E-readers e livros digitais mudam paisagem da Bienal do Livro

#Notícia Publicado por rbmarques, em .

Os autores de best sellers não são as únicas novidades da Bienal Internacional do Livro, realizada até domingo no Riocentro, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Pela primeira vez, os livros eletrônicos e seus acessórios de leitura marcam presença na feira.

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Kobo oferece leitores eletrônicos e aposta em conteúdo diferenciado

Os e-books e e-readers - também chamados leitores eletrônicos - chegam com uma fatia pequena do mercado, mas de olho no futuro do segmento. "O mercado digital no Brasil tinha uma previsão de um boom de crescimento para 2013, o que não aconteceu. Mas o digital cresceu de maneira organizada e consciente. E isso é bom para editores, players e consumidores", explica Marcus Antônio Parise, responsável de conteúdo da Iba, uma das poucas empresas especializadas em e-books presentes na feira.

A gigante do setor, a americana Amazon, também está na Bienal com seu stand e de olho no mercado em constante crescimento. A empresa aposta nos dois lados: tanto nos livros digitais quanto nos dispositivos eletrônicos para a leitura.

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Bienal Internacional do Livro do Rio, na capital fluminense, vai até 8 de setembro, domingo

Mercado em crescimento

"É muito gostoso estar no mercado neste momento, porque as pessoas estão tomando gostando pela leitura digital. Temos uma verdadeira obsessão por melhorar cada vez mais a experiência do consumidor nos dois lados", afirma Alex Szapiro, vice-presidente da Amazon no Brasil.

Concorrente da Amazon, a canadense Kobo compara o mercado brasileiro, que varia de 2 a 4% do americano, que hoje já ocupa uma importante fatia de 26% do total de livros vendidos. "Temos um longo caminho a percorrer. Tem espaço para todo mundo ganhar dinheiro, crescer e para o consumidor aproveitar o mercado de livros digitais. Você viaja e leva mil livros com você", ilustra Samuel Vissoto, diretor de desenvolvimento de negócios da Kobo.

Tanto Amazon quanto Kobo apostam e muito na venda de dispositivos digitais para leitura. Os dispositivos oferecidos pelas duas empresas começam a ter preços mais acessíveis ao público, variando de R$ 289 a R$ 699.

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Fabricantes de e-readers como o Amazon Kindle (à direita) argumentam que aparelhos têm propósito diferente de tablets como o iPad, da Apple

"O e-reader tem uma grande vantagem em relação ao tablet: ele tem uma tela especial, com iluminação que imita a iluminação natural e não te cansa a vista", opina Szapiro, completando que o tempo de duração da bateria do dispositivo pode chegar a 30 dias sem necessidade de carga, sem falar no peso e no tamanho do e-reader comparados aos de um tablet.

"É como comparar um canivete suíço com uma chave-de-fenda. Se você tiver que apertar um parafuso toda hora é melhor com uma chave-de-fenda", defende, dizendo que, de acordo com estudos feitos por sua empresa, é cada vez mais comum pessoas que têm um tablet e um leitor digital. Vissoto concorda e diz que é uma discussão interessante saber se o e-reader vai migrar para o tablet ou se o tablet vai ser uma opção para o leitor digital. "Nosso tablet (o Kindle Fire), por exemplo, tem um ambiente de leitura, que quando você entra nele, deixa de receber notificações de Facebook, de email", ilustra.

Conteúdo em primeiro lugar

No mercado dos livros digitais, Parise, do Iba, afirma que o novo consumidor não quer apenas o livro, mas outras experiências. "Realizamos resenhas de livros, capítulos comentados, hang-outs (videoconferências) com autores. O consumir não consome apenas o livro, mas o conteúdo", argumenta.

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Amazon oferece e-reder Kindle para livros digitais

Szapiro, da Amazon, aposta na oferta de conteúdo variado e em grande quantidade para atrair o consumidores. "Temos no Brasil cerca de 2,5 mil títulos gratuitos. Imagina você entrar em uma livraria e sair de lá com 2,5 mil livros na mão sem pagar nada? É quase impossível", afirma. O catálogo nacional da gigante de varejo online chega aos 23 mil títulos. "E os preços de muitos desses livros são convidativos, às vezes abaixo dos R$ 10", elogia o representante da empresa.

Vissoto, da Kobo, ressalta a importância de apostar na paixão pela leitura. "Nós, por exemplo, começamos como parte de uma livraria no Canadá", lembra.

Papel e digital, juntos

Se o mercado do livro digital é ainda incipiente no Brasil (para Vissoto, o brasileiro tem ainda baixo índice de leitura no físico, que dirá no digital), a perspectiva é de melhora. "As editores estão fazendo lançamentos simultâneos do físico e do digital, coisa que tinham medo de fazer antigamente. Lançavam um livro e levavam dois meses para lançar o digital", observa Parise.

Pelo mesmo motivo, Vissoto olha a Bienal dentro de dois anos com algumas diferenças. "Veremos uma revolução cada vez mais rápida. Há quatro anos você não via na Bienal nenhum fabricante (de leitores eletrônicos). Vamos caminhando para o lado digital", opina.

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Amazon aposta nos dois lados: livros físicos e digitais

Szapiro aposta também na mudança de hábito do consumidor. "Os livros físicos e os stands vão continuar no mesmo lugar. Mais pessoas vão estar lendo livros digitais. Muita gente com um dispositivo na mão vai folhear o livro e comprar um livro ali mesmo através da rede", prevê.

Os três representantes do setor concordam, porém, que o livro físico não vai acabar, mas pode ficar mais caro. "É como o disco de vinil. Não acabou e até voltou, mas voltou mais caro" compara Parise

Rafael Barros
Rafael Barros #rbmarques
, Várzea Grande - MT
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