Só para os que podem pagar?

#Artigo Publicado por a.marcio, em .

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Se tem algo que alegra e muito o entusiasta de jogos de PC é montar sua própria máquina. Peça por peça, como um brinquedinho cujas partes precisam ser juntadas uma a uma para que funcione. Essa sensação é quase tão boa quanto como jogar os games. É isso que a indústria de hardware nos proporciona, além de outras coisas. Porém, o mercado que alimenta nosso entusiasmo tem mostrado características predatórias e de pouca franqueza com o consumidor.

A exemplo disso, a Intel. A qualidade de seus produtos é indiscutível, com desempenho muito bom. Porém, o preço é algo que arranca muita grana dos bolsos de seus usuários. Sem essa de conversa de apoio a essa ou outra empresa, o que precisamos é de produtos bons cujo valor por eles seja justo. Na relação AMD e Intel, nota-se que, na comparação processador por processador, a última leva vantagem por desempenho e baixo consumo de energia; porém, os números não mostram um percentual tão alto a seu favor que justifique preços duas vezes ou até três vezes maiores aos praticados pela AMD.

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Quem pode pagar, se vangloria disso em relação a quem não pode, muitas vezes. Mas o que aquelas pessoas fazem, realmente, é alimentar um tipo de consumo que cada vez mais restringe o público consumidor de peças de alto desempenho. Ao público dos que "podem". Pois, se, para a empresa, há saída para seus produtos de preços mais altos é porque há quem os compre. Mesmo que sejam poucos. Nesse cenário, a tendência é o preço subir mais e mais, afinal que empresa não gostaria de saber até que preço pode pedir de quem acha que pode pagar?

Mas a questão não é essa, a "Se podemos". A questão é: por que pagar o dobro por algo cuja qualidade é 20 ou 30 por cento melhor que o outro produto? É essa pergunta que devemos fazer ao poupar uma grana do salário por meses, ir até à loja ou ao site e comprar aquela peça que deixará o PC "fodão", ao nosso conceito. Ainda mais, se eu comprar, " Que tipo de consumo estarei incentivando?". São perguntas fundamentais. Não servem apenas para compra de hardwares, mas para quaisquer outros tipos de compras.

Elevar o preço porque tem produto melhor é comum e justo. Mas não a valores que extrapolem o senso-comum e raspem a nossa carteira até o último centavo. Digo mais, essa prática cria precedentes perigosos. Imaginem que a AMD ou outra empresa desenvolvam processadores exatamente ou melhores em todos os quesitos que os da Intel. Sabendo de quanto essa última empresa cobra por seus produtos, a AMD ou essa outra empresa não quererá praticar preços semelhantes ou mais salgados? Nesse caso, o fato de haver concorrência não nos livrará de pagar mais caro, afinal há "os que podem".

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No caso da Nvidia, não oficialmente, sabemos que os jogos promovidos por ela chegam ao consumidor de suas placas "melhorados". Mas o que muita gente não vê ou não quer ver é que os requisitos para jogar esses games exigem, praticamente, a compra de equipamento novo. Sobre o último jogo da Ubisoft patrocinado pela fabricante citada, ele chegou a nós logo após o lançamento de uma nova linha de gpus série 900. Daí eu lhes pergunto, "Uma GTX 680 como requisito mínimo para jogar Assassins Creed Unity é ou não suspeito? Corrobora ou não o que digo?

Claro, se você pode trocar de gpu a cada ano, isso não lhe parecerá ser problema, nesse caso. Mas quem não pode, sente-se frustrado por saber que sua GTX 680 está apenas nos requisitos mínimos de um jogo cujo desempenho é satisfatório em consoles com chips gráficos inferiores. Não só frustrado, mas também levado a se questionar se deve ou não trocar sua placa de vídeo. Porém, se tivermos um pouco mais de reflexão e consciência, a pergunta seguinte será: por que incentivarei com meu dinheiro suado o trabalho de uma empresa ou um tipo de consumo que não tem respeito por mim?

Antonio
Antonio #a.marcio
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