PS4 vs Xbox One vs WiiU - Uma visão sobre o Hardware

#Artigo Publicado por Anônimo, em .

Por Fagner Martinelli Ferreira da Fonseca

Ex membro da equipe da antiga Revista EGM PC

Original: Grupo EGM Brasil no Facebook, sem revisão.

É mais fácil falar sobre a próxima geração e agora com muito mais informações nas mãos, temos três situações bem distintas. Assim como no mercado de placas 3D, processadores e qualquer outra peça de performance, o mercado de console se posiciona com os seguimentos High End, Mid Range e Low End.

Usabilidade do hardware da nova geração:

Pela primeira vez em muito tempo, o foco do hardware não é a exclusividade de componentes, que em sua maioria, ou foram retirados de projetos de PCs domésticos ou em menor grau, melhorados a partir de projetos que já existiam, estavam pagos em relação a pesquisa e desenvolvimento e não exigiam muito para serem adaptados. Teremos o que provavelmente será a geração com a menor curva de aprendizado da história, a maioria dos desenvolvedores já trabalhou com esse tipo de hardware e ferramental de software, seja na própria plataforma como no caso do Wii para o WiiU ou na construção de ports e games para PC, com chips x86 e GPUs comerciais, arquitetura da qual o PS4 e o XboxOne estão fazendo uso. Com isso, podemos esperar jogos aproveitando os equipamentos mais e melhor, num período de tempo relativamente curto o que vai, inclusive, facilitar o destaque das vantagens e do poder dos novos sistemas.

Hardware a priori:

A aposta da Sony é de um console "top". Apesar de ainda distante da realidade de um PC top, o novo PlayStation não deixou as excentricidades de lado, inegavelmente, focaram na utilidade de cada parte do equipamento que vão entregar aos usuários, ele deve ser o console mais caro dos três, até porque tecnologia custa dinheiro, mas entre os detalhes mais interessantes estão a memória RAM e o fato de ele ter um processador ARM executando funções sem interromper o "sistema principal" isso abre um leque enorme de possibilidades e a comunicação entre usuários pode chegar a um nível realmente impensável, mesmo dentro de um jogo. A GDDR5, memória usada no PS4, é tipicamente focada em banda (mover grandes quantidades de dados), o que ajuda em games grandes e complexos mas cria um pequeno atraso em menus, ou rodando apps que precisem de muitas pequenas ações, mas é nítido que o foco em games é o ponto alto, até pela escolha deste tipo de memória, que privilegia esse tipo de software. O PS4 é uma mudança radical de arquitetura frente ao PS3, altamente usável a curto prazo, com foco em games modernos, alta resolução, filtros e comunicação entre usuários.

A Microsoft vem se posicionar no meio, que curiosamente é o tipo de hardware que costuma vender mais no mercado de PCs, onde ninguém quer a placa 3D ou o processador "fraco", tão pouco quer pagar por hardware top, principalmente pelo custo. O XboxOne então denota uma abordagem diferente, apostando em memória DDR3 rodando a expressivos 2133MHz que tem como principal vantagem a latência (logo explico), e é uma escolha muito sapiente do ponto de vista de um desktop ou central multimídia, e que não por acaso, está no mercado como padrão de memória a anos e, mesmo com a chegada das DDR4 em breve, deve se manter por um bom tempo. Considere que o processador e a GPU do novo Xbox também são praticamente os mesmos disponíveis para desktop, quase sem alterações que não sejam meras adaptações a estrutura do console, logo, o valor do aparelho pode ser pelo menos 30 a 40% mais baixo que o do PS4, pelo menos na fábrica. O Xbox One é uma evolução do 360, seguindo os mesmos conceitos adicionando poder a fórmula, pendendo a multitarefa, e que na prática, adicionou mais recursos que não estão diretamente ligados a ideia de jogar mas sim a de múltiplos conteúdos. A bem da verdade, a nova caixa terá jogos similares a anterior, apenas podendo ter mais efeitos, suportando resoluções nativas mais altas... é um Xbox360 realmente "FullHD" compatibilizado com recursos gráficos de hoje, sem compromisso com performance para jogos "no máximo" ou com "filtros altos".

Enquanto isso a Nintendo preenche o nicho que conhecemos por "LowEnd", com uma máquina de especificações simples, o WiiU evoluiu quase diretamente a arquitetura do seu antecessor, se preocupando apenas em entrar no universo "HD" como foram os consoles desta geração. A maior quantidade de RAM (2GB) e o modelo de desenvolvimento de jogos focados em GPU mais do que em CPU, garantem a classificação dele como "nextgen", o que não redime o conjunto de não suportar características gráficas chave da geração em que está inserido. O conjunto é mais equilibrado e mais capaz que qualquer aparelho desta geração, quando usado o modelo apropriado para desenvolver para ele. É comum alguém da área reclamar quando não consegue bons resultados ou tem muito trabalho adaptando conteúdos de PS360, a realidade é que o WiiU tende a se sentir mais em casa entre os consoles que virão do que com os atuais, que inclusive tem CPUs até melhores em muitos aspectos, que qualquer dos novos consoles, com o novo jeito de trabalhar mesmo não tendo o mesmo leque de possibilidades, desenvolver para o WiiU não será penoso, a menos que se queira viver de ports dos consoles maiores. A Nintendo adotou um hardware com personalidade própria, e precisa de softwares que o acompanhem e não adaptados. A verdade é que ela adotou bem cedo um equipamento "compatível" com a forma de trabalhar na qual os estúdios vão estar em breve, mas optou por um hardware de baixo custo focado na experiência, algo como foi o Wii mesmo, e que isso ainda pode dar muito certo se ela souber conduzir o aparelho comercialmente falando. Claro que como ela se adiantou, o WiiU veio com valor salgado, mas que pode diminuir bastante de valor dependendo da estratégia de preço das concorrentes. De fato o WiiU deve custar menos de 1/3 do valor de produção dos concorrentes.

Com as cartas na mesa

Com o que sabemos dos aparelhos já dá para ter uma ideia muito clara de que PS4 e Xbox One vão travar uma disputa ferrenha e que desta faz vez é a Sony tem a vantagem que era da MS nesta geração, o PS4 é capaz de melhores gráficos, texturas mais limpas, menos serrilhado, de ter jogos com mais elementos etc. A aproximação que cada hardware fez dos softwares é a chave para entender o que cada gigante pretende. Enquanto a Sony focou em largura de banda total e elementos extras de processamento, seja para gráficos seja de co-processamento, a Microsoft se limitou a ter um Xbox 360 superdimensionado e com tendência a diversidade de aplicações.

O tipo de memória é chave na questão, enquanto o PS4 adota uma memória principal similar a de uma placa 3D HighEnd, o Xbox One adota um conjunto similar ao de um PC HighEnd. Não entendeu a diferença? Vamos explicar...

Muito mais do que apenas largura de banda (quantidade de dados que podem ser levados de um lado para outro por segundo), quando se executa um programa centenas, as vezes milhares de micro operações são executadas preemptiva-mente, (fatiando o tempo que cada chip tem para processar e dividindo entre sí). A questão é que quando ainda estão sendo alocadas e divididas entre os núcleos e em primeira execução ou sendo retomadas, um tempo de "organização" é necessário para que tudo comece a funcionar, a isso damos o nome de latência, apenas depois desta "organização inicial" é que uma tarefa realmente pode desenvolver o potencial de um chip de memória. Acontece que nos jogos, isso é menos importante porque uma vez estabelecidas às bases nas quais o game vai trabalhar o "bruto" mesmo é sequencial... Por isso placas 3D tem memórias com frequência tão alta e em barramentos tão largos quanto 256Bits ou mais. Com um enorme fluxo de dados o barramento quase sempre vai cheio com dados úteis, mas em pequenas operações, mais comuns a programas gerais, acesso a internet, aplicações de escritório, coleções de fotos etc operações relativamente pequenas acontecem em quantidade realmente grande, movimentando dados que as vezes não preenchem todo o barramento que acaba sendo preenchido com "lastro" (zeros a esquerda) e que claro, dependem de baixa latência para acontecerem mais rápido. Considerando o lastro, ter largura de banda de "?" GB/s é menos importante e considerando a quantidade de operações, o tempo de organização e reorganização (latência inicial) é muito, mas muito mais relevante.

Sendo assim, a visão da Sony para a arquitetura de memória é extremamente radical no ponto de vista "gamer" da coisa, é memória principal que depende de coisas "enormes" e "jogos incríveis" para desenvolver seu poder, enquanto a Microsoft enxergou o novo Xbox muito similar a um PC e suas inúmeras aplicações de diferentes tipos. Sendo assim em games a M$ vai sofrer para estar no "topo", mas com paciência pode-se sim fazer o novo Xbox render como um PC de alto desempenho no que tange o subsistema de memória, ao passo que o PS4 precisa de grandes jogos para ser até 5X mais eficiente nesse mesmo quesito. Se a Sony resolve colocar um monte de Apps para rodar, ela elimina a vantagem, podendo até ficar em desvantagem. Talvez o co-processador ARM esteja lá justamente para evitar uma queda muito drástica nestes aspectos, tentando cobrir o problema com outra abordagem.

A GPU é o outro ponto interessante da equação, temos uma MidRange atual vs uma MidRange nextgen... a GPU do novo Xbox é, pelo menos 40% mais lenta que a presente no PS4. O que isso significa hoje em dia? bom... o mesmo que pegar uma VGA média ou até baixa como uma GeForce 550Ti ou GTX 460 e similares e comparar com uma média alta ou de inicio das HighEnds como uma Radeon HD7790 ou 7850. Dito isto qualquer um que tem um PC e joga em um sabe que qualquer destas VGAs rodam de tudo com muita competência, porém, isso é hoje, quando os jogos estão limitados pela realidade da atual geração e são meramente convertidos para PC.

Então teremos um inicio de geração com o Xbox One apresentando ótimos resultados e bem equiparável ao PS4 e do meio para o final, teremos um PS4 mostrando que o Xbox One não era tanto assim, afinal, quando se fala em games. O PS4 não tem só uma GPU capaz de mais cálculos, falando assim não dá para entender direito... a verdade é que a GPU do PS4 é capaz de manter o dobro de alvos renderizáveis, pintar a cena e calcular objetos com pelo menos 33% mais eficiência e acelera melhor alguns recursos cruciais a nova geração, como a tesselação, além de esse poder garantir resoluções ou filtros AA bem mais elevados.

Por fim

Temos PS4>>Xbox One>>>>>>WiiU com focos diferentes, todos podendo entregar experiências descentes em games de variados tipos. Estando o PS4 como o mais capaz, moderno e dando melhor resultado técnico, o Xbox One como "central multimídia" focado em multiplicações e serviços além dos games, na casualidade de um Kinect e na facilidade do video sob demanda e o WiiU com games tecnicamente mais parecidos com os que temos hoje, e o conteúdo sem igual da Nintendo.

Três consoles, Três propostas, Três preços, um só gamer... você, que apesar da similaridade dos hardwares nunca teve opções de serviço tão distintas.

Anônimo
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