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O Vita está de parabéns mas haverá motivos para festejar?
O PS Vita saiu há precisamente um ano e o seu percurso tem sido marcado por altos e baixos. Vamos ver o que correu bem, o que correu mal e perceber o que a Sony precisa de fazer para melhorar a situação do seu novo portátil.
O que correu bem:
Jogos
Para um console que está apenas há um ano no mercado, o Vita já conta com um catálogo de jogos bastante sólido. É certo que a tão desejada killer app teima em não chegar mas não podemos dizer que bons jogos estejam em falta. Podemos encontrar no novo console da Sony inúmeros títulos de qualidade, tais como Gravity Rush, Uncharted: Golden Abyss, Rayman Origins, Street Fighter X Tekken, Metal Gear Solid HD Collection, Sound Shapes, Assassin's Creed: Liberation, Little Big Planet ou, muito em breve, Persona 4: The Golden.
Diversidade é coisas que não falta neste catálogo, mas existe um claro padrão que não podemos ignorar e que analisaremos mais à frente.
Playstation Plus
A chegada do Playstation Plus finalmente aconteceu e foi uma das melhores jogadas que a Sony podia ter feito. Uncharted: Golden Abyss e Gravity Rush, dois dos mais aclamados títulos do portátil, foram as primeiras "ofertas" e só por si justificam o preço da subscrição. Se no futuro esta tendência de lançar jogos de qualidade se mantiver, o Playstation Plus pode ser uma excelente alternativa à compra de jogos de retalho para as carteiras mais poupadas.
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Não são precisas muitas contas para perceber o quanto o Playstation Plus poupa aos jogadores. Este modelo de subscrição pode ser uma excelente alternativa à compra de jogos.
Bundles e promoções
As mais recentes promoções do PS Vita têm sido um sucesso. Por cá podemos encontrar temporariamente a versão com wi-fi ao preço de €199,99 ou €239,99 com um jogo incluído. Nos Estados Unidos esta campanha arrancou no famoso Black Friday e tornou o console bastante apetecível: $199 pela versão wi-fi com um cartão de memória e o jogo Assassin's Creed: Liberation ou Call of Duy Blacks Ops: Declassified.
Esta descida de preço é, provavelmente, uma experiência da Sony para ver como se safa o Vita com um desconto de $/€50 e os resultados comprovam que este desconto é tudo o que o console precisa para aumentar bastante as suas vendas. Se a Sony decidir manter este preço, não duvido que as vendas da Vita subam para a proporção de 1/4 das do 3DS.
O que correu mal:
Vendas
Apesar de um lançamento satisfatório no Japão, as vendas do Vita têm ficado muito abaixo das expectativas da Sony. Ao fim de um ano ainda está a lutar para quebrar a barreira dos 4 milhões de unidades vendidas em todo o mundo e na sua terra natal, o Japão, só ao fim de 42 semanas conseguiu atingir o seu primeiro milhão de unidades vendidas. Comparativamente, foram necessárias apenas 13 semanas para que o Nintendo 3DS atingisse tal feito. O PSP demorou 14 e o DS não precisou de mais de 4 semanas. A venda de software também não tem sido muito famoso: ainda nenhum título vendeu acima de 1 milhão de unidades.
O portátil não se está a safar particularmente bem em nenhum território mas a sua situação no Japão é, porventura, a mais preocupante. Tradicionalmente, o Japão é dominado pelas portáteis e aí o Vita enfrenta dois concorrentes de peso: - Nintendo 3DS, que semana após semana vende muito mais que o Vita - o PSP, o anterior console da Sony que se mantém resistente ao fim de todos estes anos e que continua a vender bem mais que a sua sucessora. Há quem defenda que tudo o que o Vita precisa para se safar no mercado nipónico é de um exclusivo de peso, nomeadamente um RPG, o género mais vendido no país. Na verdade, o maior pico de vendas que o console registrou este ano coincidiu com o lançamento do já mencionado Persona 4: The Golden. Acredito que mais lançamentos do mesmo género consigam repetir a proeza.
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Persona 4: The Golden é o remake de um dos melhore RPGs da geração anterior e o jogo melhor cotado no Metacritic em 2012.
No ocidente, as esperanças de catapultar as vendas da portátil têm recaído em versões de jogos popularizados por outras consolas, apesar do resultado ainda se encontrar muito aquém da qualidade do que podemos jogar em casa. As expectativas criadas para Call of Duty: Declassified foram as mais elevadas até agora. A série é responsável por vender milhões de consolas mas a sua estreia na Vita teve uma das piores reações do ano entre a crítica e isso refletiu-se nas vendas.
O mercado
As coisas mudaram muito desde que a Sony se aventurou no mercado dos portáteis com o PSP. O mundo ocidental atravessa uma das maiores crises económicas da história e, apesar da Nintendo continuar a ser a sua maior concorrente, seria ingénuo negligenciar a ascensão dos smartphones e tablets enquanto máquinas capazes de captar o interesse e a carteira dos jogadores.
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Não foi necessário muito tempo para que Smartphones e tablets conquistassem a grande fatia das receitas geradas por jogos portáteis.
No entanto, isto não significa que se vendam menos consoles portáteis; apenas que o número de pessoas a jogar em aparelhos portáteis explodiu. O sucesso do Nintendo 3DS é o reflexo disso mesmo: apesar dos milhões de aparelhos Android e iOS vendidos diariamente, o mais recente portátil da Nintendo continua a bater recordes de vendas, sendo o console que mais unidades vendeu em menor tempo da história. Isto significa que jogos casuais podem coexistir com experiências mais envolventes desde que exista interesse por parte dos jogadores.
Será que se o Vita fosse lançada com OS Android as coisas neste momento seriam diferentes? Muito provavelmente mas isso poderia canibalizar as vendas de software mais "tradicional" e afastar developers de renome, cujo modelo de negócio não passa pela venda de jogos entre €0.79 e €4.99, da plataforma. Teria sido uma jogada de risco e, na minha opinião, a Sony tomou uma boa decisão.
O preço
Quando foi anunciado, o mundo ficou eufórico com o preço do Vita. Pelo mesmo preço de um 3DS poderíamos ter nas mãos a portátil mais poderosa do mercado! O problema veio depois. Passado um mês, o 3DS sofreu uma redução de preço drástica e as suas vendas dispararam. PS3 e Xbox 360 também levaram cortes no preço e, de repente, o Vita passou de máquina acessível para uma pequena excentricidade.
Comparativamente, o Vita tornou-se demasiado caro para um console portátil. Se não olharmos para a promoção atualmente a decorrer, a versão mais barata situa-se nos €250, posição que a coloca €80 acima do preço base do 3DS, e até acima do preço a que normalmente encontramos um Playstation 3 ou Xbox 360. €250 é também o preço do Nexus 7, o popular tablet Android. Além do preço do console, temos de contabilizar o dos cartões de memória proprietários, obrigatórios em muitos jogos e com preços bem acima de outros com memória flash equivalente.
O Nintendo 3DS também esteve durante alguns meses ao preço de €250. As vendas foram frouxas e, com o anúncio do Vita, a Nintendo não se podia colocar na situação de vender hardware inferior a igual preço. Tomou a decisão de baixar drasticamente o preço do 3DS e as vendas do seu portátil dispararam. A Sony não aprendeu com os erros dos outros e, apesar das insistências, mantém o preço elevado e isso reflete-se nas vendas. Como disse acima, pode ser que a experiência da consola a €199,99 a faça mudar de ideias.
Jogos
Não, não é gralha. O catálogo do Vita é, ao mesmo tempo, um dos pontos altos e baixos da consola. Apesar dos inúmeros títulos bastante sólidos enumerados, uma boa porção deles são ports ou versões inferiores de jogos que podemos encontrar noutros consoles. Gravity Rush ou Sound Shapes são claras exceções que comprovam a regra.
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Sound Shapes é um dos títulos mais originais e aclamados da consola mas infelizmente é uma gota num oceano de adaptações.
É neste ponto que o 3DS mais se diferencia do consola da Sony. Claro que o portátil da Nintendo também tem a sua dose de ports mas a filosofia de criar conteúdo novo, mesmo com base em franchises estabelecidos, e adaptado à portabilidade do console foi o que mais diferenciou o DS do PSP e isso parece vir a repetir-se com o 3DS e o Vita. Tal como fez com o PSP, a Sony quer proporcionar aos jogadores experiências similares à que encontrariam no PS3 mas será que é isso que um jogador de portáteis procura? Alguns sim mas os números indicam que a esmagadora maioria procura experiências diferentes para alturas diferentes e a Sony não deve ignorar este facto.
O Vita ainda está à procura da sua killer app, um jogo que sozinho consiga vender consoles. Esse jogo não pode ser uma experiência facilmente reproduzível num console doméstico porque retiraria qualquer incentivo à compra de um Vita. Call of Duty Black Ops: Declassified acabou por não ser o que se esperava e agora as esperanças viram-se para Killzone, uma série bem menos popular mas capaz de convencer fãs da Sony.
Conclusões
O Vita é uma grande máquina. É uma pena que pouca gente a esteja a comprar.
A Nintendo está a ser bastante agressiva com o 3DS e vai continuar a fazer de tudo para garantir que a Vita nunca chega a conquistar uma quota de mercado saudável. Baixa o preço em momentos chave e conquista exclusivos de peso, como a série Monster Hunter. Além disso, faz muita publicidade a jogos importantes, tais como Mario Kart 7 ou New Super Mario Bros. 2, dando aos consumidores razões para adquirirem uma 3DS. A estratégia da Sony tem necessariamente de passar por tornar a consola mais acessível porque sem vendas ninguém vai desenvolver jogos para ela e sem jogos novos desaparece o interesse pelo console, criando-se um ciclo vicioso. É preciso quebrar esse ciclo e apostar em jogos que criem uma audiência no console. A publicidade não pode ser feita apenas no Natal para vender Call of Duty ou FIFA, jogos que praticamente a dispensam. Anúncios como este também não vendem consoles, podendo mesmo ter um aspeto negativo sobre consumidores que a poderiam comprar para oferecer a filhos menores.
Por esta altura não é realista esperar que o Vita atinja os números do 3DS mas se a Sony baixar o preço, comunicar os bons jogos e as boas características da console e não permitir que a Nintendo continue a fazer o que lhe apetece, o Vita ainda pode ter muita vida pela frente.
