos-luz de largura e sem lógica

#Notícia Publicado por Enigma.pbs, em .

A estrutura está rodeada por uma enorme Mancha Fria que desafia as teorias existentes de como o universo se formou.

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No mapa da radiação cósmica que restou após a formação do Universo é possível ver a Mancha Fria, com temperaturas invulgarmente baixas, assinalada pelo círculo.

Foi descoberta aquela que poderá ser a maior estrutura conhecida no universo, e é um buraco gigante: um espaço no universo que está invulgarmente vazio. Esse espaço tem mais de 1.8 bilhões de anos-luz de um lado ao outro e, de acordo com o cientista que liderou a investigação para o compreender, poderá ser "a maior estrutura individual alguma vez identificada pela humanidade".

Esta estrutura esférica e vazia, que se trata de um supervoid, (super vazio, numa tradução literal), é composta por um espaço onde se estima que poderiam estar dez mil galáxias, se este fosse ocupado com a densidade média do universo. Foi exatamente por isso que a estrutura foi encontrada: trata-se de um espaço excecionalmente vazio no universo, o que fazia com que estivesse rodeado de uma espécie de mancha muito grande e fria que intrigou os cientistas quando foi vista em sondagens anteriores do céu.

A Mancha Fria ("Cold Spot", em inglês), como se tornou conhecida, foi descoberta há dez anos, mas só agora se percebeu a que se poderão dever as temperaturas geladas que aí se registam: existe um grande espaço menos denso no seu interior, que suga a energia que o rodeia.

O fato deste espaço se encontrar mais vazio, com cerca de 20% menos matéria do que as zonas do universo habitualmente têm, levanta novas questões aos cientistas. O modelo cosmológico existente, aquele que, até hoje, melhor explica a formação do universo, prevê uma certa uniformidade, e uma área fria tão grande como a da Mancha é inesperada.

Ao jornal The Guardian, o cientista que liderou a sondagem do espaço, István Szapudi da Universidade do Havai, disse que se trata da "maior estrutura individual alguma vez identificada pela humanidade". Esta foi encontrada utilizando o satélite WISE, da NASA, e o telescópio Pan-STARRS1, localizado no Havai, para observar o universo a cerca de 3 bilhões de distância da Terra, o que não é muito longe na escala cósmica. Foi aí que os cientistas encontraram este supervoid, o maior, garante o coautor András Kovács, alguma vez encontrado.

Para alguns cientistas, porém, o supervoid é surpreendente, mas não é impossível. "O vazio em si não me deixa muito insatisfeito", disse ao Guardian o investigador Carlos Frenk, da Universidade de Durham. "É como o Evereste dos vazios - tem sempre que haver um que é maior do que os outros. Mas isso não explica toda a Mancha Fria, acerca da qual permanecemos na ignorância". Frenk estima que o supervoid encontrado só pode justificar cerca de 10% da diferença de temperatura entre a Mancha Fria e uma região típica do universo.

O estudo foi publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomic Society este domingo.

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Este grande grupo de quasares desafia o princípio cosmológico, a suposição de que o Universo, quando visto em uma escala suficientemente grande, tem a mesma aparência, não importa de onde você esteja observando-o. A teoria moderna da cosmologia é baseada na obra de Albert Einstein, e depende do princípio cosmológico. O princípio é assumido, mas nunca foi demonstrado através de observações que não gerassem dúvidas.

Quasares são núcleos de galáxias dos 'primeiros dias' do Universo. Um único Quasar emite de 100 a 1000 vezes mais luz e energia do que uma galáxia inteira com 100 bilhões de estrelas. Eles se submetem a breves períodos de altíssimo brilho que os tornam visíveis através de grandes distâncias. Estes períodos são ' breves' em termos de Astrofísica, mas na verdade são cerca de 10 a 100 milhões de anos. Desde 1982 tem sido aceito que os quasares tendem a se agrupar em grupos ou "estruturas" de dimensões surpreendentemente colossais, formando os grandes grupos de quasares, ou LQGs na sigla em inglês.

Para dar uma noção de escala, nossa galáxia, a Via Láctea, está separada de sua vizinha mais próxima, a galáxia de Andrômeda, por cerca de 0,75 Megaparsecs (MPC), ou 2,5 milhões de anos-luz. Grupos de galáxias podem ter de 2 a 3 MPC, porém, os LQGs podem ter cerca de 200 MPC ou mais de diâmetro.

Vinicius
Vinicius #Enigma.pbs
, RJ
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