Casa de Leilões pode gerar renda extra para jogadores em Diablo III
Recurso permitirá que jogadores vendam itens por dinheiro real.
Medida faz Blizzard evitar comércio paralelo, diz especialista.
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Adiada por duas vezes desde o lançamento de "Diablo III" no dia 15 de maio, a Casa de Leilões é um recurso que promete criar uma economia virtual dentro do game de RPG da Blizzard. Por meio dela, quem jogar pode fazer dinheiro vendendo armas e armaduras.
A proposta é que este sistema funcione da seguinte maneira: os itens encontrados durante a aventura podem ser vendidos em uma área específica, usando a moeda do game, chamada Gold (Ouro, para quem joga o game em português) ou dinheiro real - no Brasil, é possivel comprar e vender em dólares e reais. Além do PayPal, as transações usarão crédito do jogador na Battle.net, podendo ser trocado por itens especiais de "Diablo III" ou tempo de jogo em "World of Warcraft" ,e cartões de crédito .
A previsão mais recente da Blizzard é que a Casa de Leilões (veja como usá-la no final da reportagem) com dinheiro real entrará no ar na próxima terça-feira (29), permitindo que os jogadores mais dedicados da franquia possam ter uma renda extra com o comércio.
Enquanto o sistema de comércio não entra no ar, os jogadores podem comercializar seus itens usando Gold para comprar e vender os artefatos obtidos durante as missões do jogo com vendedores nas cidades.
Maior controle do que em 'Diablo II'
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Com a Casa de Leilões, a produtora tem a intenção de oficializar o comércio de itens que ocorria de forma paralela, em sites de leilões da web, por exemplo, em "Diablo II".
O game lançado em 2000 permitia partidas on-line e os jogadores tinham que vender os itens "pessoalmente" para o comprador.
Era um pouco trabalhoso e exigia confiança: após o acerto financeiro, era necessário que os personagens dos dois gamers estivessem na mesma partida e quem tivesse o item deveria largá-lo no chão (arrastando-o para fora do menu de inventário) para que o outro o pegasse.
A transação financeira sem uma proteção da Blizzard permitia que golpes virtuais fossem aplicados contra os gamers. Horus Albuquerque Correa, empresário da área de informática, conta que chegava a passar dois dias seguidos jogando o "Diablo II". Depois de quatro anos, vendeu todas suas armas e armaduras adquiridas no jogo por um total de R$ 890. No entanto, por conta das trapaças aplicadas por outros gamers, parou de jogar. "O grande motivo de eu ter parado de jogar foi o aumento de pessoas usando fraudes e o descaso da Blizzard em cuidar do jogo", diz.
Ele afirma que havia truques na internet para duplicar itens e roubar outros os personagens dos na hora de uma troca. "Meus personagens eram completos, com o melhor do que o jogo proporcionava, sem itens 'hackeados' nem 'clonados'. Nunca usei cheats [trapaças], porque acaba com a diversão do jogo. Então, minha conta e itens valiam muito", explica. "O pagamento era realizado por meio de depósito bancário, como qualquer compra on-line. Após o depósito, o item era passado para o jogador durante partida. Era uma relação de confiança", conta.
Para ele, a Casa de Leilões de "Diablo III" vai legalizar este mercado de compra e venda de itens virtuais do game. "É ótimo, resolve o problema do mercado negro e incentiva a galera a encontrar itens. Mas ainda existe a questão das fraudes: se a Blizzard deixar de controlar a segurança no jogo como aconteceu em 'Diablo II', vai banalizar e os itens hackeados estarão de volta, junto com o mercado negro".
O G1 entrou em contato com a Blizzard para falar sobre o funcionamento da Casa de Leilões, mas não havia um porta-voz disponível para comentar o assunto até a publicação da reportagem.
Taxas sobre comércio
O comércio de itens em "Diablo III", de acordo com a Blizzard, será controlado pelo jogador, que poderá definir os preços dos itens a serem vendidos. Mas, segundo Gilson Schwartz, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e de "Iconomia" (economia digital), a empresa é o "puppet master" (o mestre no controle) que irá definir se estes itens sáo mais poderosos e raros, elevando ou reduzindo o seu preço no mercado.
"Qual é a razão que fará com que os jogadores aceitem uma moeda dentro do game? A criação de uma comunidade. É isso que se precisa para criar uma moeda virtual ou real, um grupo que aceite esta moeda e que, no caso do jogo, confie na empresa que regula este mercado para fazer as transações", afirma. "A empresa , na busca para reduzir a competição paralela [de troca de itens], traz para dentro do game o que acontece fora dele. Teremos que ver qual será a preferência do jogador".
Em cada venda, os jogadores terão que pagar uma taxa para a Blizzard. Segundo a empresa, ela irá ficar com 15% do valor das transações em itens como gemas preciosas. Armaduras e armas, por exemplo, serão taxadas por R$ 1,80 cada quando o item for negociado. No caso de resgatar o dinheiro "de verdade", o PayPal cobrará mais 15% em cima do valor negociado pelo item de jogo.
"Você vai em uma casa de câmbio para comprar dólar, precisa pagar uma taxa", explica Schwartz. "A liberdade do jogador neste mercado virtual é relativa".
Ele argumenta, dizendo que a dona do game tem a liberdade de manipular a economia de um jogo. Para ele, é preciso saber se haverá transparência nos negócios, já que "pode haver agentes infiltrados para garantir as regras do jogo monetário". "[Para a empresa] interessa que os jogadores possam enriquecer com o game. Ele vira uma espécie de sócio da empresa. Isso estimula ter mais gente vendendo. O jogador acha que está livre, mas ele está sendo controlado e acaba sendo um controlador de outros gamers".
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Cibercriminosos podem estar de olho
Além de fraudes realizadas pelos próprios jogadores, a Blizzard também precisará dar atenção aos criminosos virtuais. O primeiro vírus destinado ao desvio de contas em jogos on-line foi encontrado em 1997 e tinha como alvo o jogo "Ultima Online". Desde então, muitas pragas do gênero tem sido encontradas. A maioria é de origem chinesa e tenta capturar contas de jogos sul-coreanos, seja para vender os itens do jogador – exatamente a proposta da Casa de Leilões – ou para sequestrar um personagem e exigir o pagamento de "resgate" para o dono da conta.
O especialista em ameaças a jogos on-line da Kaspersky Lab, Christian Funk, afirma que jogos do gênero do "Diablo III" são os mais ameaçados, porque roubar uma conta – com os itens que ela possui – significa ganhar dinheiro de verdade. No entanto, a Casa de Leilões deve melhorar a situação.
"Há melhor segurança para os compradores, porque nenhuma plataforma potencialmente insegura precisa ser usada. As transações eram baseadas somente em confiança, porque o vendedor tinha que fornecer as credenciais de login, personagens ou itens. A Casa de Leilões tem um modelo de confiança", explica Funk.
Como um local centralizado para as compras e vendas, a Casa de Leilões também permitirá que a Blizzard monitore a atividade do mercado e identifique os golpistas que estejam comercializando itens roubados, diz o especialista.
Funk também alerta para os golpes envolvendo "Diablo III" – que já começaram em setembro de 2011 – e para o comportamento inseguro de alguns gamers, que não instalam antivírus com medo de perder desempenho nos jogos.
"Criar uma casa de leilões envolvendo dinheiro real abre novas possibilidades para os criminosos digitais. Por isso, a dúvida não é se eles vão se juntar ao jogo ou não, mas quando", diz Funk. "No fim, vai depender do que os usuários farão com a nova plataforma. Os criminosos vão tentar se adaptar".
Saiba como usar a casa de leilões de 'Diablo III'
1 - No menu principal, clique na opção 'Casa de Leilões', localizada na esquerda da tela.
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2 - Ao clicar na área 'Busca', o jogador pode selecionar 'Equipamentos' como armas e armaduras, 'Gemas', 'Criação e Tinturas' e 'Páginas e Desenhos' para poder encontrar os itens que deseja comprar. Ao selecionar o item, por exemplo, é possível comparar o item que se deseja adquirir com o que está sendo usado pelo personagem.
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3 - Na seção 'Vender', o jogador pode selecionar itens que estão no baú pessoal, sendo usados ou carregados pelo personagem para colocar em leilão. É possível definir qualquer valor para o lance inicial desde que seja acima de 100 Gold e até colocar um valor de arremate.
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4 - Em 'Leilões', o jogador pode ver os itens que está vendendo, se eles têm algum lance, ou os itens em que está particinando de lances, podendo ver se está ganhando ou perdendo.
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5 - Na opção 'Completadas', é possível ver quais as vendas que foram encerradas que o jogador participou.
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